quarta-feira, 31 de outubro de 2012

SÃO SÓ AGRICULTORES. NÃO SÃO TERRORISTAS....


Jones F. Mendonça

A GUERRA DA COLHEITA

Foto: Al Akhbar

De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, mais de 7.500 oliveiras pertencentes a palestinos foram danificadas ou destruídas por colonos israelenses na Cisjordânia entre janeiro e outubro de 2012. A mídia ocidental insiste em retratar os palestinos apenas como terroristas e dá pouca ou nenhuma atenção ao sofrimento e humilhação aos quais esses indivíduos são submetidos diariamente. O conflito na Palestina faz vítimas inocentes tanto entre israelenses (como os habitantes do sul de Israel que convivem com os mísseis lançados de Gaza pelo Hamas) como entre palestinos (como estes plantadores de oliva da Cisjordânia). Não se trata de uma guerra entre Deus e o diabo como muitos querem nos fazer crer. É guerra de (des)humanos contra (des)humanos. Só.

Muitas fotos da colheita de azeitonas 2012 na Cisjordânia no jornal turco Al Akhbar.

Leia um pequeno relatório da ONU a respeito da colheita de azeitonas na Cisjordânia aqui


Jones F. Mendonça

TEOLOGIA DA REFORMA

No ano passado comecei a trabalhar numa apostila sobre a teologia da Reforma. Como tenho verdadeira obsessão pela boa aparência do material (layout, ilustrações, capa, etc.),  por referências bibliográficas diversificadas e pela busca de um texto ao mesmo tempo claro e conciso, o trabalho tem sido lento, muito lento. Considerando que hoje os protestantes comemoram o dia em que Lutero divulgou suas 95 Teses contra as Indulgências, vejo como oportuno publicar aqui no Blog a introdução da apostila, que ainda precisa passar por algumas revisões. Eis o material:

Teologia da Reforma (trecho de apostila)

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

OS FANTASMAS DA GUERRA



A historiadora holandesa Jo Teeuwisse teve a fantástica ideia de sobrepor antigas fotos de soldados tiradas na Europa, geralmente durante a Segunda Guerra Mundial, em fotos atuais nos mesmo locais em que eles apareciam. O efeito é surpreendente (na verdade, fantasmagórico). Um dos objetivos é fazer com que as pessoas reflitam sobre a guerra. 

Leia mais no Opera Mundi


Jones F. Mendonça

sábado, 27 de outubro de 2012

"CONVERSAS COM UM ESTUDIOSO DA BÍBLIA" - FRANK MOORE CROSS

A Sociedade de Arqueologia Bíblica está disponibilizando gratuitamente para download (em PDF, inglês) o livro "Conversations with a Bible Scholar" ("Conversas com um estudioso da Bíblia"). Na obra o famoso estudioso bíblico (falecido no sábado  passado - 17/10/12) Frank Moore Cross é entrevistado por Hershel Shanks, editor da Biblical Archaeology Review. A primeira pergunta é sobre as origens de Israel. Imperdível. 

Para baixar o livro basta fazer um rápido cadastro no site. Faça isso clicando aqui


Jones F. Mendonça

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

RAGE AGAINST THE MACHINE - RENEGADES OF FUNK

Erick, meu amigo de bike, apresentou-me esta banda. Um som diferente, uma batida viciante, uma letra muito louca.  Gostei...



quarta-feira, 24 de outubro de 2012

SALVE JORGE, SALVE DAVI!

Davi e Golias, de Vecellio Tiziano (1542-44)
O brasileiro, seja ele evangélico, católico, budista, espírita ou de outra religião qualquer, adora novela. Mas muitos evangélicos têm uma atitude particularmente curiosa em relação a elas. Os mesmos que assistem são os mesmos que criticam. Esse comportamento contraditório talvez seja o reflexo da culpa que muitos fiéis carregam por não resistirem a uma trama global (ou Universal).

