terça-feira, 25 de dezembro de 2012

UMA PEDRA OU UM PATO?

Paisagem com patos (detalhe),
de Jakab Bogdány
Digo que o objeto é uma pedra. Ele diz que é um pato. Explico que aquela coisa não emite sons, não tem penas, nem bico, nem asas. Não parece um pato. Então o sujeito cita um especialista: - De acordo com o Dr. Eurich Wünder, o maior especialista em patos de todos os tempos, alguns patos podem se parecer com pedras, ainda que nenhum tenha sido encontrado até hoje.

Acha que com tal argumento foi capaz de provar que aquele objeto imóvel, duro e pesando meia tonelada é um pato. De gente assim o mundo está cheio.


Jones F. Mendonça

PARA COMPREENDER OS EVANGELHOS [LIVROS]


Como estou de férias no STBC tenho aproveitado meu tempo para reler e arrumar alguns livros que fui adquirindo ao longo dos anos.  Pensei que seria uma ótima oportunidade para indicar algumas obras que considero essenciais para a compreensão do Antigo Testamento, do Novo Testamento e do cristianismo primitivo. Hoje farei alguns comentários a respeito de duas obras:
JEREMIAS, Joachim. Jerusalém no tempo de Jesus: pesquisa de história econômico-social no período neotestamentário. São Paulo: Paulus, 1983, 518 páginas.


SAULNIER, Christian; ROLLAND, Bernard. A Palestina no tempo de Jesus. São Paulo: Edições Paulinas, 1983, 98 páginas.
O alemão Joachim Jeremias, autor do primeiro livro, escreveu outras duas famosas obras: “As parábolas de Jesus” e “Teologia do Novo Testamento”. Em “Jerusalém no tempo de Jesus”, o autor faz uma minuciosa investigação na tentativa de reconstruir a Jerusalém no primeiro terço do primeiro século. Dentre os vários temas abordados no livro estão: profissões, comércio, movimento de estrangeiros, classes sociais, direitos, etc. Um tema particularmente interessante da obra é o dedicado às classes sociais e ao papel que cada indivíduo desempenhava na sociedade da época: escravos, mulheres, publicanos, anciãos, fariseus, saduceus, sacerdotes, escribas, etc. As informações prestadas ao leitor vêm acompanhadas de fontes documentais antigas e comentários (algumas notas chegam a tomar metade da página). Regras de conduta em relação às mulheres ainda em uso hoje por judeus ortodoxos são mais bem compreendidas quando lemos o conselho dado por Yose ben Yhanan (cerca de 150 a.C.): “Não converse muito com uma mulher [isso vale] no caso da tua mulher e mais ainda em relação à mulher do próximo”(p. 474). 

O segundo livro consiste numa espécie de versão resumida da primeira obra (Joachim Jeremias é inclusive citado). Se por um lado o livro perde para o primeiro na quantidade de documentos apresentados no rodapé, ganha por conter gráficos, mapas, plantas, e assuntos chave que despertarão maior interesse dois leitores que estão em busca de informações mais essenciais. Na página 80 há um quadro contendo sete espécies de fariseus citadas no Talmude (os fariseus faziam chacota de si mesmo). O legalismo e a hipocrisia, comportamentos tão criticados pelo Jesus dos Evangelhos, mostra-se evidente em pelo menos cinco dos sete tipos de fariseus. São eles: “de costa larga” (escrevem suas boas ações nas costas), “vagarosos” (retardam o salário dos empregados em nome de um preceito urgente), “calculadores” (acumulam méritos a fim de pagar pecados cometidos), “econômicos” (buscam acumular méritos com pequenas boas ações), “escrupulosos” (buscam com afinco os pecados ocultos a fim de compensá-los com boas ações), e finalmente os “do amor”, que agem como Abraão.

Tenho as duas obras em papel, mas não é difícil encontrá-las digitalizadas em sites como o 4shared, esnips, calameo, etc. 

Jones F. Mendonça

domingo, 23 de dezembro de 2012

A RELIGIÃO E AS MULHERES

O Irã era uma monarquia autocrática até o final da década de 70. Os EUA e a Inglaterra apoiavam o atual líder do país, o xá Mohammad Reza Pahlevi. Em 79 veio a Revolução iraniana e o país se transformou numa República islâmica comandada pelo Aiatolá Khomeini. O Irã mergulhou nas trevas. As mulheres, como sempre, foram as maiores vítimas do governo autoritário comandado pelos ulemás. Em "Persépolis" Marjane Satrapi, ainda menina quando eclodiu a revolução,  conta sua história. Abaixo uma tirinha:


O problema, com na maioria das vezes, está nos olhos...


