quinta-feira, 29 de julho de 2010

ENCONTRADAS EVIDÊNCIAS DO TERREMOTO CITADO NO LIVRO DO PROFETA AMÓS

O terremoto descrito por Amós (Am 1,1) parece ter deixado evidências arqueológicas num templo filisteu em Gath. O arqueólogo Aren Maeir tem feito escavações na região e encontrou um muro de 20 metros de comprimento que parece ter sido movido lateralmente por cerca de 2 metros. No Blog de Aren Maeir consta o seguinte (a tradução é do Numinosum):
“Depois de discutir isso com os sismólogos foi acordado que este fato poderia ter sido causado apenas por um terremoto, provavelmente um bem forte (cerca de 8 graus na escala Richter). Com base na datação o evento pode ser situado para o início ou meados do século oitavo. Essas evidências podem ser, muito provavelmente, do terremoto mencionado em Amós 1,1 (e talvez também em Isaías 6,4).”
Os dois textos bíblicos citados por Maeir são os seguintes:
"As palavras de Amós, que estava entre os pastores de Tecoa, o que ele viu a respeito de Israel, nos dias de Uzias, rei de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel, dois anos antes do terremoto" (Am 1,1).
“E as bases dos limiares moveram-se à voz do que clamava, e a casa se enchia de fumaça” (Is 6,4).
Para visitar o Blog de Aren Maeir e ler o texto completo (com fotos em alta resolução), clique aqui.

A notícia também foi divulgada no The Jerusalem Post e no Maariv.

Imagem: Maariv (em destaque as bases de duas colunas do templo filisteu)

BEDUÍNOS EXPULSOS DE ALDEIA NO SUL DE ISRAEL

Desde que a ONU reconheceu o Estado de Israel, em 1948, pessoas que viviam por décadas em determinadas regiões foram consideradas invasoras. A CNN divulgou que ontem Israel  demoliu 200 casas de beduínos que vivem no sul do país. Segundo a agência de notícias a demolição foi uma resposta a uma ordem judicial. A tradução da matéria (que foi editada) é do Numinosum:
A polícia expulsou 200 beduínos de suas casas em uma vila do sul de Israel nesta terça-feira e demoliu suas moradias. A denúncia foi feita por moradores que disseram que a terra  já era habitada por seus ancestrais.
A ação correu cinco quilômetros ao norte de Beer Sheva, em uma aldeia chamada Al-Araqeeb, um enclave que não é reconhecido pelo Estado de Israel.
Testemunhas disseram à CNN que as forças israelenses chegaram à aldeia acompanhadas por ônibus cheios de civis [...]. Eles disseram que os policiais chegaram armados com gás lacrimogêneo, canhões de água, dois helicópteros e escavadeiras.
Mas o porta-voz da polícia israelense, Micky Rosenfeld disse que não houve perturbações e a operação correu conforme o planejado.
Ele disse que a medida foi uma resposta a uma ordem judicial e que as pessoas se estabeleceram ali ilegalmente. Rosenfeld disse que cerca de 30 barracas e 200 pessoas foram removidas.
Os moradores disseram que vivem na região desde a época do império Otomano, antes da fundação do estado de Israel.
Depois que as forças israelenses deixaram o local, alguns moradores começaram imediatamente a reconstruir as suas habitações.
"O Estado de Israel está nos tratando como baratas", disse Sulaiman Abu Mdian, 29, pai de quatro filhos, que trabalha como criador de galinhas.
Beduínos são árabes que vivem nas regiões desérticas do Oriente Médio. Alguns são nômades e outros são sedentários.
Para ler a matéria completa clique aqui.

Imagem: CNN

terça-feira, 27 de julho de 2010

CUNEIFORME DO SEGUNDO MILÊNIO A.C. ENCONTRADO EM ISRAEL

Fragmentos de um código de leis semelhante ao Código de Hamurabi, datados do século XVII – XVIII, foram encontrados em Hazor, Israel. Algumas palavras traduzidas como “escravo” e “dente” parecem refletir as leis bíblicas do tipo “olho por olho, dente por dente”. Esse tipo de lei, chamado de lei de talião estava presente no Código de Hamurabi (séc. XVIII a.C.) e foi adotado mais tarde pelos israelitas (cf. Ex 21,24).

