Em outubro de 1517 Lutero divulga suas famosas
95 teses contra as indulgências. Em janeiro de 1521 o reformador é excomungado
com a Bula Decet Romanum Pontificem. A Alemanha entra em convulsão.
Fico imaginando se a revista Veja já existisse
naquela ocasião: “LUTERO, O MONGE REBELDE: A ALEMANHA EM CHAMAS!”. Na mesma
linha seguiriam Reinaldo Azevedo (o blogueiro mais azedo da Veja) e Olavo de
Carvalho (o filósofo super pop das massas). Diriam que a revolta é absurda e que
é preciso deter o “padreco rolabosta”.
Talvez você seja católico e diga que a revista e
os dois homens têm razão. Tenho outra carta na manga. Em 1525 explode a revolta dos
camponeses na Alemanha. Lutero condena os revoltosos e justifica a servidão com
um texto da Bíblia. Diz que Abraão tinha servos e que o mundo não sobreviveria
sem a existência deles. Em seguida escreve um texto duro contra os camponeses (Contra
os ímpios e celerados bandos de camponeses). “Sufoquem no sangue a rebelião!”,
grita o reformador. Capa da revista Veja: “LUTERO, BASTIÃO DA JUSTIÇA E DA
ORDEM”. Reinaldo e Olavo exaltariam o reformador pela coragem em condenar a
rebeldia daqueles “camponeses vagabundos”, gente ignorante e mal educada.
No mundo há pessoas ingênuas o suficiente para
pensar que o mundo conhecerá mudanças apenas com o voto, com preces e
orações.
Jones F. Mendonça
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