quarta-feira, 29 de junho de 2016

JUDEUS NA FORTALEZA DE HERODES

Após a destruição de Jerusalém, em 70 d.C., um grupo de judeus (sicários com suas famílias), aquartelou-se nesta fortaleza (Massada), na margem ocidental do Mar Morto (ao fundo). Após construírem uma enorme rampa (em destaque), os romanos tomaram a fortaleza e puseram fim à resistência judaica. No sopé da fortaleza ainda há vestígios do acampamento romano.

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Jones F. Mendonça

quinta-feira, 23 de junho de 2016

BÊNÇÃO SACERDOTAL EM AMULETO DE PRATA

Em algum momento entre os séculos VI ou VII a.C. (no tempo do rei Josias) alguém apagou a imagem de uma divindade protetora num amuleto de prata e a substituiu por uma invocação contra o mal usando a seguinte fórmula litúrgica: “‘Yahweh te abençoe e te guarde! Yahweh faça resplandecer o seu rosto sobre ti e te seja benigno!”.

O amuleto foi encontrado em 1979 pelo arqueólogo Gabriel Barklay nas câmaras mortuárias de Ketef Hinnon, a sudeste de Jerusalém. Embora a descoberta não seja capaz de provar que o Pentateuco já estava escrito, demonstra que algumas fórmulas presentes na Bíblia hebraica já circulavam de forma escrita. Antes da descoberta deste amuleto, o mais antigo documento contendo um texto presente na Bíblia era o Papiro de Nash (século I ou II a.C.).


Jones F. Mendonça

quinta-feira, 16 de junho de 2016

TOBIT: JÓ REDIVIVO

Tobit, homem piedoso e justo, após perder seus bens (1,20), sua saúde (2,10) e ouvir de sua esposa: “de que adiantou tua fidelidade” (2,14), lamenta: “melhor é morrer do que viver” (3,6). Isso não lembra Jó? Tem mais: a fé de Jó é provada por Hassatan (1,6-12; 2,1-7); a fé de Tobit é provada pelo anjo Rafael (12,13).

No final do livro, o Tobit já curado de sua enfermidade exclama: 
Bendito seja Deus! Porque ele me havia punido, e de novo se compadeceu de mim, e agora vejo meu filho Tobias! (11,14b-15).
Este final dispensa comentários. Tobit é quase um Jó redivivo.



Jones F. Mendonça

segunda-feira, 13 de junho de 2016

ARQUEOLOGIA NA LUTHERAN SCHOOL OF THEOLOGY AT CHICAGO

Artefatos arqueológicos do Egito, Síria-Palestina e Mesopotâmia expostos de forma cronológica no site da Lutheran School of Theology at Chicago. Veja aqui.

Na imagem: representação do faraó Sheshonq (século X) ferindo prisioneiros. O faraó é chamado de Sesac no livro de Reis: "No quinto ano do rei Roboão, o rei do Egito, Sesac, atacou Jerusalém (1Rs 14,25).




Jones F. Mendonça

sábado, 11 de junho de 2016

DAS TRADUÇÕES SEM SENTIDO

Sl 74,14 na Almeida Revista e Atualizada: "Tu espedaçaste as cabeças do crocodilo (ro'shey liveiyatan = cabeças do leviatan) e o deste por alimento às alimárias do deserto".

Como assim "cabeças do crocodilo"? Seria um crocodilo cheio de cabeças? É que leviatan não é crocodilo, é isso aí:




Jones F. Mendonça

sexta-feira, 10 de junho de 2016

O COLAPSO NO MEDITERRÂNEO E OS FILISTEUS

Desenho de Emmanuel Rouge feito a partir de um mural no templo
mortuário de Ramsés III

A combinação de uma série de fatores, tais como pragas, terremotos e mudanças climáticas resultou no colapso das civilizações do século XII a.C. que se desenvolveram ao norte e ao leste do Mediterrâneo. Um outro fator foi a invasão dos chamados “povos do mar”, dentre os quais os filisteus, frequentemente citados na Bíblia. No túmulo do faraó Ramsés III foi gravado um dramático registro da chegada dos invasores:  
Os setentrionais em suas ilhas estavam em dificuldade e se moveram em massa, todos ao mesmo tempo. Ninguém resistiu perante eles [...]. A força deles era constituída de filisteus, de Zeker, de Shekelesh, de Danuna e de Weshesh, países que se uniram para pôr a mão no Egito, até o último confim. Os ânimos deles eram de confiança, cheios de projetos (BREASTED, J. H. Ancients records of Egypt, IV 64 = ANET, p. 262).
Mas de onde vieram os filisteus? A teoria mais difundida ligava esse povo às ilhas do mar Egeu. Mas recentes descobertas apontam em outra direção: o sul da Anatólia (atual Turquia). Leia no Haaretz.



Jones F. Mendonça

O COLAPSO NO MEDITERRÂNEO E AS ORIGENS DE ISRAEL

Perto do fim do século XIII a.C. grandes civilizações localizadas entre o mar Egeu e o Oriente Próximo entraram em colapso. A arqueologia confirma a destruição de cidades na Grécia, Turquia, Síria, Líbano e Egito (veja no mapa). Coincidência ou não, a origem de Israel está situada neste período, como parece confirmar registro feito na Estela de Merneptah (1208 a.C.), primeira referência a um povo chamado Israel.

Você pode ler sobre o assunto adquirindo o livro “Para além da Bíblia”, do assiriólogo Mário Liverani, ou de forma gratuita, acessando este artigo publicado no Bible History Daily.

