quarta-feira, 27 de março de 2019

JÚNIA, A “APÓSTOLA” DE JOÃO CRISÓSTOMO

João Crisóstomo, arcebispo de Constantinopla, sabia que Junia, nome mencionado em Rm 16,7, é substantivo próprio feminino. Chega a lhe fazer um ditoso elogio: “quão grande sabedoria esta mulher deve ter tido para que tenha sido considerada digna do título de apóstolo!”. Isso no século IV!

No século XIII bateu aquele incômodo. Então começaram a surgir tentativas de transformar “Junia” em nome de homem (vejam que mudança de sexo é coisa antiga!). Lutero, por exemplo, arrumou um jeito de eliminar qualquer dúvida e traduziu o texto assim: “saudai a Andrônico e o Junias”. Inventou um artigo que não existe.

Alguns "doutores", na maior cara de pau, trataram de copiar o texto de modo diferente, mudando a acentuação. Trocaram Iounían (feminino) por Iouniân (masculino). Outros, após noites de sono perdidas, inventaram que Junia é forma abreviada do substantivo próprio masculino Junianus. Eu fico rindo disso tudo. Não há limites para a desonestidade intelectual.


Jones F. Mendonça

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