Segue trecho de um artigo sobre o anúncio da descoberta do palácio de Davi em 2005 publicado originalmente no The New York Times, e divulgado pela Folha de São Paulo:
Uma arqueóloga israelense [trata-se de Eilat Mazar] diz ter descoberto em Jerusalém Oriental o lendário palácio do rei bíblico Davi. Seu trabalho foi apoiado por um instituto de pesquisa conservador de Israel e financiado por um banqueiro judeu americano [trata-se de Roger Hertog] que gostaria de provar que Jerusalém foi mesmo a capital de um poderoso reino na época de Davi, como diz a Bíblia.
Confesso que achei a matéria tendenciosa (parece
querer desacreditar a alegada descoberta). A ênfase no financiamento por parte
de um judeu rico de Nova York e a expressão "instituto de pesquisa
conservador" chamaram minha atenção. O fato é que tanto arqueólogos da
chamada “escola minimalista” (Israel Finkelstein) como da “escola maximalista”
(Yoseph Garfinkel) discordam da interpretação dada por Mazar. Quanto a este
último é preciso dizer algo mais.
Garfinkel acaba de anunciar (18/07/13) a descoberta de ruínas do que teria sido o palácio de Davi, construído em Khirbet Qeiyafa, no vale de Elah (um palácio alternativo ao de Jerusalém, reservado para momentos de crise). Seu palácio real edificado na capital de Judá ainda estaria sob os escombros. O anúncio foi feito no último dia de escavação. Na opinião
de Joseph Lauer tudo não
passa de uma manobra para captar novos recursos. Será?
Conheço Garfinkel e Mazar de longa data e sei
que a imparcialidade não é uma de suas virtudes. Escavam com a Bíblia numa mão
e a picareta na outra. Tivessem achado um vaso com a inscrição MLK DWD (rei
Davi) teria sido mais fácil sustentar a teoria.
Vale lembrar que a existência de um líder
carismático chamado Davi raramente é contestada por quem estuda a história de
Israel (a descoberta da estela de Tel Dan, com a inscrição BYT DWD – casa de
Davi –, parece confirmar a existência de tal personagem). O que se discute é se
essa figura realmente governou uma monarquia unida no século X a.C.
Também nunca é demais destacar que as escavações
em Israel geralmente ocorrem sob pressão política
(legitimação de Jerusalém como capital de um antigo reino israelita unificado),
religiosa (busca de provas que
atestem a veracidade dos relatos bíblicos) e econômica (financiamento de pesquisas).
Texto editado em 22 de julho de 2013.
Jones F. Mendonça
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