Os argumentos utilizados para que os crentes não as assistam são os mais variados: “o tal personagem da novela tem três mulheres” (como se Abraão, Davi e Salomão fossem monogâmicos); “a trama é muito violenta” (como se o livro de Josué pregasse o pacifismo); “há muito sexo” (como se Cantares fosse um livro sobre a castidade); “num dos capítulos há uma cena em que dois irmãos se beijam” (como se Amnon, filho de Davi, não tivesse estuprado sua irmã, Tamar); “o nome da novela é uma saudação pagã” (como se algumas narrativas presentes na Bíblia hebraica não fossem inspiradas em mitos pagãos, particularmente babilônicos).

Este último argumento tem pipocado no Facebook em relação à nova novela das 21:30: “Salve Jorge”.  A Record decidiu retransmitir a novela  sobre o rei Davi (sim, é uma novela!) no mesmo horário da novela da Globo. Como andam dizendo que a expressão “salve Jorge” é uma saudação a Ogum, na visão de muitos crentes o horário será disputado pelas emissoras como uma batalha entre Davi e Ogum (e, portanto, de Deus contra o diabo). Santo Platão...

A trama sobre Davi vai ter tudo o que as outras novelas também têm: violência, sexo, traição, incesto, vingança, ganância, abuso do poder, etc. Ah, mas é uma novela gospel, então pode.


Jones F. Mendonça

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

MULHER É PRESA POR ORAR NO MURO DAS LAMENTAÇÕES

Ainda que na declaração de independência de Israel conste que "O Estado de Israel [...] vai defender a plena igualdade social e política de todos os cidadãos, sem distinção de raça, credo ou sexo", Anat Hofmann foi presa na semana passada por orar no Muro das lamentações. O protesto de Anat foi publicado no The Jewish Daily (22/10/2012):
Eles me arrastaram no chão por 15 metros; meus braços estão machucados. Eles me colocaram em uma cela sem cama, com três outros prisioneiros, incluindo uma prostituta e um ladrão de carros. Eles jogaram a comida através de uma pequena janela na porta. Eu deitei no chão coberta com meu talit.
O incidente mostra o poder que a comunidade judaica ortodoxa detém em Israel. Eu aplaudo, de pé, a atitude de Anat Horffman. 


Jones F. Mendonça

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

JERUSALÉM NO PENTATEUCO

Ontem, Geraldo de Araujo, via Facebook, após ler meu texto sobre o Pentateuco, perguntou-me se não é estranho que o nome “Jerusalém” não apareça no Pentateuco, caso consideremos que se trata de uma obra redigida no período da monarquia judaíta (séc. X – VI a.C.), como já sustentava Julius Wellhausen no final do século XIX. Em suma: se o Pentateuco é uma obra recente e não o produto do trabalho de Moisés, não seria de se esperar que o nome da capital de Judá aparecesse vez por outra na obra como projeção para o passado de uma condição presente?

Minha resposta é sim. Acho que de alguma forma os teólogos de Judá deixariam vestígios da crença que coloca Jerusalém como capital legítima do reino de Israel. Há, em minha opinião, pelo menos duas “impressões digitais” no Pentateuco que confirmam essa suspeita. A primeira é o nome “Salém”, em Gn 14,18, identificada pelo salmista (Sl 76,2) com Sião, local onde foi construída a cidade de Davi (cf. 2Sm 5,7). O rei de Salém é Melquisedeque ("meu rei é Tzedeq" ou "meu rei é justo"), um misterioso personagem que aparece no meio da narrativa. Você não acha estranho? Pois eu acho. A segunda “impressão digital” encontra-se em Dt 16, texto que insiste que as três festas anuais (Páscoa, Pentecostes e Tendas) devem ser celebradas num local específico (Jerusalém?) a ser determinado por Yahweh após a tomada da terra.  Curiosamente tal recomendação não aparece nos quatro primeiros livros do Pentateuco e coincide com as medidas tomadas no início do século VII por ocasião da reforma josiânica. Suspeito. 

Bem, isso é o que vejo. Mas há quem pense que estou vendo demais. Será?


