sábado, 7 de novembro de 2020

BRUXAS, INQUISIÇÃO E MISOGINIA


Quem estiver interessado no modo como as bruxas eram vistas nos séculos XV e XVI pode começar por duas obras: “Malleus Maleficarum” (um manual medieval da Inquisição) e “De la démonomanie des sorciers” (um compêndio antibruxaria). O segundo foi escrito por Jean Bodin (1529-1595), catedrático de Direito Romano na Universidade de Toulouse. Eis uma pequena fala dele: 
Seja qual for o castigo que ordenemos contra as bruxas, assá-las ou cozê-las ao fogo lento não é realmente demais e não tão ruim quanto [...] as agonias eternas que lhes estão preparadas no inferno, porque o fogo aqui não pode demorar muito mais do que ao redor de uma hora até que a bruxa morra (BODIN, Jean. On Demon-mania of witches. Toronto: CRRS publications, 2001, p.173). 
Todo esse ódio certamente não vinha do medo da bruxaria ou da zelosa piedade, mas da misoginia, de certa repulsa pelas mulheres, as maiores vítimas da inquisição. E por trás dessa perseguição certamente havia uma sexualidade muitíssimo reprimida. 



Jones F. Mendonça

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