1. Achados arqueológicos como a Incrição de Khirbet el Qom e de Kuntillet Ajrud sugerem que Yahweh era adorado ao lado de sua consorte, Asherah, também conhecida como Rainha do Céu. A Bíblia também preserva certos vestígios do culto a Asherah: “[Manassés] colocou a escultura de Asherah, que mandara fazer, no Templo, do qual Iahweh dissera a Davi e a seu filho Salomão” (2Rs 21,7. Veja também Jr 44).
2. A crença de que Yahweh possuía um cônjuge teria sido abolida por ocasião da reforma do rei Josias, no século VII. Mas a tentativa literária e religiosa de obliterar a deusa não foi bem sucedida na medida em que a sombra de Asherah ainda se projeta na forma de vários disfarces literários (inclusive pela mão de alguns tradutores, que substituem a palavra hebraica “Asherah” por “poste ídolo”).
3. Um desses disfarces seria a hokhmah (חכמה), palavra feminina empregada para personificar a sabedoria divina no livro de Provérbios (cap. 8). Há quem suponha, como Dvorah Lederman Daniely, que a fonte da metáfora conjugal entre Yahweh e sua noiva ou esposa, alternadamente chamada de Jerusalém, Sião ou Filha de Sião, vem das relações conjugais entre Yahweh e Asherah. Ele sugere que a cidade aparece como representação codificada da Deusa.
Jones F. Mendonça
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