Jones F. Mendonça

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

GNOSTICISMO, TEILHARD DE CHARDIN E LITERATURA BRASILEIRA

Os Evangelhos gnósticos, 
de Elaine Pagels

Fala-se aqui e ali a respeito do que teria sido gnosticismo. Para uns, os gnósticos foram ascetas. Para outros, amantes da vida. Para uns eles defendiam a abstenção sexual. Para outros o prazer carnal. Há quem pense que o movimento foi uma heresia cristã. Outros entendem que foi um cristianismo mais autêntico. Geralmente se diz que o dualismo radical é uma de suas características fundamentais. Mas de acordo como Elaine Pagels a corrente gnóstica mais influente, o valentianismo, difere essencialmente do dualismo (dualistas seriam os gnósticicos sethinianos). Ora, não havia apenas um gnosticismo como também não havia (e não há até hoje) um só cristianismo. É preciso analisar os escritos gnósticos com cautela a fim de evitar simplificações. Muito do que foi escrito sobre o gnosticismo veio de seus opositores. A coisa não é tão simples como parece.

Em linhas gerais o movimento gnóstico defendia que o mundo foi criado por um deus menor, maligno, chamado de Demiurgo (artesão, em grego). Daí viria a rejeição pela matéria, obra desse deus mau. Libertar-se do corpo seria a maior meta do gnóstico. Livre desse “corpo de morte”, a alma poderia ascender até Deus e unir-se a Ele. Uma acentuada distinção entre o mundo terreno e o supra-terreno parece ser uma conseqüência óbvia dentro desse movimento. Agora veja só. O livro gnóstico de Tomé (também conhecido como “os ditos de Jesus”) anuncia que Deus não está distante dos homens. O lógion 77 declara que Ele pode estar tanto debaixo de uma pedra como dentro de uma madeira rachada pelo homem. O texto parece refletir a crença numa espécie de panteísmo (Deus e o universo se confundem) ou panenteísmo (o universo está contido em Deus), doutrina aparentemente incompatível com o dualismo maniqueísta que alguns afirmam ser doutrina fundamental para os gnósticos. O autor do livro de Tomé tem crenças muito parecidas com a de Valentino. No gnosticismo de Valentino a criação imperfeita não provém de uma falha moral do Demiurgo, mas de sua inferioridade em relação às entidades superiores. Tal crença permitiu que fosse construída uma visão mais otimista do mundo. Os padres apologistas combateram incansavelmente o gnosticismo e o cristianismo chamado ortodoxo venceu.  Mas com a descoberta dos manuscritos de Nag Hammadi, em 1945 no Egito, o movimento ganhou novo fôlego.  Recentemente acabei descobrindo por acaso que essa descoberta influenciou alguns escritores brasileiros.  

Há alguns dias recebi um pedido de ajuda do Wladimir, doutorando na UFBA e interessado na relação entre o gnosticismo e literatura brasileira (particularmente na obra de Lêdo Ivo). Queria saber se na história do cristianismo houve algum movimento ou personalidade que individualmente tivesse enfatizado a “transcendência na imanência”. Também buscava possíveis relações entre o gnosticismo e a ideia de um Deus indiferente, que não se ocupa da rotina diária dos homens. Expliquei-lhe que não sou especialista no assunto, mas que tentaria ajudá-lo dentro de minhas possibilidades. Respondi o e-mail e citei, dentre outras personalidades ligadas à Igreja, o padre jesuíta Teilhard de Chardin como sendo um interessante caso a ser investigado. Wladimir agradeceu a ajuda e me recomendou, caso o tema fosse do meu interesse, a leitura da tese do professor e poeta Cláudio Willer sobre a influência do gnosticismo na poesia contemporânea.

Aceitei sua sugestão e baixei a referida tese. Caso você também se interesse pelo assunto, tanto no aspecto teológico como literário, acho que valerá a pena dar uma lida.

Para baixar a tese, clique aqui.


Jones F. Mendonça

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO AGORA NUMA BIBLIOTECA DIGITAL

Por ocasião do 65º aniversário da descoberta dos manuscritos do Mar Morto a Autoridade de Antiguidades de Israel e o Google anunciaram na segunda-feira o lançamento de um site que disponibiliza aos estudiosos e a milhões de usuários em todo o mundo detalhes dos manuscritos do Mar Morto invisíveis a olho nu. Com tecnologia desenvolvida pela NASA ele exibe imagens infra-vermelhas em uma resolução de 1215 dpi, em escala 1:1, equivalente em qualidade aos pergaminhos originais.

Para dar uma olhada nos manuscritos, acesse o site The Leon Levy Dead Sea Scrolls Digital Library.  

