terça-feira, 11 de maio de 2010

MOISÉS, O SINAI E A TEOFANIA VULCÂNICA


Olhando para a imagem da erupção do vulcão Eyjafjallajokul, em de 17 de abril de 2010, não há como não se lembrar da passagem bíblica que descreve Moisés no Sinai:
“todo o povo presenciava os trovões, e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte a fumegar; e o povo, vendo isso, estremeceu e pôs-se de longe” (Ex 20,18).
A teofania do Sinai é uma clara descrição de uma erupção vulcânica. Não que Moisés estivesse de fato num vulcão (não havia vulcões ativos no Sinai no século XIII a.C.), mas essa é apenas uma descrição literária. Antonius Gunneweg  chama isso de “teofania vulcânica”[1]. Até mesmo o “sonido de buzina” é ouvido durante uma erupção, que surge quando os gases se desprendem do solo. Há vulcões em Midiã, terra do sogro de Moisés. Teria vindo de lá essa descrição aterradora de Yahweh?


Nota:
[1] GUNNEWEG, Antonius. Teologia bíblica do Antigo Testamento, 2005, p. 103.

10 comentários:

  1. É uma referência literária bacana. Imagino como não ficavam fascinados os antigos com toda aquela inexplicável demonstração de força da natureza. Se até nós, cheios de explicações, ainda ficamos...

    Com certeza as erupções vulcânicas fazem parte daquele grupo de coisas que nos diminui perante algo muito maior que, de uma forma ou de outra, só pode ser Deus...

    Eu me sinto assim até quando vou à praia. Não estou acostumado com o mar e fico inebriado toda vez que vejo a imensidão do oceano. Hahah

    Não sei se esse meu modo de ver as coisas é Panteísta ou Panenteísta, mas creio que, se Deus existe, não vai se incomodar de me ver admirando a sua maravilhosa obra... Para mim, depois da música, a exuberância da natureza é a segunda coisa que me mais me aproxima do estado de "transcendência".

    Bacanas esses POSTs de "curiosidades", com todo respeito.

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  2. Olha essa imagem:
    http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1f/Pinatubo_ash_plume_910612.jpg

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  3. Vi a imagem. É ou não é fantástico um vulcão em erupção? Também fico extasiado com a natureza. Não é à toa que alguns teólogos se referiam a Deus como "misterium tremendum".

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  4. Creio eu que entendi a mensagem descrita acima, somente não entendi porque o professor chamou isto de "TEOFANIA",pois esta palvra é na verdade uma junção de duas palavras sendo,,Teo: Deus e fania, manifestação;;Porem não consigo ver Deus neste ato do monte Sinai,e ainda mais quando leio no livro de ,Atos c.7v.38ao53,onde diz que quem esteve la foi um anjo e não Deus como querem os TEOLOGOS..... A palavra TEOFANIA foi montada, ou mesmo, criada exatamente para fazer deste SENHOR,DEUS. Porem quando examinamos os textos biblicos sem a lupa da TEOLOGIA, conseguimos ver quem é anjo e quem é Deus... O Rei Davi escreveu que este SENHOR da antiga aliança tem asas e tem penas. Sl.91v.4. e disse tambem que ele solta fumaça pelo nariz e fogo pela boca. Sl.18v.8a11... E seu filho Salomão disse que o prorio SENHOR disse que moraria nas trevaz. 1 Reis c.8v.12...Sou escritor do livro: TEOLOGIA: A TORRE DE BABEL DOS NOSSOS DIAS!!!

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    1. Eu tenho a firme convicção que crer é uma opção. A pessoa decide crer ou não em Deus e, então,de acordo com sua escolha, ela busca fundamentar sua crença.
      Creio que a Bíblia é a Palavra de Deus, e homens, inspirados por Ele a escreveu. No capítulo 18 do livro de Gênesis está escrito sobre três "homens"que apareceram a Abraão, mas também está escrito Senhor" se referindo a um deles.
      No texto em questão (êxodo, capítulo 18} só nos versículo 19 a 20 menciona 4 vezes a vezes a palavra אלחימ deixando claro se trata do próprio Deus falando a Moisés.

