segunda-feira, 29 de março de 2010

CARTAZES DE GRUPO ORTODOXO JUDAICO AUMENTAM TENSÃO EM JERUSALÉM

Uma campanha patrocinada pelo movimento “Nossa Terra de Israel”, liderada pelo Rabino Shalom Dov VOLPO e o ativista Baruch Marzel tem causado polêmica. O grupo promoveu a distribuição de cartazes contendo a frase “para construir o Templo rapidamente em nossos dias.  A imagem do templo reconstruído estampada nos cartazes supõe a destruição da Mesquita Al Aqsa e do Domo da Rocha, já que elas não aparecem na imagem do novo templo. Esses locais são considerados sagrados pelos muçulmanos.

Falando ao
The Jerusalem Post, no domingo, Marzel disse que não foi um erro a ausência dos santuários islâmicos na imagem do cartaz. 

“Estamos representando a verdade, na frente de todos, e dizer em voz alta o que cada judeu acredita”, Marzel disse ainda que “O Terceiro Templo precisa ser construído de imediato no Monte do Templo e a mesquita não deveria estar lá”. 

Com relação à campanha, VOLPO disse que Israel está tomando fôlego para a vinda do Messias e a reconstrução do templo. 

“Os árabes e o presidente Obama sabem que o Templo será construído no Monte do Templo”, disse ele. “Em vez de as instalações provisórias que estão lá hoje”. 

A opinião do Numinosum:

A imprensa fala muito do “radicalismo islâmico” e pouco do “radicalismo judaico”. Outro erro é falar apenas em “terrorismo islâmico”. Vale lembrar que o primeiro grupo terrorista surgido na Palestina era judaico, o IRGUN (Organização Militar do Povo). Nem mesmo um livro que faz apologia ao governo de Israel pode negar esse fato:

“Antes do estabelecimento do Estado de Israel, grupos dissidentes – não sobre controle da Agência Judaica (o governo pré-Israel) ou da Hagganah (o exército oficial pré-Israel) – bombardearam o quartel-general do governo colonial britânico, localizado numa ala do Hotel King David, matando 91 pessoas”[1].

Em relação ao trecho: “não sobre controle da Agência Judaica [...] ou da Hagganah”, é claro que um livro pró-Israel vai negar que esse grupo terrorista agia com o consentimento da liderança judaica oficial. Isso não é muito diferente do que faz a atual liderança palestina.

Resumindo, não há nenhum mocinho nessa história.

Ótimas referências aos atos de terrorismo cometidos por grupos sionistas podem ser lidos na seguinte obra:

TERRA, J. M. A questão da Palestina. São Paulo: Loyola, 2003.

A notícia completa tratando sobre essa polêmica campanha pode ser lida aqui e aqui.

Nota:

[1] DERSHOWITZ, Alan. Em defesa de Israel. 2004, p.189.

quinta-feira, 25 de março de 2010

A HALACHÁ E OS OSSOS HUMANOS

Depois da controversa decisão do governo Israelense de transferir o pronto-socorro Barzilai no Ashkelon Medical Center por causa de túmulos antigos encontrados no local, o diretor do Ministério da Saúde, Dr Eitan Hai-Am, pediu demissão do cargo. A descoberta dos ossos causou um intenso mal estar, já que na religião judaica os ossos humanos possuem um profundo valor religioso.

Para o Dr. Jeffrey Woolf, perito na lei judaica na Universidade Bar-Ilan, a Halachá (corpo de decisões legais presentes no Talmude) não contém nenhuma proibição ao transporte dos ossos para outro local. Mas o impasse parece não ter uma solução muito fácil, já que a questão envolvendo os ossos não é apenas religiosa, mas também política. Quem sai perdendo é a população.