Abaixo um vídeo de divulgação: 



Jones F. Mendonça

CURSO BÁSICO DE ÁRABE ONLINE [EM ESPANHOL]


Quem se interessa pelo árabe, idioma falado do Marrocos ao Iraque (os iranianos são persas e não árabes), certamente encontrará uma boa ajuda no site almadrasa.org. As lições estão em espanhol e foram preparadas por Muhammad Kanafani

A gramática, em 13 lições, encontra-se disponível aqui

Ouça o som das vogais e consoantes aqui

Baixe o curso em PDF aqui


Jones F. Mendonça

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

PASSEIO VIRTUAL EM JERUSALÉM

Que tal dar um passeio em Jerusalém sem correr o risco de se envolver numa briga entre radicais árabes e judeus? É, será um passeio virtual e você não poderá sentir o cheiro e as texturas dos objetos do lugar ou ouvir o "arranhado" som das consoantes guturais pronunciadas tanto por árabes como por judeus. Fazer o quê? 


Jerusalém vista a partir do Monte das Oliveiras

Jones F. Mendonça

domingo, 16 de dezembro de 2012

PERSÉPOLIS [LIVRO E ANIMAÇÃO]

Irã, 1978. O xá, Mohammad Reza Pahlavi, vinha tentando modernizar o país, mas acabou mergulhando o Irã no caos. Interessados no petróleo, os EUA e a Inglaterra o apoiaram. Enquanto isso, na França, exilado, o líder xiita Aiatolá Khomeini articulava a revolução e queda do xá. Seus pronunciamentos, transmitidos por telefone, eram gravados por seus seguidores e vendidos ao povo iraniano. O exército combatia os opositores do governo com violência. Teerã se transformou numa zona de guerra.

Com câncer e gozando de pouca popularidade, o xá fugiu do país em janeiro de 1979, abrindo espaço para o retorno do Aiatolá, que depôs o primeiro ministro Shapour Bakhtiar e criou uma república islâmica. O governo de Khomeini mostrou-se ainda mais violento que o do xá, apesar de suas promessas de “libertar o Irã da opressão”. Os costumes ocidentais, tais como maquiagem, jogo, cinema e música foram proibidos. Simpatizantes do xá foram perseguidos e executados.

No meio dessa confusão estava a família de Marjane Satrapi, uma menina de apenas dez anos que se viu obrigada a aceitar as rígidas imposições do regime islâmico. Aos 14 ela foi enviada para a Áustria por seus pais, que temiam a crescente violência que assolava o país. Marjani cresceu e escreveu um belíssimo livro em forma que quadrinhos: Persépolis. Nele ela relata suas angústias, aspirações e decepções em um mundo governado por muitos interesses (e ainda há que veja o mundo em preto e branco!).

Meu filho tem 12 anos, quase a mesma idade de Marjane quando irrompeu a revolução islâmica no Irã.  Pensei que seria uma boa leitura para suas férias. Até o momento ele tem se debruçado sobre o livro com muito interesse (mais pelo humor da autora e a qualidade dos desenhos que pelo aspecto político, confesso). Marjane não critica apenas os fanáticos religiosos muçulmanos. Também sobram críticas (algumas vezes bem sutis) para a política de alguns países ocidentais. Ah, mais um detalhe, os diálogos de Marjane com Deus (nem sempre amistosos) são uma barato. Se você tem um filho ou uma filha de doze anos, fica a sugestão.

Caso prefira assistir à animação, eis o vídeo:



Jones F. Mendonça

CTRL C; CTRL V - COPIAR E COLAR

O sujeito quer discutir a interpretação de um texto bíblico proposta por você. Ele sequer lê direito o que você escreveu. Só sabe que discorda da conclusão. Então ele faz o seguinte. Busca no Google um texto que apoie sua opinião e que foi escrito por alguém que ele julga dominar o assunto. Depois ele copia todo o conteúdo e cola no espaço reservado aos comentários do Blog (e nem se dá ao trabalho de citar a fonte). Diz que no grego a palavra em questão é um adjetivo pronominal, nominativo, masculino plural (em suma, encheção de linguiça visando me impressionar). Cita uma série de "estudiosos" que corroboram a interpretação que ele quer dar ao texto. Por fim (essa é clássica), afirma que "as melhores versões em português dizem que...". 

E o sujeito ainda acha que está abafando. 

Novatos...


Jones F. Mendonça

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O PAPIRO DE NASH ESTÁ ONLINE

Acabei de saber pelo Paleojudaica que o papiro de Nash, um pequeno fragmento de papiro contendo o decálogo e o shemá ("Ouve Israel", Dt 6,4) em hebraico (séc. II a.C.), está disponível on line. O documento é o mais antigo texto do Antigo Testamento e foi encontrado em 1902 no Egito. 

