1. Um leitor atento perceberá que a história dos mensageiros divinos cobiçados pela população de Sodoma (Gn 19,1-11) em muito se parece com a história do levita cobiçado pela população de Gabaá de Benjamin (Jz 19,11-30). No caso de Sodoma, Ló oferece suas filhas virgens; no caso de Benjamin de Gabaá, um morador idoso oferece sua filha virgem. Algo chama a atenção nessas duas histórias: por que, cargas d’água, tanto os moradores de Sodoma como os moradores de Gabaá de Benjamin cultivavam tamanha tara por homens hospedados na casa de um morador local? Isso não é estranho?
2. Bem, talvez a história tenha sido interpretada de forma equivocada. Será que esses “tarados” sodomitas/benjamitas cultivavam um desejo incontrolável por relações homoafetivas? Suponho que não. Repare que os objetos do desejo, no caso de Sodoma, eram mensageiros divinos, ou seja, mediadores entre o divino e o humano. No caso de Benjamin, o objeto do desejo era um levita (sacerdote, como o levita de Jz 18?), visto como mediador entre seres divinos e seres terrenos. Ao que parece, a história reflete uma antiga crença muito estranha: relacionar-se sexualmente com sacerdotes e mensageiros divinos transmitia algum tipo de poder.
3. Nas duas histórias o tema principal é a violação de um hóspede, algo considerado repugnante na sociedade do Antigo Israel. O tema secundário é a tentativa de violar sexualmente indivíduos que de alguma maneira atuavam no espaço de transição entre homens e deuses. Ou estou errado?
Jones F. Mendonça
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