quarta-feira, 1 de julho de 2015

PAPAS DE PAPEL

Embora aos trancos e barrancos o cristianismo manteve certa coesão até que Lutero anunciou suas 95 teses contra as indulgências em outubro de 1517. O monge agostiniano imaginou que suas críticas seriam endossadas pelo Papa, mas acabou excomungado em janeiro de 1521 por Leão X. Mas a excomunhão era apenas o início de um processo traumático. Ao dizer que a Bíblia interpreta a si mesma (scriptura sui ipsius interpres) e que deve ser examinada livremente, o resultado é obvio: a interpretação também será livre.

Não adianta reclamar da imensa quantidade de igrejas surgidas todos os dias ao redor do planeta. Esse é o desdobramento evidente de algo que foi anunciado há quase 500 anos. É o preço da liberdade. As confissões doutrinárias protestantes – papas de papel - foram criadas com o propósito de pôr rédeas na interpretação, mas se mostraram inúteis, afinal o sola scriptura de Lutero sempre poderá ser usado por alguém disposto a questionar possíveis equívocos encontrados nessas confissões.

Só há um caminho para aqueles que se mostram indignados com a falta de unidade das igrejas evangélicas: retornem ao catolicismo. Lá todos declaram fidelidade ao Papa, visto como herdeiro das chaves de Pedro. Submetem-se ao Roma locuta causa finita (Roma falou, assunto encerrado) com alegria e bom grado. De um lado a “segurança” da infalibilidade papal. Do outro a “corda bamba” do livre exame. Na primeira você é apenas expectador. Na segunda é protagonista. A escolha é sua. 

Jones F. Mendonça

3 comentários:

  1. Oi, Jones

    Concordo em parte. Penso que em ambos os lados não haja livre exame e nem protagonistas. Não. No mundo evangélico/protestante não há livre exame. Tudo é lido conforme as declarações doutrinárias (Tradição) aí. Não. não há protagonistas aí. Somente observadores/seguidores do "Homem de Deus" que lhes dá a correta interpretação (Tradição) iluminada pelo Espírito. O que há no mundo evangélico/protestante é uma infinidade de pequenas "Romas", cada uma com seu pequeno "Papa". A diferença que vejo entre Roma (católica) e o mundo evangélico/protestante é que a primeira é mais honesta, a segunda, um poço de hipocrisia.

    Enfim, retornar ao catolicismo talvez fosse mais honesto...

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  2. Mas o que estou criticando é exatamente isso: na tradição protestante o livre exame é apenas um nome. É protagonista quem leva à serio o livre exame. De forma alguma estou defendendo a tradição reformada.

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