1. A palavra grega αιρεσις (hairesis), origem de “heresia”, aparece 8 vezes no Novo Testamento. Entre os gregos significava simplesmente “escolha”. Assim, o livro de Atos faz menção à “hairesis” dos saduceus (5,17) e dos fariseus (15,5), ou seja, fala da “escolha” do “partido”, da “opção religiosa” dos saduceus/fariseus.
2. “Hairesis” também foi usada para classificar os cristãos, tratados por Tertúlio – advogado dos judeus que acusavam Paulo – como seguidores da “hairesis dos nazarenos” (At 24,5). O próprio Paulo, dirigindo-se a Félix, reconhece ser seguidor do “Caminho”, chamado de “hairesis” (24,14).
3. A doutrina de Jesus foi considerada “hairesis” em relação ao legalismo farisaico. Boa parte das teses de Lutero foi considerada “hairesis” pela cúria romana. No início do século XX os pentecostais foram tratados como “hairesis” pelo protestantismo histórico. Depois vieram os neopentecostais, também vistos como “hairesis”. A bola da vez são os evangélicos progressistas.
4. Quem dá a devida atenção a essas disputas percebe que em sua base estão questões políticas e não religiosas. No caso do Brasil, o que está em curso é um projeto de poder. Projeto de silenciamento de minorias, de aniquilação da “hairesis”. Não é projeto novo, é projeto requentado cujas origens podem ser buscadas na Roma do século IV.
5. Resumindo bem: é um projeto dos infernos.
Jones F. Mendonça
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