Mais informações no The Jerusalém Post.

quarta-feira, 24 de março de 2010

ESTUDIOSA AFIRMA: O GETSÊMANE NÃO ERA UM JARDIM, MAS UMA CAVERNA

O Evangelho de Marcos descreve Jesus e os discípulos indo para o Monte das Oliveiras após a última ceia. Eles atravessam o vale de Cedron e param para orar num local chamado Getsêmane (Mc 14,32), que significa “prensa do óleo”. Joan E. Taylor, pesquisadora na área de história e arqueologia da religião no Mediterrâneo Oriental durante os períodos helenístico e romano, destaca que nem Marcos e nem Mateus se referem ao local como sendo um jardim, mas apenas como propriedade ou simplesmente lugar. Mas João 18,1 fala que Jesus entrou em uma área cultivada (kepos), talvez um jardim. Acontece que o texto de João parece indicar que Jesus saiu (ep' auton) de dentro que algo que ficava no jardim após a chegada de um grupo de pessoas que queriam prendê-lo. A palavra “sair” não pode estar se referindo ao recinto do jardim, já que sua prisão ocorreu neste local. Mas afinal, Jesus saiu de onde?

Para Joan E. Taylor Jesus saiu de uma caverna que ficava dentro de um local cultivado no Monte das Oliveiras. As evidências para essa teoria estariam no fato dos discípulos terem dormido no local (um recinto coberto seria mais adequado), no costume de se construir prensas de azeite em cavernas e nos relatos de peregrinos cristãos dos primeiros séculos, que relataram a presença de presas de óleo subterrâneas localizadas no Monte das Oliveiras.


Dentre os livros publicados pela autora estão:



Christians and the Holy Places: The Myth of Jewish Christian Origins (Oxford: Clarendon, 1993).(Irene Levi-Sala Prize winner, 1995) 


The Immerser: John the Baptist within Second Temple Judaism (Grand Rapids, Mich.: Eerdmans, 1997; also published as John the Baptist: A Historical Study (London: SPCK, 1997).

O artigo completo (em inglês) pode ser lido aqui.

A TEOLOGIA MORAL DE IMMANUEL KANT

Por Jones Mendonça

O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) divide a teologia em três tipos distintos: Transcendentalem (Pensar Deus em termos transcendentais), Naturalem (pensar Deus em  termos de conceitos físicos) e Moralem (pensar Deus a partir de conceitos morais). Abaixo um breve comentário sobre cada um deles:

Transcendental: A teologia transcendental pressupõe o conhecimento de Deus por meio da razão, mas limita-se a apresentar Deus como causa do mundo (sem intenção - Deus impessoal). Para Kant, aquele que concebe unicamente uma teologia transcendente é chamado deísta[1].

Natural: Conhecimento de Deus por meio da analogia com a natureza. Mais objetiva que a teologia transcendental, apresenta Deus como autor do mundo (com intenção - Deus pessoal). Para Kant, quem admite tanto a teologia transcendental como a natural é chamado de teísta[2].

Moral: Ultrapassando o horizonte da teologia transcendental e natural, Kant, em sua obra “Lições de teologia filosófica”, apresenta a teologia como “o sistema de nosso conhecimento acerca do sumo bem”[3]. Para o filósofo alemão a teologia deve estar subordinada à moral. Mas alguém poderia perguntar: “que parâmetros utilizar para que o  ideal moral seja conhecido?”. Kant não hesitaria em dizer que isso se alcançaria por meio do uso da razão. Mas ele reconhece que mesmo com o uso da razão o homem não consegue por si só alcançar o sumo bem, por isso a igreja se torna necessária para mantê-lo longe do mal. Para Kant são as leis morais que nos conduzem ao sumo bem.

Nietzsche (1844-1900) foi um dos que fez duras críticas ao chamado “imperativo moral” Kantiano. Ele não acreditava, como Kant, numa razão universal absoluta, e, portanto, numa moral universal. Pensadores cristãos modernos, como o filósofo e político italiano  Gianni Vattimo conseguem pensar o cristianismo sem concepções absolutas. Um autor brasileiro que aborta a ética sob o mesmo prisma (sem parâmetros absolutos) é Olinto pegoraro (Ética e bioética: da subsistência à existência, Vozes, 2002).

