Pastor
Malapacas subiu ao púlpito. Disse que Haddad, o edomita citado em 1 Rs 11,14,
foi inimigo do povo de Deus. Daí profetizou: “Haddad, o de número 13, é próprio
satanás”. As ovelhas foram tomadas pelo pavor.
Malapacas
abriu a Bíblia em outro texto. Desta vez em Jz 10,3. Destacou que Jair, cujo
nome significa “Deus esclarece”, foi um libertador do povo de Deus. E arrematou
com entusiasmo: Jair, o Messias, cujo número é 17, vai libertar o Brasil.
Diácono
Jupira, atento às más intenções do pregador, gritou do fundo da igreja com voz
sarcástica: “Mas o profeta Isaías, no verso 28 do capítulo 44, chama Ciro de
‘meu pastor’”. Diz ainda que ele ‘cumprirá toda a Sua vontade’. Não seria Ciro,
o de número 12, o escolhido?”. Todos permaneceram atônitos.
Malapacas
respirou fundo, fitou Jupira com fogo nos olhos e respondeu em tom de ameaça:
“o inferno foi reservado a todos os que fazem esse tipo de pergunta”. Jupira
acabou excomungado da congregação. As ovelhas, tontas que só, acataram as
interpretações mancas do pregador Malapacas.
Distante,
Jupira lembrou-se das palavras de Jeremias: “os profetas profetizam mentiras...
e o meu povo gosta disso” (Jr 5,31).
Jones
F. Mendonça
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