sábado, 7 de novembro de 2020

REBECA NÃO CAI DO CAMELO

1. Investigo a hipótese de que Gn 24,64 descreva Rebeca “caindo do camelo” ao avistar Isaac, homem que lhe havia sido prometido em casamento. Seria aquele tipo de queda causada pela paixão à primeira vista. Será?

2. As versões traduzem o verbo “naphal” por “desceu”, “apeou”, ou “saltou” [do camelo]. De fato o verbo pode ser traduzido por “caiu”, como em Nm 14,32: “vosso cadáver cairá [naphal] neste deserto”. 

3. Mas o sentido primário do verbo não é exatamente “cair”. Uma análise atenta revela que sua função é indicar uma descida súbita [não voluntária ou voluntária]. José, por exemplo, “desce” [com sua cabeça] ao pescoço de Benjamim, para abraçá-lo (Gn 45,14). Uma tradução melhor seria “se lança”. 

4. Eu poderia citar muitos outros exemplos. 2Rs 5,21 expõe um caso muito parecido com Gn 24,64 (Rebeca/Isaac). O texto apresenta Naamã “saltando/se lançando do carro” para encontrar Geazi, que o persegue. Não há qualquer indício, no texto, de que tenha “caído do carro” (2 Rs 5,21). 

5. Minha opinião: na verdade Rebeca não “cai” do camelo (até porque ela se feriria). O texto usa o verbo “naphal” para destacar sua descida súbita. Ela estava ansiosa para conhecer seu pretendente. Assim que tem certeza de que é a pessoa certa, Rebeca coloca o véu (v. 65) e entra com ele numa tenta (v. 67). 

6. Acho que não é preciso dizer o que eles fizeram lá dentro... 


Jones F. Mendonça 

Nenhum comentário:

Postar um comentário