Caso queira ler um artigo de Vattimo sobre o assunto, clique aqui.

Referências bibliográficas:
FERRAZ, Carlos Adriano. Do juízo teológico como propedêutica à teologia moral em Kant. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005.

KRASSUSKI, Jair Antônio. Crítica da religião e sistema em Kant: um modelo de reconstrução racional do cristianismo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005.

VV, AA. Dicionário teológico enciclopédico. São Paulo: Loyola, 2003.

Notas:

[1] KRASSUSKI, Jair Antônio. Crítica da religião e sistema em Kant: um modelo de reconstrução racional do cristianismo. 2005,  p.64.
[2] Id. ibid.
[3] Kant, I. Lectures on philosophical theology. Ithaca: Cornell University Press, 1986, p.23 apud FERRAZ, Carlos Adriano. Do juízo teológico como propedêutica à teologia moral em Kant. 2005, p.142.

sábado, 20 de março de 2010

HANS KÜNG, O PAPA E A PEDOFILIA

O catolicismo moderno passa por uma crise intensa: escândalos sexuais, perda de fiéis e teólogos criados em seu próprio seio opondo-se à política conservadora de Bento XVI. Um belo exemplo é o teólogo suíço Hans Küng, antiga pedra no sapato do Vaticano. Recentemente  suas críticas ao celibato foram publicadas no Süeddeutsche Zeitung, 17-03-2010, que pode ser lido em portugês no IHU.

Leia o artigo na íntegra clicando aqui.

quarta-feira, 17 de março de 2010

TEÓLOGO CATÓLICO ARGENTINO NEGA HISTOTICIDADE DE ADÃO E EVA, APARIÇÃO DE ANJO E DE VIRGEM MARIA.

Acho interessante como a maioria dos líderes da igreja cristã (seja ela católica ou protestante) fazem de tudo para esconder dos fiéis formulações teológicas que já são praticamente consenso entre os teólogos. Admiro a coragem do biblista e teólogo Ariel Alvarez Valdés em renunciar ao sacerdócio por se recusar a negar suas idéias. Ele é mais um na lista dos teólogos católicos perseguidos pelo Vaticano, tais como Edward Schillebeeckx (a favor da ordenação feminina e de homens casados), Hans Küng (criticou a hierarquia da igreja), Eugen Drewermann (crítica ao celibato), Charles Curran (a favor de métodos contraceptivos), Jacques Dupuis (universalista) e Leonardo Boff (questionou a hierarquia e o papel da igreja). Alguns desses homens foram chamados de hereges, mas como dizia Rubem Alves: “heresia e ortodoxia são palavras criadas pelos ortodoxos. Mas [...] ortodoxos são aqueles que tiveram o poder para impor suas idéias”.

Transcrevo abaixo parte da entrevista feita com Ariel Valdés publicada pelo IHU.

O que o senhor defende acerca do relato de Adão e Eva?
Que não é um relato histórico. O autor que o escreveu não sabia nem pretendia ensinar como o homem apareceu sobre a Terra. O que a Bíblia sabe é de onde o homem veio: das mãos de Deus. Como ele apareceu, se foi ou não como a teoria da evolução propõe, é assunto dos cientistas. O relato de Adão e Eva procura destacar a grandeza de um homem e de uma mulher criados por Deus: ninguém pode abusar de outra pessoa, por mais humilde que seja, já que em todo o ser humano reside a imagem de Deus.

E qual é a doutrina oficial da Igreja a respeito?
A imensa maioria dos teólogos defendem o que eu acabo de dizer. De fato, o Vaticano me enviou uma carta em que reconhecia que minha posição era correta, mas questionavam o fato de divulgá-la ao grande público, em vez de circunscrevê-la a livros técnicos de difícil acesso.

Outros pontos de discrepância se referiam à figura de Maria.
Não é verdade que o anjo Gabriel tenha "aparecido" a Maria, como um senhor que entrou voando pela janela: se tivesse sido assim, Maria não teria tido oportunidade para expressar sua fé. Se realmente tivesse visto o anjo, não se trataria de fé. Na realidade, o anjo simboliza a voz de Deus no coração de Maria.

