Estamos no Antigo Israel do
século VIII a.C. O rei quer governar. O sacerdote quer sacrifício. O sábio quer dar conselho. Profetas como Isaías, Oseias e Amós querem protestar contra as
injustiças, sobretudo criticando reis, sacerdotes e profetas e sábios da corte
(veja Is 28,7; Jr 8,9; 18,18). Não é uma relação fácil.
Quando Judá cai nas mãos dos
babilônios – em 586 a.C. - a figura do rei é suprimida. O sacerdote ganha
poder. Os sábios rejeitam o exílio como punição pelo pecado e as respostas
prontas para os enigmas da vida. Os profetas são perseguidos, calados.
Novas potências subjugam Judá:
persas, macedônios, ptolomeus, selêucidas. É sob o governo desses últimos - no
século II a.C. - que nascem as seitas judaicas: saduceus, fariseus, essênios.
Tentativas de adaptar suas antigas tradições a um mundo em constante
transformação. Textos sapienciais, como a Sirácida e a Sabedoria, nem de longe
lembram as críticas ácidas de Jó e Eclesiastes. É também no século II a.C. que
nasce a literatura apocalíptica.
Judá na época de Jesus é uma
região complexa: o poder político é latino, a escrita e a cultura é grega, as
Escrituras Sagradas escritas em hebraico, o idioma falado o aramaico. Mais que
isso: há seitas judaicas divergindo entre si. Influência do helenismo. Expectativa
messiânica forte. Falta de esperança após uma sucessão de impérios dominando
Judá.
No ano 70 d.C. o templo é
destruído pelos romanos. Extintas as figuras do rei, do profeta e do sábio
(convertido em escriba?), também chega ao fim o ofício sacerdotal. Como
sacrificar sem o altar? Como cultuar sem templo? Nasce a figura o rabino,
herdeiro de uma atividade muito apreciada pelos fariseus: o estudo da lei. Na
sinagoga o comentário da lei substitui o culto sacrificial.
Jones F. Mendonça
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