Jones F. Mendonça
  

terça-feira, 16 de outubro de 2012

O TRABALHO DOS MASSORETAS [HEBRAICO]

Vez por outra alguém me pede informações sobre o trabalho dos massoretas. Um bom começo talvez seja consultar o site allepocodex.org. Seguem alguns trechos:
Um dos projetos importantes dos massoretas foi a invenção de marcas de vogais para o idioma hebraico. [...] Sistemas completos de vocalização foram aparentemente desenvolvidos nos séculos VII e VIII. Sabemos de três sistemas principais: o Tiberiano, que é usado ainda hoje [...] o Palestinense, que aparentemente foi criado no sul de Eretz-Israel, e o da Babilônia, que foi criado na Babilônia. 
[...] 
A maioria dos sinais do sistema Tiberiano indica vogais que provavelmente refletem a forma como foram pronunciadas em Tiberíades, no período dos massoretas. [...] Outros sinais que pertencem ao sistema de vocalização são o sheva, o dagesh, e o ponto que distingue o shin do sin.
Leia o texto completo aqui.


Jones F. Mendonça

sábado, 13 de outubro de 2012

O ESPÍRITO DE MENTIRA AINDA FALA

Yahweh precisava que alguém em sua corte celeste enganasse Acabe, induzindo-o a subir a Ramote Gileade (1Rs 22,20-21). Um clima de incerteza tomou conta do ambiente até que uma figura misteriosa se apresentou para a tarefa. Nas Bíblias evangélicas tal figura é identificada como “um espírito”. Na Bíblia de Jerusalém (católica) como “o Espírito” (sim, com artigo e letra maiúscula).

Quem tem razão? Leia o texto “O espírito de mentira na boca dos profetas”, do prof. Dr. Osvaldo Luiz Ribeiro e tire suas próprias conclusões.

Ah, compare as versões aqui (NVI, NTLH, ARA, ACF e BJ).


Jones F. Mendonça

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

INTRIGAS NO REINO DE ISRAEL II

Quando Davi envelheceu surgiu uma disputa pelo trono. Adonias, o filho mais velho de Davi, aliou-se a Joabe, comandante do exército de seu pai, e ao sacerdote Abiatar. Salomão encontrou apoio do sacerdote Zadoque, do profeta Natã, de Benaia, chefe da guarda real de Davi, dos “valentes de Davi” e de Bat-Sheba, esposa do rei. Salomão, é óbvio, conseguiu aliados de maior peso.

Adonias organizou um sacrifício em En-Roguel (aqui, aqui e aqui), nas proximidades de Jerusalém, com o objetivo de que fosse declarado rei. Bat-Sheba descobriu o plano e levou suas queixas a Davi. Ela queria que seu filho Salomão sucedesse Davi e não Adonias, filho de Hagite. O profeta Natã chegou logo depois e também manifestou seu apoio a Salomão. Às pressas Salomão foi ungido rei em Gion (aqui, aqui e aqui), por Zadoque e Natã.

Adonias e seus aliados entraram em pânico. A tensão é compreensível na medida em que lemos os conselhos que Davi dá a Salomão antes de morrer. Em relação a Joabe ele diz: “não o deixe envelhecer e descer à sepultura” (1Rs 2,6). Quanto a Simei (que aparentemente apoiava Salomão, mas pertencia ao clã de Saul): “faça-o descer ensanguentado à sepultura” (1Rs 2,9). Não houve conselho em relação a Abiatar, o sacerdote traidor, e em relação a Adonias, seu irmão. Mas Salomão soube como lidar com eles. Davi derramava sangue por meio de Joabe. Salomão, por meio de Benaia:
E o rei Salomão deu ordem a Benaia e este feriu e matou Adonias. [...] Salomão expulsou Abiatar do sacerdócio do Senhor, [...] Então Benaia [...] atacou Joabe e o matou [...]. Então o rei deu ordem a Benaia e este atacou Simei e o matou (1Rs 2,25.27.34.46).
Mortos: Adonias, Joabe e Simei. Exilado: Abiatar, o sacerdote. Eliminados os opositores, Salomão teve paz para reinar: “Assim o reino ficou bem estabelecido nas mãos de Salomão (2Rs 2,46).  