Para dar uma boa olhada no papiro visite o site da Biblioteca Digital da Universidade de Cambridge

Veja outros manuscritos hebraicos (como o Pentateuco samaritano - séc XII d.C.) disponíveis na biblioteca digital aqui

Jones F. Mendonça

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

ACHEI O SITE PERDIDO

Depois de uma busca incansável, encontrei o site perdido: The Metropolitam Museum of Art.  Lembrei-me que o site tinha uma linha do tempo, então fiz buscas no Google por "timeline", "artifact" e "archaeology". O tiro foi certeiro. 

Experimente fazer buscas com o recurso "timelines". Depois é só escolher a região, como por exemplo o "oeste da Ásia" e depois o "Mediterrâneo oriental" (para ver artefatos da Siro-Palestina) ou Iraque (para ver artefatos da Mesopotâmia). 

Escolhida a região, faça busca por período. Sensacional. 


Jones F. Mendonça

sábado, 8 de dezembro de 2012

VISÕES DE EZEQUIEL: SOBRE DEUSES, TRONOS E QUERUBINS [PARTE II]

No Salmo 18 Yahweh é apresentado voando montado em um Keruv (palavra geralmente traduzida por querubim, no plural). Na cena, raios e trovões abalam os céus. Das narinas de Yahweh saem fogo. Da sua boca fogo consumidor. Saraiva e brasas incandescentes anunciam o esplendor de sua glória.

Curiosamente pouca gente se pergunta de onde o salmista tirou os elementos dessa descrição, principalmente o trecho que descreve Yahweh voando num querubim.

Como o salmista, o profeta Ezequiel (caps. 1 e 10) também apresenta Yahweh voando sobre querubins (também chamados de grifos ou esfinges). Na mitologia oriental eles têm a função de proteger o recinto sagrado (é possível vê-los em templos assírios, babilônicos, persas, egípcios, etc.).  

Abaixo uma esfinge neo-assíria (chamada de Lamassu – 883-859 a.C.) com cabeça humana, corpo de leão e asas de ave (que também lembram as bizarras figuras presentes no livro de Daniel).

Fonte: The Metropolitam Museum of Art
Abaixo a representação de uma esfinge encontrada em Samaria (séc. VIII/IX a.C.), atualmente no Museu de Jerusalém, Israel. A influência egípcia é evidente:

Fonte: Google Art Project
Na visão de Ezequiel os querubins carregam o trono divino. Num selo sírio do século XIX/XVIII a.C. é possível ver uma cena semelhante. Nele uma divindade aparece sentada sobre um trono sustentado por touros (neste caso, sem asas):

Fonte: The Metropolitam Museum of Art

Não se deu por vencido? Quer a imagem de uma divindade sobre um trono carregado por um animal alado? Tudo bem, que tal esses selos fenícios do período aquemênida (séc. VI a IV a.C.)?

Fonte: site da Universidade de Oxford

Finalizo este post com a tela “A visão de Ezequiel”, de Rafael (perdoem Rafael pelos anjinhos nus rosados, coisa do renascimento). 

Fonte: Web Gallery of Art

Jones F. Mendonça

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

TESOURO PERDIDO, TESOUROS ACHADOS

Na busca por um site perdido usando o buscador do Google (conforme expliquei no post anterior), acabei encontrando Europeana. Muita coisa interessante! A página de exibições fica aqui. Mas talvez você queira ir direto para a página dos tesouros. Então clique aqui

Outro site muito útil é este aqui. Explore! 

Uma galeria de fotos de sítios arqueológicos, aqui

Também veja isto, isto, istoisto e isto

Por fim, dê uma olhada nisto, nisto e nisto

E o que eu queria mesmo não encontrei. Estou inconformado. 

Ah, não deixe de olhar isto


Jones F. Mendonça

UM SITE QUE SE PERDEU [QUE DROGA]

Passei o dia inteiro buscando em "meus favoritos" por um site que disponibiliza artefatos arquelógicos das mais diversas partes do planeta. As buscas podem ser feitas por período e por região. Uma "mão na roda". Andei navegando pelo referido site há alguns meses, mas infelizmente não tive o cuidado de guardar seu endereço.  Parece-se com o Google Art Project e com a Biblioteca Digital Mundial. Enfim: Não o achei. 

Esgotei todos os meus recursos. Não sei mais o que fazer. Alguém por aí pode me ajudar?

Jones F. Mendonça

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

VISÕES DE EZEQUIEL (PARTE I)

Estou em busca representações de tronos. Mas não de tronos comuns. Quero imagens de tronos sustentados por esfinges, grifos, querubins, "seres viventes" ou qualquer outro nome que lhes deem. Aliás, quero mais que imagens. Quero saber onde foram encontradas, quando, por quem, período em que foram confeccionadas e em que museu estão hospedadas. 

