1. Quando um conservador de peso como o britânico Roger Scruton expõe as razões de sua postura conservadora, não é difícil entendê-lo, embora não necessariamente seja possível concordar com ele. Scruton diz querer preservar as coisas boas da cultura de seu país: a pintura (como a de William Blake), a literatura (como a de Charles Dickens) a música (como a de Gustav Holst), a imponência, a elegância e a história do Palácio de Westminster (sede do Parlamento britânico), o aconchego e o charme dos antigos povoados e até mesmo a tradição do chá, da monarquia e da fé anglicana. De fato, tudo muito elegante (mas que, por vezes, esconde estruturas muito perversas).
2. Como somos um país jovem, miscigenado e herdeiro de uma longa experiência de colonialidade, o conservadorismo que aqui se espalha ainda não conseguiu impor uma identidade (nem bom gosto). Para alguns, ser conservador é proferir grosserias a cada dois minutos (gostam de dizer que o importante é ser politicamente incorreto). Para outros é sentir saudade de Kichute e bala Juquinha. Há quem defina o conservador a partir da adoção de uma (importada) barba ao estilo nórdico lenhador. Para outros, como Pondé, é compreender que “mulher gosta é de apanhar”. E pensar que Scruton vive dizendo que a marca do conservadorismo é a busca pela beleza. Por aqui a coisa está mais para capa de botijão de gás bordado em crochê.
Jones F. Mendonça
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