A
Bíblia, na versão João Ferreira de Almeida, apresenta Jacó dando a José uma
“túnica de várias cores” (Gn 37,3). Na Bíblia de Jerusalém a túnica não é
“colorida”, mas “adornada”. Na NVI a túnica não é colorida nem adornada, mas
“longa”. Quem tem razão?
No
texto hebraico consta “ketonet passiym”, onde ketonet indica claramente uma
“túnica” ou “manto”. Passiym é plural de “pas”, termo que só reaparece em 2
Samuel 13,18-19, qualificando a túnica de Tamar, filha do rei Davi. O texto
diz que este tipo de veste era especial, reservado à realeza.
É difícil saber com certeza se a tradução correta de “passiym” é “colorido” ou “longo”. Certo mesmo é que
sendo a túnica uma vestimenta especial, reservada à realeza, não fica difícil
entender a razão do descontentamento dos irmãos de José.
Repare
que no sonho que vem em seguida (37,5-11) José aparece dominando seus pais e
irmãos. Assim, o manto real recebido no verso 3 parece muito apropriado.
Em
tempo: A Septuaginta (versão grega da Bíblia) traduz “passiym” por "poikilos"
= algo com aspecto "múltiplo". A palavra grega reaparece em
1Pe 4,10: "despenseiros da MULTIFORME graça de Deus" (1Pe 4,10).
Talvez por isso a Bíblia de Jerusalém - seguindo a LXX? - tenha traduzido o
termo hebraico por "adornado", ou seja, "dotado de múltiplas
formas".
Jones
F. Mendonça
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