Há quem defenda que as visões presentes nos
capítulos 1 e 10 do livro do profeta Ezequiel descrevam uma aeronave
alienígena. A inspiração vem de livros escritos por Erich von Daniken (Eram os
deuses astronautas?) e Josef F. Blumrich (As naves espaciais de Ezequiel).
Parece-me claro que o texto descreve Yahweh
sobre um trono sustentado por esfinges (queruv). As passagens devem ser interpretadas
à luz de elementos da cultura do Fértil Crescente do século VI a.C. e não a
partir de especulações sem qualquer fundamento.
As quatro bestas aladas (cara de leão, bezerro,
águia e homem), de alguma forma parecem aludir ao zodíaco mesopotâmico (como na
formação das tribos de Israel presente no capítulo 2 do livro de Números). Não
estou plenamente convencido (não há nenhuma águia no zodíaco mesopotâmico), mas
a pista me parece boa.
Na visão do trono carruagem de Ezequiel parecem
se fundir elementos da iconografia oriental antiga com esquemas zodiacais
mesopotâmicos. As bestas feras (ou seres viventes) indicariam os quatro pontos
cardeais (bezerro e leão formam um ângulo de 45º no zodíaco mesopotâmico). Uma imagem que chama a atenção do leitor são
os “olhos” que cobrem o corpo dos querubins (cf. Ez 10,12). O termo hebraico
traduzido por “olhos” é ‘eynaiym” (sing. ‘ayn), na maioria dos casos traduzido
por olho. Mas em Ez 10,9 o termo reaparece sugerindo uma tradução diferente:
“como olho (hb. ‘ayn) de pedra de topázio”. O ‘aym, neste caso específico, parece ser uma referência ao aspecto vítreo brilhante dos objetos (estrelas?), daí a tradução mais comum: “brilho de pedra
de topázio”. Nosso profeta estaria imaginando o trono divino no zodíaco celeste
(zoo-disco = círculo de animais)?
Também é tentador pensar que o profeta buscou
inspiração nos vasos canopos egípcios. Sempre que visito o Museu Nacional da
Quinta da Boa Vista (RJ), não deixo de dar uma boa olhada neles.
Há muitas pistas, mas ainda há elementos que
ainda não se encaixam bem.
Jones F. Mendonça
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