Vale lembrar que os israelitas só chegaram na Palestina por volta do século XIII. O código encontrado em Hazor, era obviamente empregado por grupos que viviam na terra antes da chegada dos israelitas, chamados genericamente de cananeus.

Você pode ler mais sobre o assunto aqui e aqui. 

quinta-feira, 22 de julho de 2010

POLUIÇÃO NO JORDÃO COMPROMETE BATISMOS

Publiquei em maio deste ano aqui no Numinosum uma notícia divulgada pelo The Jerusalém Post dizendo que o Rio Jordão corria risco de secar em 2011. O jornal também alertava para o problema da poluição do rio.

Hoje o JPost publicou uma nova notícia sobre o Jordão. Transcrevo abaixo trecho da matéria:
O local onde a tradição diz que Jesus foi batizado corre o risco de ser declarada fora dos limites de peregrinos por causa da poluição no rio Jordão. [...]  O riacho [...] enche-se de esgoto ao passar nas proximidades de Jericó. Os responsáveis pela Saúde em Israel estão considerando a possibilidade de colocação de sinais de alerta: ‘água poluída. Entrada Proibida’.”

SERES HUMANOS E DINOSSAUROS COEXISTIRAM?



Grupos fundamentalistas cristãos, também conhecidos como literalistas bíblicos, defendem que a terra tem apenas 6.000 anos de existência. Eles chegaram a essa conclusão por meio da soma das idades dos patriarcas descrita no capítulo 5 do livro bíblico de Gênesis. O primeiro a apresentar esse cálculo foi o arcebispo Usher, em 1650.

Mas os adeptos da “teoria da terra jovem” se depararam com um grande problema: como explicar os dinossauros, já que a ciência afirma que eles viveram algumas dezenas de milhões de anos antes dos seres humanos?

Recentemente um site fundamentalista apresentou o que seria uma evidência da coexistência dos dinossauros com os seres humanos. Tal evidência provaria que os dinossauros não viveram numa época tão remota como dizem os cientistas. O site divulgou imagens de dinossauros de argila encontrados na cidade de Acambaro, México, datados de 2.500 anos a.C.! Seriam essas imagens feitas por pessoas que viveram ao lado dessas monstruosas e fantásticas criaturas?

O PaleoBabble, site especializado em desmascarar descobertas arqueológicas fraudulentas,  apresentou relatórios de arqueólogos que investigaram o caso. Segue abaixo trecho  de um relatório feito por Alex Pezzati:
“Em 1952, Charles DiPeso (ou Di Peso), um arqueólogo afiliado à Fundação Ameríndia do Arizona, visitou Acambaro e [...] observou duas escavadeiras no local onde foram encontradas as peças. Ele concluiu que as figuras eram realmente falsificações: [...] a estratigrafia da escavação claramente mostrou que os artefatos foram colocados em um buraco escavado recentemente e preenchido com uma mistura das camadas arqueológicas ao redor. DiPeso descobriu também que uma família local tinha sido contratada para confeccionar as  figuras [...] presumivelmente inspiradas nos filmes mostrados no cinema de Acambaro.”
 Você pode ler os relatórios (em inglês - PDF) clicando aqui, aqui e aqui.

Para ler mais sobre o fundamentalismo cristão aqui no Numinosum, clique aqui.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

PERGAMINHOS DE QUMRAN FORAM FEITOS COM MATERIAL DA PRÓPRIA REGIÃO, AFIRMA ESTUDO.

Os Pergaminhos do Mar Morto, uma coleção de cerca de 900 documentos altamente fragmentados, são considerados uma das maiores descobertas arqueológicas do século 20. Eles contém os mais antigos registros do Antigo Testamento e tem quase 2.300 anos de idade. Além dos textos bíblicos, os manuscritos contém material apócrifo e escritos sectários, que datam entre 100-200 a.C a 70 d.C.

