Como
estou de férias no STBC tenho aproveitado meu tempo para reler e arrumar alguns
livros que fui adquirindo ao longo dos anos. Pensei que seria uma ótima oportunidade para
indicar algumas obras que considero essenciais para a compreensão do Antigo
Testamento, do Novo Testamento e do cristianismo primitivo. Hoje farei alguns
comentários a respeito de duas obras:
JEREMIAS, Joachim. Jerusalém no tempo de Jesus: pesquisa de história econômico-social no período neotestamentário. São Paulo: Paulus, 1983, 518 páginas.
SAULNIER, Christian; ROLLAND, Bernard. A Palestina no tempo de Jesus. São Paulo: Edições Paulinas, 1983, 98 páginas.
O
alemão Joachim Jeremias, autor do primeiro livro, escreveu outras duas famosas
obras: “As parábolas de Jesus” e “Teologia do Novo Testamento”. Em “Jerusalém
no tempo de Jesus”, o autor faz uma minuciosa investigação na tentativa de
reconstruir a Jerusalém no primeiro terço do primeiro século. Dentre os vários
temas abordados no livro estão: profissões, comércio, movimento de
estrangeiros, classes sociais, direitos, etc. Um tema particularmente
interessante da obra é o dedicado às classes sociais e ao papel que cada
indivíduo desempenhava na sociedade da época: escravos, mulheres, publicanos,
anciãos, fariseus, saduceus, sacerdotes, escribas, etc. As informações
prestadas ao leitor vêm acompanhadas de fontes documentais antigas e
comentários (algumas notas chegam a tomar metade da página). Regras de conduta
em relação às mulheres ainda em uso hoje por judeus ortodoxos são mais bem
compreendidas quando lemos o conselho dado por Yose ben Yhanan (cerca de 150
a.C.): “Não converse muito com uma mulher [isso vale] no caso da tua mulher e
mais ainda em relação à mulher do próximo”(p. 474).
O
segundo livro consiste numa espécie de versão resumida da primeira obra
(Joachim Jeremias é inclusive citado). Se por um lado o livro perde para o
primeiro na quantidade de documentos apresentados no rodapé, ganha por conter
gráficos, mapas, plantas, e assuntos chave que despertarão maior interesse dois
leitores que estão em busca de informações mais essenciais. Na página 80 há um
quadro contendo sete espécies de fariseus citadas no Talmude (os fariseus
faziam chacota de si mesmo). O legalismo e a hipocrisia, comportamentos tão
criticados pelo Jesus dos Evangelhos, mostra-se evidente em pelo menos cinco
dos sete tipos de fariseus. São eles: “de costa larga” (escrevem suas boas
ações nas costas), “vagarosos” (retardam o salário dos empregados em nome de um
preceito urgente), “calculadores” (acumulam méritos a fim de pagar pecados
cometidos), “econômicos” (buscam acumular méritos com pequenas boas ações),
“escrupulosos” (buscam com afinco os pecados ocultos a fim de compensá-los com
boas ações), e finalmente os “do amor”, que agem como Abraão.
Tenho as duas obras em papel, mas não é difícil encontrá-las digitalizadas em sites como o 4shared, esnips, calameo, etc.
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