Ando fazendo buscas no Museu de Israel (via Google Art Project). Cliquei em "Coleções", "escolha o local", "Oriente Médio" e finalmente "Israel". Pronto, o acervo do museu surgiu em minha tela. A imagem que eu buscava finalmente apareceu:

Gravura em marfim encontrada em Megido, Israel
séc. XIII a.C. 

O Museu Nacional de Beirute ainda não colocou seu acervo no Google Art Project. Uma pena. Farei minhas próximas buscas no Museu Britânico e no Louvre de Paris. Os capítulos 1 e 10 do livro do profeta Ezequiel começam a fazer sentido. 

Jones F. Mendonça

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

NATIONAL GEOGRAPHIC PHOTO CONTEST 2012

O National Geographic Photo Contest 2012 termina hoje (30 de novembro). Abaixo uma das fotos enviadas pelos participantes.


Veja as 33 imagens selecionadas pelo The Big Picture aqui.

Técnica de pesca no Sri Lanka.

PALESTINA AGORA É UM ESTADO OBSERVADOR NÃO-MEMBRO

Israel, EUA e Canadá (e mais outros 6 países de menor expressão) opuseram-se à aceitação da Palestina como Estado observador não-membro (condição idêntica a do Vaticano). A Liga Anti-Difamação, o organização americana pró-Israel, classificou os países europeus que apoiaram o novo status da Palestina como covardes. A covardia, me parece, foi demonstrada pelos nove países que votaram contra. 

Jones F. Mendonça

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O HEBRAICO E OS PICTOGRAMAS

No princípio eram os pictogramas, desenhos estilizados que representavam objetos ou seres. Mas escrever com pictogramas era uma atividade complicada e pouco prática. Movido pelo desejo de facilitar a nobre arte de escrever um sujeito iluminado teve a ideia de criar o sistema silábico. Os antigos símbolos gráficos passaram a representar sons e não mais ideias. E os pictogramas se fizeram sílabas e passaram a habitar entre nós. 

No site mantido por Jeff A. Benner você poderá conhecer a origem de algumas palavras hebraicas a partir de antigos ideogramas. A palava "pai", por exemplo, seria a junção do ideograma "cabeça de boi" (força) com o ideograma que representa uma casa. O resultado: pai = a força da casa (as mulheres não gostarão muito disso). Confesso que algumas das explicações não me convenceram, mas no geral elas fazem muito sentido. Divirta-se!


Imagens: http://www.ancient-hebrew.org. 

Jones F. Mendonça

domingo, 25 de novembro de 2012

A OMISSÃO DO VERBO “SER/ESTAR” NO HEBRAICO E A REVELAÇÃO DE YAHWEH A MOISÉS EM EX 3,14

Uma das características do hebraico bíblico é a omissão do verbo ser/estar (fenômeno semelhante ocorre no russo e no árabe). Cabe ao tradutor inseri-lo. Veja Ez 27,3 (trecho em hebraico):


O mesmo ocorre no aramaico bíblico. Veja Esd 5,14 (trecho em aramaico):


Há quem veja ligação entre a omissão do verbo e a revelação de Yahweh a Moisés em Ex 3,14: “E disse Deus a Moisés: Eu sou o que sou” (ou serei o que serei). Veja:

Ex 3,14 E disse Elohim (Deus) a Moisés:   SOU O QUE SOU.



Argumenta-se que o verbo é ocultado no hebraico para que nenhuma criatura se declare “Eu sou”, como fez Yahweh em Ex 3,14. Será?


Observe que em 1Sm 23,17 o mesmo verbo aparece (também na 1ª pessoa do singular no imperfeito do QAL). Quem fala não é Yahweh, mas Jônatas:

1 Sm 23,17  e tu reinarás sobre Israel, e eu serei contigo...


Mesmo que você não conheça o hebraico perceberá que o verbo (em vermelho) é o mesmo de Ex 3,14. Tal teoria, como se vê, não se sustenta.



Jones F. Mendonça

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

RASCUNHOS ESCATOLÓGICOS: A ARTE DE COSTURAR SONHOS


São Miguel, Ercole de Roberti
1470-73, Museu do Louvre
A escatologia, estudo das últimas coisas (ou das coisas últimas, como queiram), é um dos temas mais controversos do cristianismo. Nas teologias sistemáticas é aquela salada: Isaías + Ezequiel + Daniel + Jl + Zc + Dn +Mt + 2Ts + cartas joaninas + Apocalipse = mapa detalhado do fim dos tempos. Os teólogos são alfaiates, que cheios de criatividade costuram com muitos ajustes e remendos o destino da humanidade.

No Antigo Testamento as formulações escatológicas fluem como o rio de Heráclito. Inicialmente a era de ouro é apresentada como um governo davídico redivivo (como Is 9,1-6; 11,1-10; 16,5; Jr 23,5s.; 33,5s.). É o futuro à luz do passado. Não há céu nem inferno, só o Sheol, mundo de sombras, onde não há conhecimento nem sabedoria. No Egito já se falava em ressurreição, como atestam textos da XVIIIª Dinastia (1550-1307). Em Israel pregavam-se apenas recompensas terrenas. Ainda não havia surgido remédio para a morte.

