1. Quando examinados com o devido cuidado, alguns textos da Bíblia Hebraica revelam ser frágil a difundida crença no culto anicônico em Jerusalém no período do Primeiro Templo. Assim como Ea ou Marduk na Babilônia; El, Athirat e Baal em Ugarit, o culto em Jerusalém comportava a presença de uma representação de Yahweh. Em Israel, no Norte, o iconismo é evidente.
2. A confecção da representação do bezerro, ordenada por Jeroboão, não era mero pedestal de Yahweh (ou de outra divindade), mas uma imagem de culto zoomórfica de Yahweh, tal como ocorria com El, igualmente representado por um bovino. Note que Jeroboão relaciona o bezerro à mesma divindade que fez o povo “sair da terra do Egito” (1Rs 12,28).
3. Talvez você esteja se perguntando: mas que textos evidenciam a presença de uma representação de Yahweh no Templo de Jerusalém? Um bom exemplo pode ser tomado do Sl 17,15: “Quanto a mim, com justiça eu verei tua FACE / ao despertar, eu me saciarei com tua IMAGEM”. O paralelismo semântico, “face” (paniym) e “imagem” (temunah), sugere a presença de uma imagem no Templo.
4. Lançando mão de outro paralelismo, o Sl 63 claramente relaciona essa imagem ao Templo: “Quero contemplar-te no santuário / avistar o teu poder e a tua glória”. Alguns textos indicam a existência de procissões nas quais Yahweh era introduzido no Tempo: “Abram-se, ó portais; abram-se, ó portas antigas, para que o Rei da glória entre” (Sl 24,7.9).
5. Mas o que teria levado os judaítas a adotarem o aniconismo no período pós-exílico? Para Herbert Niehr, a mudança ocorreu devido a dois movimentos: 1) Como consequência da destruição do Templo (e da imagem de Yahweh), o trono divino foi deslocado para os céus, novo local de sua morada. Apenas seu nome passou a habitar na terra, como uma espécie de hipóstase.
6. 2) A presença divina na terra também foi pensada a partir de sua kabod, sua glória. Ela enche o Templo para sempre, substituindo a antiga estátua destruída. Alguns círculos sacerdotais, incapazes articular sua fé sem a presença de algum tipo de símbolo cultual da presença de Yahweh, introduziram a Menorah em suas cerimônias religiosas (Ex 25,31).
7. Você pode ter acesso à hipótese de Herbert Niehr consultando a seguinte obra: NIEHR, Herbert. In search of YHWH's Cult Statue in the First Temple. In: VAN DER TOORN, Karel (ed.). The image and the book: iconic cults, aniconism, and rise of Book religion in Israel and the Ancient Near East. Leuven: Peeters Publishers, 1997, p. 73-95. Boa leitura.
Jones F. Mendonça
A Paz do Senhor!
ResponderExcluirSou um leitor fiel desse blog!
O único defeito dele é que o irmão demora muito para fazer posts. Toda sexta o irmão deveria postar cinco textos no mínimo!
Irmão Danielzinho.
Agora sobre as idéias desse tal de Herbert Niehr, acho que ele viajou na maionese com essas teorias tão estapafúrdias!
ResponderExcluirQualquer criança de seis anos que se atenha apenas ao texto bíblico sabe que de Gênesis a Apocalipse o povo de Deus nunca foi isso de ser "iconista". Só foi nos tempos de apostasia, mas logo vinha um reformador para colocar ordem no "baguio".
As ideinhas desse tal de Niehr, cheias de fitinhas cor de rosa, não se sustentam nem pelo texto bíblico e nem pela tradição.
se o tal Niehr quer mesmo aparecer, que pendure uma melancia no pescoço e suba em um poste!
Abraços!
Irmão Danielzinho.
Ele não sabe nada mesmo. Quem sabe é o pastorzinho analfabeto da sua igrejinha.
ExcluirPode até ser que o pastor da minha "igrejinha" seja analfabeto, mas ele tem uma coisa que nem você e todos os sabichões da Teologia tem: temor por Deus e amor sincero e piedoso pela Bíblia!
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