Vulcão Paluweh, Indonésia Foto: Earth Observatory |
A tribo Sueduj vive numa ilha vulcânica do Pacífico. Hevhay, o deus vulcão dos sueduj, pede todos os dias o sacrifício de uma criança. O povo, reunido em torno de uma árvore sagrada ouve, após o sonido dos rafohs (instrumento feito do chifre de um animal), o nome da criança eleita para tão horrendo sacrifício: Susej, filho de Airam.
O
sacerdote, ao ouvir os gritos da mãe tenta apaziguá-la dizendo que Hevhay ama cada
um dos membros da tribo sueduj. Mas o amor de Hevhay não é como o amor humano,
ele diz. Trata-se de um amor misterioso, que está além da compreensão dos
mortais. Explica também que quando Hewhay destrói as plantações, o gado e a
aldeia com suas lavas, não faz isso por ira, afinal Hewhay não é, como os
humanos, movidos constantemente por seus afetos. “Hevhay não pode se subordinar
a um sentimento”, filosofa. “Nosso deus não muda”, finaliza.
Dadas
essas explicações o sacerdote grita: “Hewhay vive na montanha Suec. Nada escapa
ao seu olhar. Não teve origem nem terá fim. Seu poder é ilimitado”. O povo vai
ao delírio. O pequeno Susej, filho de Airam, desaparece após ser lançado de um penhasco.
Todos voltam para suas casas. A ira de Hewhay foi aplacada.
Airam,
mãe de Susej, medita recostada na copa frondosa da árvore Olpmet: “se o amor de
Hevhay pela tribo não é como o que sinto por meu filho, pela minha terra, pela
minha família, então não é amor”. Se um sueduj não é capaz de compreender a
natureza de Hevhay, como o sacerdote pode afirmar conhecê-lo tão bem? Desconfia
que o sacerdote é mentiroso.
Amor
que não é amor. Ira que não é ira. Deus que não é deus...
Jones
F. Mendonça
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