Giuseppe Pappalardo, físico do INFN, analisou fragmentos do manuscrito usando uma nova técnica criada por ele chamada "XPIXE" (X-ray and Particle Induced X-ray emission) e um acelerador de partículas. Os testes demonstram que os manuscritos foram confeccionados no local.
"Basicamente, estamos concentrados na água. Como a maioria dos outros pergaminhos, o Rolo do Templo era feito de pele animal, que para ser produzido passava por uma intensa lavagem. Nosso objetivo foi comparar e eventualmente encontrar uma correspondência entre a composição química do pergaminho e peculiares químicas da água da área em que o pergaminho foi encontrado", disse Pappalardo à Discovery News.
Os testes de raios-X mostraram que todos os fragmentos continham cloro numa proporção que era aproximadamente três vezes maior do que normalmente é encontrado em água do mar. Os pesquisadores concluíram as águas do Mar Morto podem ter sido utilizadas no processo de confecção dos manuscritos.
"Nosso estudo centrou-se sobre o pergaminho, nós ainda não sabemos onde o livro foi escrito. Estamos planejando agora a analisar a tinta", disse Pappalardo.
De acordo com Ira Rabin, um cientista do Instituto Federal para Investigação de Materiais, em Berlim, Alemanha, a tecnologia italiana é importante, mas deve ser usada em combinação com outras técnicas, que são necessárias para validar as suposições feitas pelo método experimental.

terça-feira, 20 de julho de 2010

MULHER É PRESA EM JERUSALÉM POR ORAR NO MURO DAS LAMENTAÇÕES

Na semana passada Anat Hoffman, líder de um grupo de mulheres de oração, foi presa após tentar ler a Torá no Muro das Lamentações. Segundo o Haaretz sua iniciativa representa uma violação de uma decisão Supremo Tribunal.

E depois dizem que os palestinos é que são intolerantes e extremistas.

Clique aqui e leia a matéria completa.

Imagem: Anat Hoffman sendo presa com um rola da Torá. 

segunda-feira, 19 de julho de 2010

METADE DOS ISRAELENSES QUER A RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO EM JERUSALÉM



De acordo com uma pesquisa feita pelo canal de televisão Knesset Channel e divulgada pelo jornal israelense Arutz Sheva (18-07-10), 49% dos israelenses querem a reconstrução do templo sagrado. Caso  a reconstrução envolva medidas ativas de Israel, já que atualmente as mesquitas de Al-Aqsa e Al-Sakhrah ocupam o terreno do antigo templo, apenas 27% disseram sim.


De acordo com a Bíblia, o templo de Jerusalém foi construído por Salomão, no século X a.C. Em 586 a.C. foi destruído pelos babilônios e reconstruído por volta do ano 400 pelo sacerdote Esdras e pelo leigo Neemias. Herodes, o grande, fez reformas e ampliações no templo, que foi novamente destruído pelos romanos no ano 70 d.C. Desde então o que resta do antigo templo é uma muralha, conhecida como “Muro das Lamentações”. 

quinta-feira, 15 de julho de 2010

REFLEXÕES SOBRE O TABLET DE OFEL

Foi noticiada aqui no Numinosum a descoberta de um fragmento escrito em acádio antigo na cidade de Jerusalém. Na divulgação inicial foi dito que a inscrição era provavelmente uma carta do rei de Jerusalém Abdi-Heba, à Akkenathon, rei do Egito.

Christopher Rollston contesta várias afirmações que foram feitas após a divulgação do achado. Ele apresenta oito argumentos:

1) Não há nomes de pessoas no fragmento; 2) Não há títulos (como, por exemplo, rei); 3) Não há nome de lugares; 4) não há nenhuma evidência concreta de que seja uma correspondência internacional; 5) Não há nada que indique ligação do fragmento com as cartas de Amarna; 6) O horizonte cronológico não pode ser determinado com base no contexto arqueológico; 7) Não há nenhuma evidência de que o documento seja uma cópia de outro documento; 8) O fragmento foi retirado do seu contexto arqueológico ao ser peneirado dificultando a postulação de um contexto histórico preciso.

HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DAS LÍNGUAS: PROTO-SINAÍTICO, FENÍCIO, HEBRAICO ANTIGO E HEBRAICO QUADRÁTICO.

O ancientscripts.com pretende ser “um compêndio mundial dos sistemas de escrita desde pré-história até os dias de hoje”. O site disponibiliza uma breve história da formação da língua e apresenta ótimas imagens das suas letras (ou pictogamas). É bem legal comparar, por exemplo, as semelhanças entre o proto-sinaítico, fenício e hebraico antigo.

Imagem: Antiga inscrição hebraica em cerâmica, 900 a.C.

Para conferir, clique aqui.

ÁUDIO DE PALAVRAS EM HEBRAICO ON LINE

Se você é estudante de hebraico mas tem dificuldade em distinguir entre os sons do het e resh ou kaf e khaf, certamente poderá encontrar uma boa ajuda no linguageguide.org. O site disponibiliza a vocalização de algumas palavras em vários idiomas e um deles é o hebraico.

