sexta-feira, 29 de abril de 2016

DEUS E O TEMPO EM AGOSTINHO E FÍLON

Geralmente se atribui a Agostinho (354-430 d.C.) a ideia de que o tempo só passou a existir a partir da Criação. Assim, não faria sentido perguntar pelo que Deus fazia ANTES de criar o mundo. Mas o judeu Fílon de Alexandria (Interpretação alegórica I, I, 2) já dizia isso no início do primeiro século. Veja: 
É preciso confessar que o tempo é uma coisa posterior ao mundo. Por isso, seria dito corretamente que o mundo não foi criado no tempo, mas esse tempo teve a sua existência em consequência do mundo.
Leia "Interpretação alegórica I", de Fílon, aqui:



Jones F. Mendonça

sexta-feira, 15 de abril de 2016

ECBÁTANA NOS MONTES ZAGROS


Incrustada nos montes Zagros (Irã, antiga Pérsia) está Hamadan (antiga Ecbátana), citada no livro bíblico de Esd 6,2:
O rei Dario mandou então fazer uma pesquisa nos arquivos da Babilônia, onde se guardavam os tesouros. Encontrou-se um rolo na cidadela de Ecbatana, na província da Média.
Veja no Google Maps.



Jones F. Mendonça

A BÍBLIA E OS ÓSTRACOS DE ARAD

Questão discutida entre acadêmicos: os livros mais antigos do Antigo Testamento foram redigidos antes ou depois da destruição de Judá e sua capital Jerusalém pelos babilônios em 586 a.C.?

Aos interessados no assunto, sugiro esta matéria publicada no Haaretz (segue trecho):
Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Tel Aviv diz ter provas de que antiga Judá teve uma alta taxa de alfabetização e um sistema educacional sofisticado, tornando possível a redação do mais antigo núcleo da Bíblia no período do Primeiro Templo.
Leia mais aqui.

Uma opinião mais cautelosa (do prof. Rollston), aqui.

Jones F. Mendonça

O "PORTÃO DOS INFERNOS" AINDA ESTÁ DE PÉ (AINDA BEM)

Vários jornais estão anunciando a destruição de um dos 15 portões da antiga Nínive (moderna Mossul) pelo estado Islâmico: o portão de Mashqi. Mas as fotos mostram, de forma equivocada, o magnífico portão de Nergal, deus dos infernos, guardado por um imponente Lamassu. É o "copia e cola" do jornalismo...

Veja os 15 portões de Nínive aqui:



Jones F. Mendonça

MOISÉS COM CHIFRES NO TEXTO E NA ARTE

“A morte de Moisés”, por Alexandre Cabane (1850), como retratando em Ex 34,29. Repare que Moisés aparece com cornos, com chifres de luz.

Ex 34,29, traduzido de forma literal, diz: “E Moisés não sabia que ‘tinha chifres’ [hebraico = qaran] a pele de seu rosto” (umoshé lo-yada ki karan or panav). Jerônimo traduziu o texto para o latim assim: “cornuta esset facies sua”. Isso explica o Moisés chifrudo retratado pelos artistas renascentistas.

Mas será que Moisés foi realmente retratado com chifres no texto bíblico? No hebraico qeren – substantivo da mesma raiz verbal qaran (QRN) - é empregado com sentido “poder”, “força”, como em 1Sm 2,1: “o meu chifre [=qeren] se exalta em meu Deus”, ou seja, “meu poder se exalta em meu Deus”. Ou ainda no Sl 132,17: “em Ali farei brotar um chifre [=qeren; força, descendência] para Davi.

Infelizmente a forma verbal “qaran” só aparece em Ex 34, dificultando a tradução. Há quem pense que a imagem dos chifres evoque raios de luz. Talvez indique de seu rosto saia poder. Uma última hipótese, mais polêmica, sugere que Moisés realmente é retratado no texto com chifres, tal como Baal, por exemplo. Será?

Curioso é que em 34,33 Moisés cobre o rosto com um “masveh”, termo traduzido por “véu”, sugerindo que a ideia era impedir que o brilho de seu rosto ofuscasse os “filhos de Israel”. Ocorre que a palavra também só aparece neste capítulo. O objeto seria mesmo um véu? Por que Moisés precisava esconder o rosto? O que ele escondia? Chifres? Raios de luz?

Você tem um palpite?



Jones F. Mendonça

quinta-feira, 7 de abril de 2016

NUMINOSUM NO FACEBOOK

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Jones F. Mendonça

PROCURA-SE SACERDOTE RITUALMENTE PURO

O Instituto do Templo, instituição empenhada em reconstruir o templo de Jerusalém destruído em 70 d.C. pelos romanos, está em busca de homens (judeus) ritualmente puros para exercer o ofício de sacerdote. Ficou animadinho? Bem, se você nasceu num hospital ou visitou um cemitério em algum momento de sua vida, esqueça!

Leia mais aqui.


Jones F. Mendonça

JESUS COM ENXADA EM CÉU DOURADO

Esta tela, de Jacopo di Cione (1365-1398 / 1400), mostra Jesus ressurreto em sua primeira aparição (à Maria Madalena, cf. Jo 20,17). O céu dourado é influência da arte bizantina. Mas por que Jesus é retratado segurando uma enxada?




Leia mais aqui.



Jones F. Mendonça

MATEMÁTICA E ARTE

ARS QUBICA from Cristóbal Vila on Vimeo.

O FUTURO NO FÍGADO ESQUADRINHADO

Modelo de fígado babilônico em argila utilizado para instruir alunos na arte divinatória (1900-1600 a.C.). A prática de consulta do fígado de animais pelos babilônios com o propósito de prever o futuro é mencionada em Ez 21,21:

"Com efeito, o rei da Babilônia se deteve na encruzilhada, no começo dos dois caminhos, a fim de recorrer à sorte. Agitou as flechas, consultou os terafins e observou o fígado".

A imagem em altíssima resolução aqui.  

Mais imagens e informações sobre o artefato no British Museum aqui.


Jones F. Mendonça

segunda-feira, 4 de abril de 2016

EXORCISMO, ORIFÍCIOS E TREPANAÇÃO

Em seus Diálogos, o papa Gregório Magno (século VI) conta a história de uma freira que ficou possuída após comer uma alface em cujas folhas se escondia um demônio (Dial. 1.4.8).

Na Antiguidade (e atualmente entre os melanésios) alguns curandeiros praticavam a trepanação, abrindo orifícios na cabeça do paciente para que os demônios pudessem sair.

Nesta figura, do século XV, você vê São João Boaventura exorcizando uma mulher que expele um demônio pela boca (repare nos olhos “virados” da mulher).



Veja a imagem em seu contexto original na BibliotecaNacional da França (selecione a folha 84r no canto inferior direito).


Jones F. Mendonça

sexta-feira, 1 de abril de 2016

NOLI ME TANGERE

Você saberia dizer (sem colar!) que cena bíblica é retratada nas obras abaixo? Todas têm o mesmo título latino: "Noli me tangere".



Os autores das obras com suas respectivas datas:

-Caracciolo, 1620
-Bronzino, 1561
-Tiziano 1511-12



Jones F. Mendonça