Num segundo estágio (ou terceiro, como se verá adiante) surge a ideia de um governo divino sobre um povo restaurado. É o próprio Yahweh quem intervém no mundo. No chamado “grande apocalipse de Isaías” (Is 24-27, texto que deve ser datado para um período que vai do século VI ao IV e que não deve atribuído ao proto-Isaías), consta que Yahweh vai “arrasar e devastar a terra”, punindo todos os que “desobedecem aos seus decretos”. Sinais nos céus anunciarão este dia, no qual Yahweh “destruirá a morte” e “enxugará toda a lágrima”. A ira de Yahweh, executada por meio de sua “espada severa”, castigará o Leviatã, a “serpente veloz” (uma variante lingüística para Lotan, um dragão derrotado por Baal na mitologia de Ugarit) e Israel, finalmente, será um só povo. Surge o antídoto para a morte (vida eterna na terra e ressurreição dos mortos), mas ainda não se fala em céu (recompensa num mundo supraterreno), nem em inferno (punição eterna).

É curioso notar que no Trito-Isaías (Is 65-66), aparentemente escrito numa época mais recente, não aparece a crença na vida eterna na terra, mas a esperança de que o povo de Yahweh terá “vida longa como a árvore” (ver Is 65,20-22). Tampouco se fala em ressurreição dos mortos. Ao que parece, se considerarmos a ideia da ressurreição uma inovação dos teólogos israelitas do período exílico ou persa, Is 65-66 possui uma redação mais antiga que Is 24-27. Talvez seja necessário inserir o pequeno apocalipse de Isaías entre o primeiro e o segundo estágio. Caso consideremos até aqui uma evolução em três estágios, as idéias escatológicas fluem da seguinte forma:
1) Primeiro estágio: Messias da dinastia davídica (Proto-Isaías);

2) Segundo estágio: É o próprio Yahweh quem restaura Israel (Trito-Isaías – Is 65-66);

3) e o terceiro estágio: Ressurreição dos mortos e a vida eterna (Grande apocalipse de Isaías – Is 24-27). 
No último estágio, bem representado pelo livro de Daniel (que deve ser situado na época do levante macabeu e não no século VI), aparecem algumas inovações: fala-se de uma ressurreição para a “vida eterna” e outra para a “vergonha eterna” (Dn 12,2). A intervenção divina se dará pela ação de um “rei guerreiro” (Dn 11,3). Vale notar a designação dada a Yahweh como “Deus do céu”, presente em livros pós-exílicos como Esd, Ne, Jt e Tb. Yahweh ultrapassa sua limitação à religião judaico-israelita e se torna o Deus universal. Não é sem razão que este último estágio tem sido chamado de “estágio transcendental”. O embate entre Miguel, o “cabeça dos primeiros” e seu oponente, o “cabeça do reino da Pérsia”, anuncia o dualismo que vai marcar toda a teologia do Novo Testamento.

Em breve espero publicar algo sobre a escatologia nos livros apócrifos.


Jones F. Mendonça

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

DEUS, O SANTO, A CÉDULA E O IDIOTA

O sujeito vai a um hospital público. No saguão principal ele se depara com uma imagem de São Francisco de Assis. “Mas o Estado não é laico”, ele diz. Reclama com o diretor do hospital. Faz denúncia ao Ministério Público. Organiza passeatas pelas principais avenidas do país. A imagem é finalmente retirada do hospital. Apesar de ser cristão, o sujeito não é católico. O argumento para a retirada da imagem: instituições públicas não devem expor símbolos religiosos.

A Casa da Moeda do Brasil imprime em suas cédulas a frase: “Deus seja louvado”. Um grupo de ateus fica indignado. “O Estado brasileiro é laico”, bradam. O Ministério Público registra a denúncia.  O assunto vira polêmica. No Facebook não se fala em outra coisa. O mesmo sujeito que pediu a retirada da imagem de Francisco de Assis diz que o Ministério Público não tem mais o que inventar (ou fazer). Anuncia, aos berros, que os ateus são intolerantes. O argumento dos ateus para a retirada do texto presente nas cédulas: instituições públicas não devem expor símbolos religiosos (o mesmo argumento do sujeito do hospital!).

Você entende? 

A BUSCA PELO PAULO HISTÓRICO

São Paulo, de Andrea Di Bartolo
Um leitor atento nota que o autor da Primeira Epístola aos Tessalonicenses (há relativo consenso que se trata de Paulo de Tarso) parece crer que a volta de Cristo está tão próxima que ele e os crentes de Tessalônica terão o privilégio de presenciar esse evento:
1Ts 4,15 Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem.
Já na segunda carta o clima é de cautela:

2Ts 1,1-2 a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor.