É tudo muito prático. Primeiro você escolhe um tema, como, por exemplo, “o corpo”. Em seguida aparecerão imagens do corpo humano com inscrição em hebraico (sem os sinais massoréticos). Espere uns cinco segundos até o som ser carregado e passe o mouse sobre a imagem. Pronto, um locutor faz a pronúncia correta da palavra.

Uma dica é procurar por aquela letra cuja pronúncia nenhuma gramática foi capaz de explicar.
Não é fantástico?

Para acessar a página de hebraico, clique aqui.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

ILUSTRAÇÕES DO NOVO E ANTIGO TESTAMENTO PARA BAIXAR

Descobri um site que disponibiliza gratuitamente ilustrações (com resolução até 800x600 - acima disso são vendidas)  do Antigo e Novo Testamento feitas por Balage Balogh. As ilustrações de Balogh foram publicadas na revista National Geographic (edição em hebraico) e expostas no Museu de Israel. Elas também são exibidas permanentemente no Departamento de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém.

O site será muito útil  para quem dá palestras ou aulas sobre Antigo e Novo Testamento. Pregadores também encontrarão no site uma ótima fonte de imagens.

Para acessar o site, clique aqui.

Imagem: Cafarnaum  no tempo de Jesus, por Balage Balogh.

terça-feira, 13 de julho de 2010

INSCRIÇÃO DO SÉCULO XIV EM ACÁDIO ANTIGO ENCONTRADO EM JERUSALÉM

Por Jones Mendonça

Foi noticiado ontem pelo The Jerusalém Post a descoberta do mais antigo documento já encontrado em Jerusalém. Segundo alguns estudiosos trata-se de um pequeno fragmento de uma carta escrita à Akhenaton, um faraó que governou o Egito durante o século XIV a.C. Cartas entre os líderes cananeus e o Egito eram comuns na época e ficaram conhecidas como Cartas de Amarna.

Para que o leitor compreenda bem o significado desse achado é preciso ter em mente que a data provável da chegada dos hebreus à Palestina é o século XIII a.C., ou seja, esse documento foi escrito numa época em que Jerusalém (antiga Jebus) ainda era habitada pelos cananeus. É por isso que Eilat Mazar, a responsável pelas escavações diz isso:
“A descoberta comprova a importância de Jerusalém como uma cidade importante no Bronze Final, muito antes de sua conquista pelo rei Davi.”
O documento foi escrito em cuneiforme antigo, um idioma que precedeu o hebraico em alguns séculos. O texto mais antigo conhecido anteriormente encontrado em Jerusalém foi uma inscrição no túnel de água Siloé (séc. VIII a.C.) comemorando sua conclusão.

A Paleojudaica minimizou o valor dado pela imprensa ao achado. Apesar de reconhecerem o valor do documento, os editores do site, especializados em judaísmo antigo, dizem que:
“Embora este fragmento seja o mais antigo texto descoberto em Jerusalém, temos outros textos da mesma idade a partir de Jerusalém que foram encontrados no Egito entre as cartas de Amarna. As seis cartas em acádio de Abdi-Heba [rei de Jerusalém antes da chegada dos hebreus] ao Faraó do Egito também data do século XIV a.C. Então, essa descoberta não nos diz muita coisa além do que já sabemos, mas é realmente emocionante encontrar um tablete de escrita cuneiforme em Jerusalém, mesmo que seja apenas uma pequena peça cujo texto não possui qualquer sentido.”
Quem acompanha o trabalho dos arqueólogos em Israel sabe da tensão existente entre os que pretendem provar a importância de Jerusalém antes do século X e os que dizem que isso só ocorreu após o século X. O primeiro grupo defende que o reino de Davi foi exuberante como diz a Bíblia. O segundo grupo, ao contrário, defende que Davi foi um mero líder tribal. Eilat Mazar, a arqueóloga responsável pelas escavações, pertence ao primeiro grupo.

Para ler mais sobre a arqueóloga Eilat Mazar, clique aqui, aqui e aqui.