Mapa: Bible History Daily



Jones F. Mendonça

JOSEFO, MANETHO, OS HICSOS E A ORIGEM DE ISRAEL

Flávio Josefo, historiador judeu do primeiro século, liga a origem dos judeus à expulsão dos hicsos (“reis pastores”), povo asiático que dominou o Egito por volta de 1700 a.C. por um período de aproximadamente 100 anos. A informação, tomada de Manetho (historiador egípcio do III séc. a.C.), foi registrada em sua obra “Contra Apion”. Veja:
não menos que duzentos e quarenta mil pessoas atravessaram o deserto em direção à Síria. Temendo os assírios, que dominaram a Ásia naquele tempo, eles construíram uma cidade no país que agora chamamos Judeia. Era grande o suficiente para conter este grande número de homens e foi chamado de Jerusalém.
Embora a associação entre hicsos e israelitas seja problemática, o registro de Josefo merece ser investigado, afinal, quem eram os hicsos? Há alguma ligação entre a expulsão desses asiáticos e a origem de Israel?

Leia mais sobre a expulsão dos hicsos no Bible History Daily: “The Expulsion of theHyksos: Tel Habuwa excavations reveal the conquest of Tjaru by Ahmose I”, por Noah Wiener.




Jones F. Mendonça

segunda-feira, 6 de junho de 2016

TIAMAT E OS MONSTROS DO CAOS

A imagem, reprodução de uma placa datada para o terceiro milênio a.C. mostra a serpente Musmahhu sendo derrotada por Ninurta (que parece ter inspirado a figura bíblica de Nimrod). Na mitologia babilônica o monstro reaparece. Tiamat, divindade associada ao oceano, dá a luz a onze criaturas, dentre elas o monstro serpente de sete cabeças.  

A luta entre divindades e monstros deixou reflexos no livro do profeta Isaías: “Desperta como nos dias antigos [...]. Por acaso não és tu aquele que despedaçou Raab, que trespassou o Tannaiyn?” (Is 51,9). Ou ainda: “Naquele dia, punirá Iahweh [...] a Leviatã, serpente escorregadia, a Leviatã, serpente tortuosa, e matará o monstro [tanniym] que habita o mar.

A imagem e maiores informações sobre o monstro Masmahhu aparecem na obra:
BLACK, Jeremy; GREEN, Anthony. An illustrated dictionary: Gods, Demons and Symbols of Ancient Mesopotamia. London, British Museum Press, 2004, p. 196.





Jones F. Mendonça

FILON DE ALEXANDRIA E A SEXUALIDADE MASCULINA

Fílon de Alexandria, judeu helenista do século primeiro, tratando sobre o mandamento “não adulterarás”, comenta sobre um curioso costume observado em seu tempo:   
Tratados como mulheres, estragam tanto sua alma como seu corpo, não trazendo neles uma única centelha de caráter másculo [...] mas têm os cabelos da cabeça ostentosamente encaracolados e adornados, assim como o rosto lambuzado de rouge, e pintado, e [...] passam lápis sob os olhos e têm a pele ungida com perfumes [devotando-se] à tarefa de transformar seu caráter masculino num caráter efeminado [...]. E algumas dessas pessoas levaram tão longe a admiração desses prazeres delicados da juventude que desejaram trocar por inteiro sua condição pela de mulheres, tendo se castrado e passado a usar vestidos vermelhos (Leis Especiais, III. 7.37-42). 
Num outro comentário critica a “sodomia”: 
O país dos sodomitas era um distrito da terra de Canaã, que os sírios mais tarde chamavam de Palestina, um país cheio de inúmeras iniquidades [...]. E os homens [...] não somente enlouqueceram em busca de mulheres [...] como também houve os que tinham luxúria por outros homens, fazendo coisas impróprias sem considerar nem respeitar sua natureza comum [...], assim, pouco a pouco, os homens se acostumaram a ser tratados como mulheres [e] por causa da efeminação e da delicadeza, se tornaram como as mulheres em suas pessoas, [...] corrompendo desse modo toda a raça do homem (Sobre Abraão 26. 133-36).



Jones F. mendonça

domingo, 5 de junho de 2016

O QUE AS MULHERES QUEREM?

Um estudioso judeu medieval comentando a Qiddushin - tratado judaico do segundo século que lida com questões ligadas ao casamento – reflete a respeito da seguinte pergunta: “o que as mulheres querem?”. Num fragmento o judeu anônimo dispara: “não há nada que a satisfaça mais do que ouvi-la” (Fragmento TS Ar.18). Não foi certeiro?

Mas o autor, “feminista” convicto, vai além. Ele questiona o mesmo tratado por causa da referência ao casamento como uma “aquisição” por parte do marido. Daí ele pergunta: “não seria melhor trocar a palavra 'aquisição' pela palavra 'compromisso'?”, afinal “o papel do noivo na cerimônia é satisfazer a vontade da noiva e agir em conformidade com ela”.

Um verdadeiro gentleman.



Jones F. Mendonça

JOSUÉ E JOSIAS

Assim como alguns teólogos da libertação projetam em Moisés e nos profetas do século VIII (Oséias, Amós e Isaías) elementos da personalidade de um Che Guevara, Josias projetou em Josué suas mais profundas aspirações político-religiosas: a conquista de toda a terra (Norte e Sul) sob a inspiração da “Lei de Moisés”. A cidades conquistadas por Josué “coincidentemente” eram as mesmas desejadas por Josias no século VII, após o vácuo de poder que se formou com enfraquecimento da Assíria.


Jones F. Mendonça

quarta-feira, 1 de junho de 2016

NOS SUBTERRÂNEOS DE JERUSALÉM

Os subterrâneos de Jerusalém numa matéria do Haaretz recheada de fotos em alta resolução, vídeos e informações. Destaque para o túnel de Ezequias (ou de Siloé) e para a caverna de Zedequias. Imperdível para quem se interessa pela história de Jerusalém.

Leia aqui.



Jones F. Mendonça