Boa
parte dos leitores da Bíblia não se dá conta de que cerca de 1/3 do Antigo Testamento
foi escrito de forma poética. Praticamente não há, na poesia hebraica, o
emprego da rima (semelhança de sons), mas são abundantes os paralelismos
(semelhança ou antagonismo de ideias). Compreender esse recurso faz toda a
diferença na hora de interpretar um texto poético.
Abaixo
um exemplo tomado de Gn 49,11-12. Trata-se de uma promessa feita a Judá por seu
pai, Jacó:
A
- “Liga à vinha seu jumentinho,
A’
- à cepa o filhote de sua jumenta,
B
- lava sua roupa no vinho,
B’
- seu manto no sangue das uvas,
C
- seus olhos estão turvos de vinho,
C’
- seus dentes brancos de leite”.
Repare
que linha de baixo repete a ideia expressa na linha anterior. Nas linhas A e A’
o texto faz alusão a um animal de montaria (jumentinho/jumenta) amarrado a uma
árvore (vinha/cepa).
A
linhas B e B’ indicam que essa árvore tem abundância de frutos (vinho/sangue de
uvas). Tamanha é a quantidade de frutos que as vestes (roupa/manto) ficam
manchadas.
Nas
linhas C e C’ vemos o resultado dessa abundância: olhos turvos (embriaguez) e
dentes “brancos", metáforas usadas para indicar a abundância da terra.
Jones
F. Mendonça
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