Para ler sobre a descoberta do mais antigo documento em hebraico antigo encontrado em Jerusalém, clique aqui:

domingo, 11 de julho de 2010

ALEMANHA 1940 ISRAEL 2009-2010

Sei que tenho sido repetitivo postando matérias ligadas à calamitosa situação vivida pelos habitantes de Gaza. Mas não dá pra ficar calado diante dos acontecimentos dos últimos anos. Os evangélicos que apóiam Israel incondicionalmente deveriam refletir um pouquinho sobre  a história da ocupação da Palestina pelos judeus. Não classifico o conflito como disputa entre judeus e palestinos, mas entre opressores e oprimidos. Algumas vezes os opressores são os próprios membros do Hamas, grupo terrorista palestino. Em outras situações a perversidade vem de judeus ultra-ortodoxos ou de grupos não religiosos racistas. 

O desertpeace publicou uma série de fotos comparando a Alemanha nazista com a Gaza dos últimos anos. Não tive coragem de postar as que continham imagens de crianças mortas. Para ver a relação completa de fotos, clique aqui. Segue abaixo uma seleção feita pelo Numinosum:










quarta-feira, 7 de julho de 2010

MOEDA DO SÉCULO II ENCONTRADA EM BETSAIDA

Uma moeda de ouro pesando 7 gramas e contendo a imagem do imperador Antonio Pio (138-161 d.C.)  foi encontrada em Betsaida, nas proximidades do Mar da Galiléia. A moeda foi encontrada pela equipe do Dr Rami Arav, diretor de escavações e pesquisas na Universidade de Nebraska. A moeda, que contém 97,6% de ouro, terá como destino provável o museu de Israel, em Jerusalém.

 A notícia completa pode  ser lida aqui.

LAODICÉIA E SUAS ÁGUAS MORNAS

São muito comuns sermões baseados em Ap 3,15-16. O texto faz parte de uma carta destinada à cidade de Laodicéia, condenada por sua “fé morna”:
Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente!  Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca.
A interpretação popular que se faz do texto é a seguinte: “É melhor ser um cristão frio do que morno”. Nunca concordei com essa interpretação. Há alguns anos, “incucado” com o texto, resolvi buscar uma interpretação mais plausível. Um comentário bíblico (não me lembro qual) explicava que Laodicéia não possuía águas termais, quentes e úteis para o banho (como sua vizinha Hierápolis) ou água fria, útil para beber (como Colossos), mas uma água morna e salobra. Estaria aí a explicação para a metáfora empregada pelo autor do livro do Apocalipse.   A interpretação do texto serial algo como: é melhor ser quente ou frio (ou seja, útil) do que ser morno (ou seja, inútil).  Mas seria essa informação confiável?

Leon Mauldin publicou em seu Blog fotos de tubulações de Laodicéia entupidas pelos detritos contidos na água. Ele diz que a cidade era rica, mas possuía uma água morna e suja. Abaixo você vê tubulações de Laodicéia obstruídas por causa da péssima qualidade da água. As fotos são de Leon Mauldin:


Você pode conferir muitas outras fotos aqui.

ASPAS, ANTES OU DEPOIS DO PONTO?

Como faço muitas citações no meu Blog resolvi verificar se tenho usado corretamente as aspas. Uma dúvida comum é: elas devem ficar antes ou depois do ponto? Vejamos o que dizem Dad Squarisi e Arlete Salvador[1]:
Se o período começa e termina com aspas, o ponto vai dentro da duplinha:
“Não existe crime organizado. Existe polícia desorganizada.” A afirmação é de Millôr Fernandes.
Se o período começa antes da citação, o ponto é intruso. Fica de fora:
Ninguém acredita na desculpa de que “parafuso frouxo detonou o apagão”.
Pontos de interrogação ou exclamação que integram a frase citada ficam dentro das aspas:
Uma pergunta deve orientar os redatores: “O que penso com meu texto?”
Denise Arend e Valter Kuchenbecker lembram que caso seja indicada no final de uma citação a obra de onde ela foi tirada, o ponto fica fora das aspas[2]. As Normas para Publicação da UNESP[3] concordam com Squarisi, Salavador, Arend e  Kuchenbecker e apresentam três exemplos que na minha opinião encerram o assunto:
Se a citação inicia o período, as aspas fecham depois do ponto final:
“Sua geração tinha um relacionamento... campos da academia.”
Se a citação não inicia período, as aspas fecham antes da pontuação:
Sua geração “tinha um relacionamento... campos da academia”.
Caso haja referência bibliográfica, o ponto vem depois dela, em qualquer dos casos acima mencionados:
“Sua geração tinha um relacionamento... campos da academia” (Costa, 1993, p.4).
Prometo me esforçar para cumprir essas regrinhas. Por respeito ao leitor e à língua portuguesa.