Mas o tempo passou e Jeroboão, um dos oficiais de Salomão, rebelou-se contra o rei, que tentou matá-lo. Com medo, Jeroboão fugiu para o Egito, permanecendo lá até a morte de Salomão.

Roboão assumiu o trono no lugar de sei pai Salomão, dando continuidade a dinastia de Davi. Jeroboão, astuto, voltou do Egito, se aproveitou da antiga rivalidade entre o Norte e o Sul e tornou-se rei em Siquém, ao norte de Jerusalém.  Mas Jeroboão tinha um problema. Como manter seu reino se o povo tinha que cultuar Yahweh na rival Jerusalém? Solução: criar novos locais de culto, nomear sacerdotes não levitas e fabricar um objeto (um bezerro de ouro) que servisse se assento a Yahweh, tal qual a arca da aliança. O resultado você vê abaixo:


Jones F. Mendonça

ELEPHANT GUN - BEIRUT


A CANDLE'S FIRE - BEIRUT


terça-feira, 9 de outubro de 2012

PAULO, O CRISTIANISMO PRIMITIVO, A TRADIÇÃO E A LEI JUDAICA


Quanto à sujeição dos cristãos à lei judaica, o Livro de Gálatas registra as seguintes palavras de Paulo: “nem mesmo Tito [...] foi obrigado a circuncidar-se, apesar de ser grego. [...] Não nos submetemos a eles [os judaizantes] nem por um instante“(Gl 2,3.5).  Em Gálatas fica nítida a oposição que Paulo faz a Pedro (2,12), a “alguns da parte de Tiago” (2,11) e a Barnabé (2,13), todos com tendências judaizantes. Supor que o motivo da separação ente João Marcos e Paulo na Panfídia tenha sido a tendência judaizante do primeiro não chega a ser um desatino.

Mas o livro de Atos mostra um Paulo mais ameno, longe da polêmica antijudaica. Em Atos 16,3 ele circuncida Timóteo, um cristão estimado em Listra, filho de mãe judia e pai grego. O motivo da sua não circuncisão  na infância Lucas não diz, mas o motivo da circuncisão tardia está lá: “por causa dos judeus que viviam naquela região”. A intenção não seria teológica, mas estratégica (Shaul entre os judeus, Saulo entre os gregos e Paulus entre os latinos). Em Atos 18,18 Paulo chega a fazer um voto de nazireu antes de embarcar para a Síria, no norte da Palestina (veja também At 21,26). Ainda que o apóstolo tenha dito em sua carta aos gálatas que não se submetera aos judaizantes “nem por um instante”, o livro de Atos parece registrar alguns momentos em isso aconteceu. O próprio Paulo explica o que o motivou sua sujeição à lei entre os judeus: “tornei-me como se estivesse sujeito à lei, a fim de ganhar os que estão debaixo da lei” (1Co 1,20).

Mas em diversas passagens a posição de Paulo em relação ao valor da lei parece ambígua. Apesar de afirmar que ninguém será declarado justo pela obediência à lei (3,20), ele insiste que a lei não é anulada pela fé (3,31). Ao mesmo tempo em que diz (citando Isaías): “apenas o remanescente [de Israel] será salvo“ (Rm 9,27), num outro momento declara: “Todo o Israel será salvo” (Rm 11,26). Confuso?

Há quem pense que algumas cartas de Paulo sofreram remendos, daí as “contradições” e “incoerências”. Outros defendem que Paulo jamais rompeu com o judaísmo. Suas cartas, particularmente Romanos, deixariam clara sua posição: judeus convertidos (como ele e Timóteo) devem seguir a lei, os gentios não. Por fim há os que entendem ser Paulo um sujeito confuso, atormentado pela tentativa de conciliar a prática da lei judaica com a salvação pela graça.   

