No
período de quarenta dias, entre a quarta-feira de cinzas (em 2019:
06/mar) e o Domingo de Ramos (em 2019: 14/abr), os primeiros cristãos
comemoravam a Quaresma. Era um período de reflexão inspirado no jejum de 40 dias feito por Jesus no deserto. Faziam penitência a
fim de meditarem a respeito da Paixão. O período de abstinência de carne era longo. Muita gente
reclamava.
Com
a finalidade de se despedir da carne, o povo fazia uma festa, debochava dos
reis, do clero e até da sua miséria. Era uma celebração marcada pelos excessos,
afinal no dia seguinte teriam de se abster de carne e fazer penitência. Os
festejos ganharam o nome de Carnaval, termo que tem origem na expressão latina
usada pelo Papa Gregório, em 590 d.C.: “Carnem levare” (retirar a carne). É
provável que a festa tenha se inspirado na saturnalia romana.
Com
o tempo o Carnaval foi incorporando elementos novos, fenômeno que acontece com
diversas festas, como o Natal (árvore, pisca-pisca, panetone...), e a Páscoa
(ovo de chocolate, coelho...). Do ponto de vista etimológico, não se trata de
uma “festa da carne” (carnalidade), mas da “abolição da carne” (carne de
animal). Na prática o Carnaval funciona como tempo reservado à diversão. Em alguns casos como válvula de escape para desejos reprimidos.
Uma
última curiosidade: a quarta-feira de cinzas tem este nome porque neste dia os
fies eram benzidos com as cinzas dos ramos de palmeira utilizados na domingo de
Ramos do ano anterior.
Tela:
O combate entre o Carnaval e a Quaresma, de Pieter Brueguel, 1559.
Jones F. Mendonça
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