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    2. A bíblia n fala, que algum desses caras realmente viu de vdd Deus, mas era dessa forma como eles viam à Deus, como eles imaginavam esse ser perfeito q é Deus. A bíblia as vezes usa a palavra anjo de Deus para reapresentar o propio Deus, pois os anjos de Deus estão nele, e fazem parte dele, as pessoas falam Jesus chegou ate mim, sendo q foi uma pessoa q falou com ela, porem essa pessoa estava sendo usada por Deus,e estava em Deus.

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  5. Olá, professor Jones.
    Em primeiro lugar, parabéns pelo interessantíssimo trabalho e por colocar ideias e fontes disponíveis para todos.
    Também sou fascinado por vários dos assuntos de seu interesse.
    Dentre as várias hipóteses acerca do Êxodo em particular, gostaria de contribuir por citar um pesquisador que vai muito ao encontro dos pontos que você elencou aqui, possivelmente um autor já conhecido seu também: o físico (sim, curioso, não?) Colin Humphreys, da Univ. de Cambridge, que publicou um livro disponível em português sobre o assunto, Os Milagres do Êxodo, se não me engano. Nele, defende que um vulcão no noroeste da atual Arábia Saudita, o monte Bedr, possa ser uma chave para reconstituição de uma possível histoticidade do Êxodo, segundo aquele autor. teria transcorrido no século 12 aC. È no entanto sua hipótese para o advento do monoteísmo que acho mais simples e instigante.
    Há outros autores que especulam sobre atividades vulcânicas correlatas à explosão do vulcão da atual ilha de Santorini, antes Tera, por volta de 1626 aC, época bem remota, portanto, sendo o verdadeiro monte Sinai, segundo também esses autores, um vulcão secundário na península do Sinai ou na pen. Arábica.
    Mas, como você colocou, há muito, muioto mais... Cahmo a atenção para os autores minimalistas, isto é, que divergem da historicidade de diversas passagens da Torá, como Neil Siberman e Israel Finkelstein, historiador e arqueólogo, respectivamente, se não me engano, também com obras publicadas no Brasil (The Bible unearthed - E a Bíblia não tinha razão, entre outras). Aprecio essa interpretação, pois é impossível dissociar-se política e religião em ocasiões críticas. Mesmo esses, porém, admitem a possibilidade de fundo histórico, mesmo que de comprovação talvez impossível, quanto à figura de um Moisés (ou, talvez, de mais de um, mas isso é outra história...).
    È necessário espírito crítico e mente aberta para estudarmos nossas raízes culturais e psicossociais coletivas. Além de conhecimento. Por exemplo, sequer tenho autoridade técnica para usar apropriadamente expressões como essas... Se lembrarmos dos autores que trataram do assuto (como mero interessado, posso citar apenas mais alguns, como Werner Keller e seu já clássico A Bíblia tinha razão, ou o próprio Freud e sua alusão à identificação de Moisés como discípulo de Akhenaton no Egito de 1350 aC), já percebemos como o fascínio pela identificação das razões e do momento do nascer de uma grande religião pode ser tão sutil que sequer nos damos conta de como tudo ocorreu.
    E assim caminhamos.
    Desculpe-me pelo texto longo.
    Um abraço e boa sorte.
    Marcos Cesar

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  6. Marcos,

    Sim, li a obra do físico inglês. Muito interessante. Para ele a travessia fica no golfo de Aqqaba e não na do Suez. Ele também sustenta que a nuvem que guiava o povo era na verdade a fumaça de um vulgão distante (aceso à noite e em forma de nuvem de dia).

    Gosto das idéias de Neil Siberman e Israel Finkelstein (A Bíblia não tinha razão). Já publiquei uma entrevista com Finkelstein no Blog.

    Algumas perguntas: você possui formação teológica? É professor? Possui um Blog?

    Um abraço!

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  7. Dêem uma olhada em

    http://www.youtube.com/watch?v=RNFZAKXXnt0

    Parece ou não o filme dos 10 Mandamentos? Foi uma erupção vulcânica que causou as pragas, poluiu as águas, permitiu a fuga, guiou os judeus pelo deserto e por fim possibilitou a travessia do mar com o deslocamento de ar ou tsunami (maremoto).

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  8. O que DEUS fez e faz ninguém pode mudar, mas tem uma certa ciência por aí desviando a atenção do CRIADOR para as coisas surperflua e neguinhas dessa terra vil.

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