Se você se interessa pela teologia paulina e pelas questões apresentadas acima, talvez queira de ler (em inglês) a última publicação da BAS (Biblical Archaeology Review): “Paul: Jewish Law and Early Christianity” (Paulo: lei judaica e cristianismo primitivo). Eis um pequeno resumo do conteúdo do Ebook apresentado pelo site da BAS:
Nesta última publicação da BAS os melhores estudiosos bíblicos examinam o papel controverso da lei e da tradição judaica no cristianismo primitivo. Paulo, o apóstolo que escreveu a maior parte do Novo Testamento, discutiu o papel do judaísmo entre os seguidores de Jesus em uma série de cartas. Embora Paulo tenha pregado a justificação pela fé em Cristo, ele era fariseu e abordou o papel das tradições judaicas e da condição de Israel na nova aliança.
Para baixar o ebook (e muitos outros) basta fazer um cadastro no site. Faça isso aqui.


Jones F. Mendonça

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

TIAMAT, TEHOM, MARDUK E O GÊNESIS

Poucas pessoas se dão conta, mas resquícios de antigos mitos babilônicos estão presentes  na Bíblia hebraica. A "impressões digitais" estão por toda a parte.  Durante o exílio (século VI a.C.) um exímio escritor israelita fez um trabalho semelhante ao de C. S. Lewis em "As Crônicas de Nárnia", inserindo teologia judaica em antigos mitos babilônicos (C. S. Lewis inseriu teologia cristã em mitos nórdicos)

O The Jewish Daily Forward publicou um pequeno texto sobre o assunto, escrito por Philologos (07/10/12). 

Leia em português com tradução do Google aqui
Em inglês aqui


Jones F. Mendonça

TRIKE DRIFTING


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A GUERRA SIRO-EFRAIMITA

Estamos no século VIII a.C. Acaz reina em Judá (capital Jerusalém), Peca em Israel (capital Samaria) e Rezim na Síria (capital Damasco). Os assírios, povo mesopotâmico com elevado potencial militar, ameaçam toda a região com invasões, deportações e tributos. Peca e Rezim, temerosos, tentam forçar Acaz a participar de uma coalizão antiassíria, mas o rei de Judá prefere aliar-se à Assíria e lhe pagar tributo:
Sou teu servo e teu vassalo. Vem salvar-me das mãos do rei da Síria e do rei de Israel, que estão me atacando (2Rs 16,7).
Desesperado, Acaz chega a construir um altar de acordo com o modelo assírio (Rs 16,10). Oséias o condena: “Efraim se voltou para a Assíria, e mandou buscar a ajuda do grande rei” (Os 5,13). Além de Oséias (no Norte), o caos social e a infidelidade a Yahweh são denunciados por profetas como Miquéias e Isaías (no Sul). 

O clima no sul é de incerteza. Isaías quer que Acaz peça um sinal a Yahweh, mas o rei se recusa. Ainda assim o profeta diz: “a virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamará Emanuel” (Is 7,14). Isaías afirma que Samaria e Damasco serão destruídas antes que este menino se torne adulto (7,16; 8,4). Mateus, numa exegese tipicamente judaica, verá na passagem uma profecia messiânica (Mt 1,23).

A campanha militar iniciada por Tiglate-Pileser (745-727) e seguida com Salmaneser V (726-722), termina com Sargão II (722-705). Em 722 Samaria sucumbe ao exército assírio. Muitos são deportados. Na terra devastada o rei da Assíria insere gente da Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e de Sefarvaim (2Rs 17,24). Povos diferentes, deuses diferentes: Sucote-Benote, Nergal, Asima, Nibaz, Tartaque, Adrameleque, Anameleque (17,31). Os samaritanos perdem sua identidade étnico-religiosa.

Pouco mais de um século depois, em 587 a.C., Judá cairá nas mãos dos babilônios, catástrofe que terá profundos impactos na teologia dos israelitas.

Abaixo meu mais novo mapa, que ilustra a aliança entre a Síria e Efraim (Israel):

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Jones F. Mendonça