terça-feira, 13 de maio de 2025

LEÃO XIV E A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA

1. Em 2006, sob o pontificado de Bento XVI, José Comblin escreveu “sinais dos tempos – 40 anos depois do Vaticano II” (Reb 66). Parte do texto se dedica a analisar os resultados concretos da chamada “doutrina social da Igreja”, um conjunto de princípios morais e socias que visavam apontam um caminho para a Igreja que fosse capaz de promover o bem comum e a dignidade humana. Sob a perspectiva política, econômica e social, a doutrina social da Igreja criticava tanto o comunismo como o capitalismo industrial. O contexto: a virada do século XIX para o século XX.

2. Para quem não sabe, o grande responsável por essa postura foi o Papa Leão XIII, cujo nome foi adotado por Robert Prevost, ou Leão XIV. A adoção do “Leão” indica que Prevost pretende se inspirar no legado de Leão XIII. Voltemos ao texto de Comblin. Em sua reflexão, o teólogo lamenta que a doutrina social da igreja tenha sido feita “sem nenhuma participação das igrejas locais” e” sem a ampla consulta ao povo cristão”. Mais do que isso, considera sem utilidade documentos bem elaborados e bem redigidos, quando desacompanhados de “gestos espetaculares”.

3. Comblin finaliza dizendo que “o testemunho da igreja precisa ser visível”, dado por “pessoas significativas”: “O Papa atrai mais a TV do que um bispo e um bispo mais do que um padre e um padre mais do que um leigo. Daí uma responsabilidade maior para quem está mais exposto à mídia”. Trocando em miúdos: Comblin declara desejar um Papa que não apenas produza documentos repletos de “matizes e contornos”, mas que tenha coragem para enfrentar os problemas que afligem os fiéis e o mundo por meio de ações concretas.



Jones F. Mendonça

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