terça-feira, 10 de novembro de 2020

INDULGÊNCIAS

1. De modo geral não são mal compreendidas as críticas de Lutero às indulgências. Não é difícil encontrar gente dizendo que o monge agostiniano se impôs contra a “venda de terrenos no céu” ou que criticou uma doutrina católica que dava ao Papa o poder de perdoar pecados. Nada mais falso.

2. De acordo com a doutrina católica, as indulgências tinham o poder de perdoar as penas temporais e não os pecados. Explico. As penas temporais eram uma espécie de reparação pelo pecado exigida pela Igreja. Sempre que um fiel se sentisse arrependido pelo pecado (contrição) ele precisava declarar esse pecado ao padre (confissão auricular), que indicava uma tarefa que visava reparar a falta cometida (penitência). 

3. Ocorre que havia um entendimento de que essas penitências (e não os pecados, só perdoados por Deus) podiam ser apagadas pelo papa por meio das chamadas indulgências. Essa indulgência podia ser dada gratuitamente em uma data especial (chamadas de indulgências plenárias) ou por meio do pagamento em dinheiro. Bem, todos sabemos o que acontece quando o dinheiro monta no cavalo da fé... 

4. A igreja queria reformar a basílica de São Pedro e a grana forte arrecadada com indulgências apontou no horizonte como a melhor solução para transformar a basílica na imponente construção que é hoje. Lutero via tudo isso com desprezo e achava que o Papa não sabia desses abusos. Por conta de insatisfações como essa, o reformador escreveu suas famosas 95 teses contras as indulgências. Os teólogos dominicanos do Vaticano não gostaram. O Papa não gostou. E a gente sabe no que deu essa história. 


Jones F. Mendonça

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