No terceiro capítulo o autor (trata-se do mesmo autor da primeira epístola?) chega a chamar a atenção daqueles que não querem mais trabalhar (há motivos para trabalhar se a parousia é iminente?). Este é apenas um dos motivos que levaram alguns estudiosos a duvidar da autoria paulina para algumas cartas tradicionalmente atribuídas a ele.

Aqueles que se interessam pelo tema talvez queiram ler o artigo “The Quest for the Historical Paul" (A busca pelo Paulo histórico), escrito pelo Dr. James Tabor, presidente do Departamento de Estudos Religiosos da Universidade da Carolina do Norte em Charlotte, onde ele é professor de origens cristãs e judaísmo antigo.

Leia aqui

Visite o site de James Tabor aqui


Jones F. Mendonça

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

ABBAS VAI À ONU: POR UMA PALESTINA LIVRE

No dia 29 de novembro (aniversário do Plano de Partilha de 1947) o presidente palestino Mahmoud Abbas apresentará na ONU proposta para inclusão da Palestina como Estado não membro. Temendo a aprovação da proposta o governo israelense tem feito inúmeros esforços com o propósito de impedir que Abbas tenha êxito em sua missão (acabo de ler no Haaretz que Israel ameaça romper acordos de Oslo caso a proposta seja aceita). A aceitação da Palestina como Estado não membro poderá ser um passo importante para que também seja aceita como membro do Tribunal Penal Internacional (TPI - criado em 2002) e leve líderes israelenses a serem julgados por crime de guerra.

Mesmo não sendo membro do TPI (ao lado de países importantes como EUA, Rússia, China, Irã e Coreia do Norte), Israel teme processos contra altos funcionários israelenses, provocando várias sanções econômicas prejudiciais ao Estado Judeu, tais como a proibição de importações provenientes dos assentamentos israelenses em território palestino.

O governo de Israel alega que a campanha na ONU viola um dos marcos fundamentais dos pactos de Oslo, que consiste na busca por uma solução através do diálogo entre as partes. A iniciativa de Abbas é vista pelo governo israelense como uma tentativa de encontrar um atalho a fim de pular uma etapa importante no processo de paz: as negociações. A liderança palestina, por outro lado, acusa Israel de continuar com os assentamentos em território palestino e de submeter o povo a humilhações e atos de violência extrema. O que me parece claro é que a desvantagem econômica, política e militar dos palestinos os colocam numa situação que inviabiliza as negociações. Uma negociação justa requer certa igualdade entre as partes, o que nem de longe condiz com a realidade.

O não reconhecimento da Palestina como Estado deixa a população sem a proteção das instâncias internacionais, daí a importância da proposta para os palestinos que sofrem diariamente com violações dos direitos humanos em ações desenvolvidas pelo governo de Israel.

Uma vitória na ONU pode representar um importante passo para a paz. Mas é preciso ser realista. O 29 de novembro próximo poderá ser lembrado como o dia em que Abbas deu um tiro no seu próprio pé. Torço, ao lado da população palestina, para que isso não aconteça.


Jones F. Mendonça

domingo, 11 de novembro de 2012

LIVROS

Aprecie aqui (Iran Cartoon) esta bem humorada exposição que tem como tema os livros, nossos "mestres mudos". É, mas eles também podem se tornar "manipuladores mudos", por isso a leitura deve ser sempre crítica. 



Jones F. Mendonça

MATERIAL PARA DOWNLOAD NO "OBSERVATÓRIO BÍBLICO"

O prof. Aírton José da Silva, mestre em teologia bíblica e professor de Bíblia hebraica e Antigo Testamento na CEARP, está disponibilizando em seu site (airtonjo.com) dois excelentes materiais para download: "curso noções de hebraico bíblico" e "aprenda a ler o Antigo Testamento com o Cássio" (referência ao autor do texto: Cassio Murilo dias da Silva). 

Faça o download aqui (hebraico) e aqui (A.T.). 

