Por Jones Mendonça
Como o caráter fundamental do pensamento grego clássico era a solução dualista do problema das relações entre realidade empírica e o Absoluto (o mundo e Deus), e como o mundo da experiência não podia, por si mesmo, apresentar a sua própria justificação, a razão humana foi impelida a buscar uma justificação transcendente. Inicialmente, esse ser transcendente permaneceu como causa parcial e não total do mundo sensível, perdendo assim a função explicativa do mundo da experiência, devido a sua concepção dualista. Esse era o deus platônico. O deus dos filósofos.
Na concepção grega de mundo, o tempo (καιρός) se sucedia em círculo eterno, não havendo senão um eterno retorno; um girar perpétuo do vir-a-ser em torno do imutável. Assim, o homem se tornava um prisioneiro da fatalidade e do destino, até que se completassem os ciclos do eterno retorno. Tal concepção deu origem a um pessimismo desesperado, tão enfatizado nas tragédias gregas e bem expresso nas palavras de Sileno:
O único remédio para esse mal era aproveitar o momento, vivendo-o intensamente, como tão bem retratado mais tarde na expressão “carpe diem”[2], cunhada pelo poeta romano Horácio (65 - 8 AC) e imortalizada há alguns anos no filme “Sociedade dos poetas mortos”, dirigido pelo cineasta Peter Weir. A única certeza que se tinha era a morte e conseqüentemente o Hades, lugar sombrio por onde perambulavam os mortos sem esperança; ou ainda o eterno retorno, num ciclo enfadonho e terrível. A paz eterna era algo intangível. Não havia uma solução para a morte e para o sofrimento.
As divindades de Mistério (p. ex. Orfeu, Elêusis, Isis, Osíris, Cibele, Adônis e Mitra) surgiram com a promessa de pôr fim a esse ciclo sem fim, pois através da paixão e da morte poderiam conquistar a paz eterna, podendo partilhá-la a quem se assemelhasse a eles no rito eficaz. Assim, nascia um solo fértil para a mensagem cristã, que na opinião de Umberto Padovani[3], apresenta as melhores soluções para o problema da vida, da morte e do mal. Na concepção cristã, a morte tem os seus dias contados (ao contrário da concepção grega), pois com a volta do Cristo ressuscitado (parousia), que interfere no tempo, o mal e a morte serão aniquilados, estando reservado, para aqueles que o buscam, uma vida de eterna paz e sossego.
Como o caráter fundamental do pensamento grego clássico era a solução dualista do problema das relações entre realidade empírica e o Absoluto (o mundo e Deus), e como o mundo da experiência não podia, por si mesmo, apresentar a sua própria justificação, a razão humana foi impelida a buscar uma justificação transcendente. Inicialmente, esse ser transcendente permaneceu como causa parcial e não total do mundo sensível, perdendo assim a função explicativa do mundo da experiência, devido a sua concepção dualista. Esse era o deus platônico. O deus dos filósofos.
Na concepção grega de mundo, o tempo (καιρός) se sucedia em círculo eterno, não havendo senão um eterno retorno; um girar perpétuo do vir-a-ser em torno do imutável. Assim, o homem se tornava um prisioneiro da fatalidade e do destino, até que se completassem os ciclos do eterno retorno. Tal concepção deu origem a um pessimismo desesperado, tão enfatizado nas tragédias gregas e bem expresso nas palavras de Sileno:
“Raça efêmera e miserável, filho do acaso e do cansaço, por que me forças a te revelar o que seria melhor para que não o possas jamais entender? O que deves preferir a tudo, é para ti impossível: é não ter nascido, não ser, ser nada”[1].
O único remédio para esse mal era aproveitar o momento, vivendo-o intensamente, como tão bem retratado mais tarde na expressão “carpe diem”[2], cunhada pelo poeta romano Horácio (65 - 8 AC) e imortalizada há alguns anos no filme “Sociedade dos poetas mortos”, dirigido pelo cineasta Peter Weir. A única certeza que se tinha era a morte e conseqüentemente o Hades, lugar sombrio por onde perambulavam os mortos sem esperança; ou ainda o eterno retorno, num ciclo enfadonho e terrível. A paz eterna era algo intangível. Não havia uma solução para a morte e para o sofrimento.
As divindades de Mistério (p. ex. Orfeu, Elêusis, Isis, Osíris, Cibele, Adônis e Mitra) surgiram com a promessa de pôr fim a esse ciclo sem fim, pois através da paixão e da morte poderiam conquistar a paz eterna, podendo partilhá-la a quem se assemelhasse a eles no rito eficaz. Assim, nascia um solo fértil para a mensagem cristã, que na opinião de Umberto Padovani[3], apresenta as melhores soluções para o problema da vida, da morte e do mal. Na concepção cristã, a morte tem os seus dias contados (ao contrário da concepção grega), pois com a volta do Cristo ressuscitado (parousia), que interfere no tempo, o mal e a morte serão aniquilados, estando reservado, para aqueles que o buscam, uma vida de eterna paz e sossego.
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