Outro ponto era a sua negativa em admitir "aparições" da Virgem Maria.
Os mortos, segundo a Bíblia, não podem voltar à Terra. Aquele que morreu não volta, e o que voltou nunca morreu. Essas histórias que Víctor Sueyro recompilava, de túneis, luzes e música, correspondem ao aquém: ninguém volta do além. Então, a Virgem Maria não pode "aparecer", não pode se apresentar fisicamente a ninguém. Alguém pode ter uma visão da Virgem Maria, que ocorre na retina da pessoa, mas não no exterior.

O senhor também propôs que os chamados estigmas não são sinais de santidade, nem provêm de Deus.
Lamentavelmente, muitos acreditam que são sinais de santidade enviados por Deus. Mas não podem vir de Deus, porque doem muito. Um estigma é terrivelmente doloroso, é uma fenda na mão. Deus é amor e bondade e não pode mandar feridas às pessoas. Os estigmas vêm dos desequilíbrios mentais das pessoas: cientificamente, a mente humana pode ter um poder despótico sobre o organismo. Da mesma forma, muitas pessoas continuam pensando que Jesus nos salvou com a sua morte na cruz e que, senão, não teria nos salvado. Quer dizer que Ele contratou Pilatos para que o condenasse, a Pedro para que o negasse, a Judas para que o traísse? Se Judas não o tivesse entregue, Ele não teria nos salvado? Jesus teria nos salvado da mesma forma, mesmo que tivesse morrido velhinho em sua cama. Porque ele nos salva por meio do amor, não da dor.

segunda-feira, 15 de março de 2010

ARIEL ALVAREZ VALDÉS E O VATICANO

O Instituto Humanitas Unisinos vem publicando desde 2008 o caso do biblista argentino Ariel Alvarez Valdés, impedido de lecionar pelo Vaticano. Segue abaixo um resumo de toda a história.

O Dr. Ariel Alvarez Valdés, que teve sua permissão canônica suspensa para ensinar as disciplinas teológicas a partir do dia 5 de agosto de 2008, deixou o sacerdócio em julho de 2009. Tudo começou com uma denúncia feita pelo sacerdote jesuíta uruguaio Horacio Bojorje, incomodado com um artigo publicado por Alvarez Valdés sob o título: “¿El diablo y el demonio son lo mismo? [O diabo e o demônio são a mesma coisa?]”. No artigo, o biblista e teólogo argentino sustenta que em muitos casos os endemoninhados dos Evangelhos eram doentes com patologias desconhecidas na época. Outro ensinamento do biblista considerado perigoso pela Igreja é a negação da historicidade de Adão e Eva. Ariel Alvarez se negou a reafirmar que Adão e Eva são personagens históricos, como determinava o Vaticano. Em correspondência enviada a Religión Digital, 14-03-2010, o biblista argentino informa que “isso significava minha morte acadêmica”. O Estado de São Paulo publicou, em 22 de agosto de 2008, a defesa do biblista:

“Em todos estes anos procurei mostrar-lhes que, em primeiro lugar, nenhuma das minhas afirmações são dogmas de fé, nem transgridem nenhum dogma de fé. Se Adão e Eva existiram, não é nenhum dogma de fé. Se a Virgem Maria se parece ou não com as pessoas, não é nenhum dogma de fé. Todas estas afirmações não são dogmas de fé. Defendi-me dizendo isto e, em segundo lugar, todas estas afirmações são ditas por outros autores católicos e que nunca foram proibidos”.

Ariel é padre, biblista e teólogo, nascido em Santiago del Estero, Argentina, em 1957. Licenciado em Teologia Bíblica pela Faculdade Bíblica Franciscana de Jerusalém, Israel, e doutor em Teologia Bíblica pela Universidade Pontifícia de Salamanca, Arial Alvarez é considerado o biblista mais lido na língua castelhana.

