João
Crisóstomo, arcebispo de Constantinopla, sabia que Junia, nome mencionado em Rm
16,7, é substantivo próprio feminino. Chega a lhe fazer um ditoso elogio: “quão grande sabedoria esta mulher deve ter tido para que tenha sido considerada digna do título de apóstolo!”. Isso no século IV!
No
século XIII bateu aquele incômodo. Então começaram a surgir tentativas de
transformar “Junia” em nome de homem (vejam que mudança de sexo é coisa
antiga!). Lutero, por exemplo, arrumou um jeito de eliminar qualquer dúvida
e traduziu o texto assim: “saudai a Andrônico e o Junias”. Inventou um artigo
que não existe.
Alguns
"doutores", na maior cara de pau, trataram de copiar o texto de modo
diferente, mudando a acentuação. Trocaram Iounían (feminino) por Iouniân
(masculino). Outros, após noites de sono perdidas, inventaram que Junia é forma
abreviada do substantivo próprio masculino Junianus. Eu fico rindo disso tudo.
Não há limites para a desonestidade intelectual.
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