Por Jones Mendonça
O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) divide a teologia em três tipos distintos: Transcendentalem (Pensar Deus em termos transcendentais), Naturalem (pensar Deus em termos de conceitos físicos) e Moralem (pensar Deus a partir de conceitos morais). Abaixo um breve comentário sobre cada um deles:
Transcendental: A teologia transcendental pressupõe o conhecimento de Deus por meio da razão, mas limita-se a apresentar Deus como causa do mundo (sem intenção - Deus impessoal). Para Kant, aquele que concebe unicamente uma teologia transcendente é chamado deísta[1].
Natural: Conhecimento de Deus por meio da analogia com a natureza. Mais objetiva que a teologia transcendental, apresenta Deus como autor do mundo (com intenção - Deus pessoal). Para Kant, quem admite tanto a teologia transcendental como a natural é chamado de teísta[2].
Moral: Ultrapassando o horizonte da teologia transcendental e natural, Kant, em sua obra “Lições de teologia filosófica”, apresenta a teologia como “o sistema de nosso conhecimento acerca do sumo bem”[3]. Para o filósofo alemão a teologia deve estar subordinada à moral. Mas alguém poderia perguntar: “que parâmetros utilizar para que o ideal moral seja conhecido?”. Kant não hesitaria em dizer que isso se alcançaria por meio do uso da razão. Mas ele reconhece que mesmo com o uso da razão o homem não consegue por si só alcançar o sumo bem, por isso a igreja se torna necessária para mantê-lo longe do mal. Para Kant são as leis morais que nos conduzem ao sumo bem.
Nietzsche (1844-1900) foi um dos que fez duras críticas ao chamado “imperativo moral” Kantiano. Ele não acreditava, como Kant, numa razão universal absoluta, e, portanto, numa moral universal. Pensadores cristãos modernos, como o filósofo e político italiano Gianni Vattimo conseguem pensar o cristianismo sem concepções absolutas. Um autor brasileiro que aborta a ética sob o mesmo prisma (sem parâmetros absolutos) é Olinto pegoraro (Ética e bioética: da subsistência à existência, Vozes, 2002).
Caso queira ler um artigo de Vattimo sobre o assunto, clique aqui.
Referências bibliográficas:
FERRAZ, Carlos Adriano. Do juízo teológico como propedêutica à teologia moral em Kant. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005.
KRASSUSKI, Jair Antônio. Crítica da religião e sistema em Kant: um modelo de reconstrução racional do cristianismo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005.
VV, AA. Dicionário teológico enciclopédico. São Paulo: Loyola, 2003.
Notas:
[1] KRASSUSKI, Jair Antônio. Crítica da religião e sistema em Kant: um modelo de reconstrução racional do cristianismo. 2005, p.64.
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