Comentando o caso
Ao que parece a dura medida do Vaticano em relação ao teólogo tem a ver com sua popularidade, já que suas afirmações não são nenhuma novidade nos círculos acadêmicos. Se suas idéias não afetam nenhum dogma de fé, porque impedi-lo de lecionar? É importante destacar que ao negar a historicidade de Adão e Eva, o teólogo não está negando o valor espiritual do relato da criação, mas apenas que não o interpreta literalmente.


Se há uma coisa que admiro nos teólogos católicos é a capacidade que possuem de fazer uma leitura bíblica que fique entre o fundamentalismo (interpretação excessivamente literal), e o racionalismo (crítica e cética demais). Utilizei uma das obras de Ariel Alvarez Valdés (O que sabemos sobre a Bíblia) para escrever um artigo que postei aqui no Numinosum em outubro de 2009. Caso queira dar uma lida no artigo clique aqui.

sexta-feira, 12 de março de 2010

RESUMO DE ALGUNS APÓCRIFOS (OU PSEUDEPÍGRAFOS OU EXTRACANÔNICOS) DO ANTIGO TESTAMENTO

Por Jones Mendonça

A quantidade de livros rejeitados pelo cânon judaico e cristão (católicos e protestantes) é bem extensa. Alejandro Diez Macho contabiliza 66 livros[1] (incluindo os fragmentos de obras perdidas). Segundo o gênero literário são classificados da seguinte forma: narrativas, testamentos, sapienciais, apocalípticos e Salmos e orações.

Ainda que muito do conteúdo dos apócrifos seja uma tentativa de preencher lacunas deixadas pelos escritos canônicos, tais como a morte de Moisés, a origem dos demônios e o martírio dos profetas, nem todo o seu conteúdo deve ser encarado como mera fantasia. Judas (Jd 14) cita o profeta Enoque quando diz: “Eis que o Senhor veio [...] exercer o julgamento sobre todos os homens e argüir todos os ímpios...” (citando Enoque 1,9). Também parece citar o apócrifo Assunção de Moisés no versículo 9. O Livro de Hebreus fala de mártires que “foram serrados ao meio” (Hb 11,37) parecendo se referir ao apócrifo Ascensão de Isaías.

Segue abaixo um breve resumo de alguns dos mais conhecidos apócrifos do Antigo testamento:

1 Henoc (séc. II a.C. - I d.C.) – Também conhecido como Enoque Etíope, o livro é formado pela junção de cinco outros livros: O livro dos Vigilantes (caps. 1-36), das Parábolas (caps. 37-71), da astronomia (caps. 72-82), dos Sonhos (caps. 83-90), e o das semanas e Carta de Enoque (caps. 91-105). O livros dos Vigilantes é sem dúvida o mais conhecido. Ele descreve a queda dos anjos após terem se relacionado sexualmente com mulheres humanas (cap. 7). Dessa relação nasceram gigantes de 3.000 côvados de altura que devoravam as pessoas e os animais. Também descreve como Azazel, um dos anjos caídos, ensinou os homens a arte de trabalhar com metais (cap. 8). Há muitos detalhes curiosos no livro, como a descrição de anjos rebeldes pedindo que Enoque interceda e ore por eles (4,6-7), e o nascimento de Noé, que vem ao mundo com o seu corpo “branco como a neve e vermelho como uma rosa, os cabelos de sua cabeça [...] como a lã e os seus olhos como os raios do sol” (106,1)

2 Henoc (final do séc. I d.C.) – Também chamado de “Os Segredos de Enoque”. O livro descreve a viagem de Enoque aos sete céus com um conteúdo apocalíptico cheio de curiosidades sobre a criação do universo, o mundo dos astros, dos anjos e de realidades escatológicas.

Jubileus (séc. II a.C.) – O livro tem esse nome porque a história nele contida é apresentada em períodos jubilares de 7 em 7 anos. O livro dos Jubileus, assim como o livro de Enoque, repete a idéia dos anjos guardiões que tiveram relações sexuais com as mulheres humanas, dando origem aos gigantes.