Notei que a maior parte dos livros da bibliografia básica citada por Cassio Murilo Dias da Silva em seu curso coincide com o material que uso na preparação de minhas aulas. Fica a recomendação:

Livros impressos:
CARMODY, Timothy R. Como ler a Bíblia. Guia para estudo. São Paulo, Loyola 2008.
CHARPENTIER, Étienne. Para ler o Antigo Testamento. São Paulo, Paulus 1986 (Entender a Bíblia).
HARRINGTON, Wilfrid J. Chave para a Bíblia. São Paulo, Paulus 1997
SILVA, Cássio Murilo Dias da. Leia a Bíblia como literatura. São Paulo, Loyola 2007. (Ferramentas bíblicas)

Arqueologia em DVD:

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

APOLOGIA


Acabo de examinar “Septuaginta: guia histórico e literário”, de Esequias Soares (Hagnos, 2009, 110 páginas). Quando vi que se tratava de uma obra publicada por uma editora evangélica torci o nariz (é, eu confesso). Mas eis que uma “voz interior” me disse: “Jones, não seja preconceituoso, examine o livro antes de julgá-lo". Mas já na introdução encontrei isto:
...as evidencias indicam que na époa de Jesus o Cânon estava definido. O que aconteceu antes não invalidará o valor nem a autoridade das Escrituras Hebraicas e não comprometerá a sua inspiração divina (p. 13).
[...]
As descobertas do mar Morto são a confirmação de que os tradutores da LXX não inventaram nada, tudo o que esta no texto grego estava nos substratos hebraicos usados como base na época da tradução (p. 14).
Corri meus olhos pelas páginas do livro e cheguei à conclusão:
Os massoretas jamais ousaram modificar uma palavra das Escrituras, pois o cânon já estava fixado, o que e diferente dos sopherim encarregados de padronizar e revisar textos (p. 81).
Nas primeiras páginas: apologia, apologia e apologia. Na conclusão: apologia, apologia e mais apologia. Uma canseira.

A saída? Recorrer às editoras católicas e luteranas.


Jones F. Mendonça

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

GEOGRAFIA BÍBLICA [MAPAS]

No mapa de hoje: Monte Hermon, Tiro, Cafarnaum, Monte Arbel (monte das Beatitudes?), Carmelo e Mar da Galileia (resolução aproximada: 1400 x 1050). 



segunda-feira, 5 de novembro de 2012

ECCLESIA REFORMATA SEMPER REFORMANDA EST?

Lutero em seu leito de morte, de
Lucas Cranach - 1546
Ainda que a Reforma tenha ocorrido do século XVI é preciso ter em mente o cenário que começava a se formar no século XII: decadência do sistema feudal, nascimento da burguesia, medo do inferno por parte dos fiéis que começavam a duvidar da eficácia dos sacramentos em face da decadência moral do clero, soteriologia confusa, surgimento das ordens mendicantes (fiéis à Igreja) e disseminação de grupos dissidentes, como cátaros e valdenses (hostis ao papado). Como resposta a esse último grupo surgiram as Cruzadas e a Santa Inquisição. A unidade da Igreja estava ameaçada e a resposta foi rápida e violenta.

Nos séculos seguintes novos ingredientes foram dando corpo à Reforma: O Renascimento italiano, o humanismo, a pregação de reformistas como John Wycliff (Inglaterra) e Jan Hus (Boêmia), a queda do Império Bizantino (antigos manuscritos gregos chegavam à Europa vindos de Bizâncio), as Grandes Navegações (intensificação do comércio marítimo e enriquecimento da classe burguesa), a invenção da imprensa por Gutemberg, a forte rejeição que os burgueses tinham pela intromissão da Igreja em seus negócios e o desejo dos nobres em expandir suas terras (apropriando-se das terras da Igreja).

No dia 31 de outubro de 1517 Lutero publicou 95 Teses contra as indulgências (indulgência = substituição da penitência pública por um pagamento em dinheiro). Os príncipes alemães viram o documento como uma excelente oportunidade para romper com o Papa (daí a proteção que Lutero recebeu de Frederico da Saxônia). A nova classe social que florescia, a burguesia, queria liberdade para enriquecer sem as barreiras morais impostas pela Igreja. Fiéis piedosos buscavam uma espiritualidade que estivesse mais de acordo com a que eles enxergavam nas linhas do Novo Testamento. A Reforma explodiu e abalou a Europa. O antigo Sacro Império Romano Germânico foi dividido em Estados protestantes e católicos.  Sem uma liderança única a nova igreja foi se fragmentando cada vez mais: luteranos, calvinistas, anabatistas, anglicanos...

Hoje muitos protestantes querem apresentar a Reforma apenas como um movimento religioso que colocou o cristianismo nos antigos trilhos.  Católicos insistem em destacar os defeitos de Lutero e os efeitos negativos desencadeados pela Reforma. Historiadores acentuam aspectos políticos, como o apoio dos príncipes, sem o qual a Reforma não teria êxito.  A Reforma é produto de diversos fatores. É um erro reduzi-la a mero fenômeno político. Tentar compreender o movimento apenas pelo viés religioso é também um equívoco.

Há boas razões para comemorar a Reforma. Mas é lamentável perceber que antigo lema protestante: “Ecclesia reformata semper reformanda est” converteu-se apenas numa frase latina elegante sem qualquer substância. 


Jones F. Mendonça