Notas:
[1] SQUARISI, Dad; SALVADOR, Arlete. Escrever melhor: guia para passar os textos a limpo. São Paulo: Contexto, 2008, p.81
[2] AREND, Denise; KUCHENBECKER, Valter. Como editar um livro. Canoas: Ed. ULBRA, 2004. p. 40.
[3] Normas para publicações da UNESP/Coordenadoria Geral de Bibliotecas e Editora UNESP. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1994, p.21.

Imagem: Capa do livro “Escrever melhor”, de Dad Squarisi e Arlete Salvador. 

segunda-feira, 5 de julho de 2010

ISRAELENSES PRÓ-GAZA: “LIBERTEM TODOS OS GUETOS”.

Na semana passada um grupo de ativistas israelenses de esquerda pixou sobre as ruínas de um muro do Gueto de Varsóvia uma mensagem de protesto contra o cerco à Gaza. Seguem alguns trechos da reportagem feita por Anshel Pfeffer, do Haaretz (05-jul-2010). A tradução e os negritos foram feitos pelo Numinosum:
“Na semana passada [...] um grupo de israelenses, palestinos e ativistas poloneses [reuniu-se] em uma manifestação perto das ruínas do Gueto de Varsóvia. Em uma das paredes foi pixada a inscrição: 'Libertem todos os guetos' em hebraico e 'Libertem Gaza e Palestina', em Inglês".
O mais surpreendente nessa história é saber que dentre os manifestastes estava um israelense ex-membro das Forças de Defesa de Israel. Segundo o jornal:
“Um dos ativistas [é] Yonatan Shapira, um piloto da Força Aérea de Israel, autor de [...] uma declaração feita em 2003, assinada por 27 pilotos israelenses que publicamente se recusaram a voar em missões sobre os territórios palestinos. Shapira foi posteriormente afastado do dever de reserva e também perdeu seu emprego como piloto comercial”.
Criticado por muitos israelenses por comparar o cerco à Gaza com a perseguição nazista, Shapira se defendeu dizendo o seguinte:
Eu não estou dizendo que há uma comparação com a monstruosidade dos campos de extermínio nazistas, mas estou dizendo que devemos falar sobre o silêncio em Israel e no mundo quando as pessoas estão confinadas em um espaço-gueto”.
 Durante o protesto da semana passada, Shapira explicou o motivo da sua indignação:
“A maioria da minha família veio da Polônia e muitos de meus parentes morreram em campos de concentração durante o Holocausto. Quando ando no que restou do Gueto de Varsóvia, não consigo parar de pensar no povo de Gaza que não é apenas trancado em uma prisão a céu aberto, mas também está sendo bombardeado por aviões de combate, helicópteros e aviões pilotados por pessoas com quem eu costumava servir com minha recusa, antes, em 2003”.
Para ler a reportagem na íntegra clique aqui.

Imagem 01: Yonatan Shapira
Imagem 02: Muro pixado pelos ativistas

LINGUISTA ISRAELENSE TENTA APAGAR PASSADO ÁRABE DE JERUSALÉM

O Haaretz publicou uma matéria criticando a iniciativa do lingüista israelense Avshalom Kor que tenta provar que os árabes de Jerusalém não possuem identidade lingüística e territorial com Jerusalém. De acordo com o jornal israelense ele “faz declarações indevidas”, deixando claro que não tem como objetivo investigar a verdade científica, mas “usar seu conhecimento como alavanca para alegações ideológicas”.
“Em minha pesquisa descobri que alguns dos nomes de lugares em árabe [...] são explicados por uma origem hebraica”, diz Kor.
Dahamshe Amar, autora da matéria, diz que ao contrário do que defende Kor, o país é rico em tradições etnolinguísticas e religiosas, sendo possível identificar influências dos cananeus, hebreus, bizantinos, árabes e outros povos.

Como se não bastasse negar o passado multicultural de Israel, Kor apresentou um projeto que prevê a indicação de nomes hebraicos às estações de metrô que levam nomes árabes. Dahamshe Amar classifica o plano de Kor como “ganância ideológica”, já que tenta provar que o passado de Jerusalém é exclusivamente judeu.