Vida de Adão e Eva (séc. I d.C.) – O livro possui duas versões, uma grega e outra latina. Escrita originalmente em hebraico, a primeira obra é uma “narração haggádica do tipo midráxico sobre os primeiros capítulos do Gênesis”[2]. A distinção entre alma e corpo está presente na obra, ao contrário do que pensava o judaísmo primitivo. Há no livro uma insistencia na ressurreição de Adão e Eva como fenômeno escatológico dos últimos dias. A versão latina é diferente da primeira em diversos pontos. Numa parte do livro Adão pergunta a Satã o porque de sua maldade. Satã lhe responde que foi expulso do céu por sua culpa, já que Miguel havia exigido que os anjos adorassem o primeiro homem criado à imagem de Deus. Como na versão grega, o livro fala da ressurreição dos mortos nos últimos dias.

Martírio e Ascensão de Isaías (séc. II a.C. - IV d.C.) – O livro se divide em duas partes: o “Martírio de Isaías” e a “Visão de Isaías”. A primeira parte narra a perseguição do rei Manassés ao profeta, principalmente por ter afirmado ter visto Deus (cf. Is 6). Ao se esconder num tronco oco, Isaías teria sido serrado ao meio por ordem do rei. Um trecho do livro de Hebreus (Hb 11,36,37), parece fazer alusão a esse episódio. A segunda parte do livro é uma adição feita por um redator cristão no final do século I ou início do século II. Assumindo o pesudônimo “Isaías”, o autor narra uma viagem que fez aos sete céus.

Oráculos Sibilinos (incluindo todos; séc. II a.C. - VII d.C.) – É uma coleção de oráculos judaicos que imitam os oráculos sibilinos pagãos com o intuito de propagar o pensamento judaico entre os gentios. Segundo Pierre Grelot, a destruição de uma coleção de oráculos atribuídos à Sibila, num incêndio em 82 a.C., motivou os judeus a lançarem uma nova coleção de Livros Sibilinos contendo crenças judaicas numa apresentação popular[3]. A obra na sua forma atual é uma mescla de materiais pagãos, judeus e cristãos.

Referências bibliográficas:
GRELOT, Pierre. Esperança judaica no tempo de Jesus. São Paulo: Loyola, 1996.
MAIER, Johann. Entre os dois testamentos: História e religião na época dos Segundo Templo. São Paulo: Loyola, 2005.
MACHO, Alejandro Diez. Introduccion general a los apocrifos del Antiguo Testamento - Tomo I. Madrid, Ediciones Cristandad, 1984.
NOQUEIRA, Paulo Augusto de Souza. Religião de visionários: apocalíptica e misticismo no cristianismo primitivo. São Paulo: Loyola, 2005.
GABEL, John. B.; WHEELER, Charles B. A Bíblia como literatura. São Paulo: Loyola, 2003.

Notas:
[1] MACHO, Alejandro Diez. Introduccion general a los apocrifos del Antiguo Testamento - Tomo I , 1984, p. 39.
[2] Id. ibid., p.195.
[3] GRELOT, Pierre. Esperança judaica no tempo de Jesus. 1996, p. 90,91.


Crédito da imagem:
Tela de Luca Giordano
A queda dos anjos rebeldes (1666),
Museu artístico e histórico de Viena.

ISRAEL PODE PERDER ALIADOS POR CAUSA DE ASSENTAMENTOS

JERUSALÉM - O Partido Trabalhista pode deixar a coalizão no poder em Israel após o governo anunciar a construção de mais 1.600 casas em Jerusalém Oriental, território reivindicado pelos palestinos. A afirmação foi feita hoje pelo ministro da Agricultura, Shalom Simhon. "Membros do Partido Trabalhista têm mais dificuldades de fazer parte de uma coalizão em que eles entraram com o propósito de relançar o processo de paz com os palestinos", afirmou Simhon, que é trabalhista, à rádio do Exército.

