1. O livro bíblico de Lamentações
expõe poeticamente dois momentos vividos pelos jovens de Jerusalém: antes da
invasão babilônica eram “mais alvos que o neve” e “mais brancos que o leite”
(assim é traduzido na maioria das versões). Depois da invasão ganharam aspecto
“escuro” (4,18). É possível que alguém veja aqui evidência de racismo. Será?
2. Duas razões para rejeitar essa visão: a palavra hebraica traduzida por “alvo” (zakakh) não indica cor, mas “pureza”. Veja: “nem os céus são zakakh aos seus olhos” (Jó 15,15). A palavra traduzida por “branco” é tzahah, termo que aparece uma única vez na Bíblia Hebraica. Seu significado é obscuro. No texto surge como sinônimo de zakakh. É provável que indique a natureza ofuscante do branco e não a cor em si.
3. Repare, ainda no verso 7, que os mesmos jovens são apresentados como “vermelhos como os corais” e “brilhantes como safira”. Como podem ser simultaneamente “brancos” e “vermelhos”? Bem, o que se tem em vista aqui não é a cor, mas o brilho, o aspecto reluzente, a pureza, o valor. Caso retornemos ao verso 2 veremos outra comparação: os nobres eram “como ouro” (reluzentes), agora “são como barro” (ressequidos e sem brilho).
4. Para compreender um texto escrito há mais de dois mil anos é preciso entrar na cabeça dos seus escritores. É claro que essa tarefa não é fácil e que não é possível reconstruir todo o universo do autor do texto. Uma boa dose de humildade diante do texto é sempre importante. Mas não precisamos radicalizar e achar que a tarefa é difícil a ponto de embarcarmos nessa conversa de “leitura criativa”. Isso Malafaia e Feliciano já fazem com muita maestria.
Jones F. Mendonça
Silas Malafaia faz uma leitura criativa? Em que pregação?
ResponderExcluirSilas Malafaia e Feliciano são duas vergonhas na Terra para o Evangelho de Jesus Cristo.
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