Segundo ele, o descontentamento do vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com a notícia sobre a expansão no assentamento é justificada. "Um grave erro foi cometido (por Israel) e há um preço a pagar."

Na terça-feira, o Ministério do Interior de Israel informou que aprovou a construção de mais 1.600 casas em Ramat Shlomo, um assentamento judaico em Jerusalém Oriental, parte da cidade de maioria árabe. Os palestinos querem Jerusalém Oriental como capital de seu futuro Estado independente. Em visita ao Oriente Médio, o vice do presidente Barack Obama criticou o anúncio israelense. As informações são da Dow Jones.

Fonte: Estadão

segunda-feira, 8 de março de 2010

DIA INTERNACIONAL DA MULHER


Marcha que reuniu 15 mil mulheres em Nova York em 1908, exigindo a redução da jornada de trabalho, melhores salários e direito a voto. Parabéns mulheres!

KUTTAMUWA É IDENTIFICADA COMO A BÍBLICA "NETA'IM"

Transcrevo abaixo trecho de uma notícia veiculada pela Universidade de Haifa a respeito do polêmico fragmento de cerâmica encontrado em Kuttamuwa. O fragmento seria uma evidência de que os israelitas já conheciam a escrita antes do século X. A tradução foi feita pelo Numinosum:
O Prof Gershon Galil, do Departamento de Estudos Bíblicos da Universidade de Haifa identificou Kuttamuwa como "Neta'im", [cidade] mencionada no livro de Crônicas. “Os habitantes de Neta'im foram oleiros que trabalharam no serviço do rei e habitaram um importante centro administrativo, perto da fronteira com os filisteus”, explica o Prof Galil.
Kuttamuwa é uma cidade de província [situada] na região do Vale de Elah. As escavações arqueológicas realizadas em Kuttamuwa por uma equipe chefiada pelo Prof Yosef Garfinkel e Saar Sr. Ganor dataram o local para o início do século 10 a.C., ou seja, o tempo de governo do rei Davi. Uma inscrição em hebraico em um caco de cerâmica encontrado no local, datado do século 10, foi recentemente decifrado pelo Prof Galil e indica a presença de escribas e um elevado nível de cultura na cidade.
Para ler notícias mais antigas a respeito do tema clique aqui, aqui e aqui.

sexta-feira, 5 de março de 2010

DICIONÁRIO DE SÍMBOLOS ON-LINE

Se você se interessa por simbologia não deixe de visitar o site symbolDictionary.net. Os símbolos são apresentados por temas: Música e cultura pop, druidas e celtas, cristianismo e gnosticismo, magia, ocultismo e satanismo, etc. Ao clicar na imagem surge um breve histórico do símbolo.



Para ler mais artigos sobre simbologia, clique aqui.

segunda-feira, 1 de março de 2010

JERUSALÉM 360°

Conheça o Santo Sepulcro sem sair de casa clicando no link abaixo:


“Mulher prostrando-se sobre a Pedra da Consagração, uma laje de pedra vermelha aos pés do calvário, polida pelas lágrimas derramadas sobre ela no decorrer de muitos anos. Aqui, de acordo com a tradição, o corpo de Jesus foi colocado depois de ter sido tirado da cruz e lavado, untado com óleo e preparado para o sepultamento. Junto a Pedra da Consagração encontram-se altos castiçais e em cima pendem oito lampiões de cerâmica e pêndulos ovais”[1].
[1] A imagem e o texto foram retirados da seguinte obra: ISACHAR, Hanan; CANETTI, Hedva Isachar. Imagens da Terra Santa. Israel: Apogee Press.

Conheça a Cúpula da Rocha e a Mesquita de Al-Aqsa clicando no link abaixo:
O Domo da Rocha foi construído como um santuário, em 691 a.D. pelo Califa árabe Abd al Malek ibn Maruwan, da dinastia Ummayad. De acordo com a tradição muçulmana foi o local de onde Maomé ascendeu ao Paraíso montado em seu cavalo Al-Burak.