1. O livro bíblico de Números, em seu capítulo 6, descreve uma antiga prática religiosa de “santificação da cabeça” (Nm 6,11), ritual com caráter votivo, chamado de nazireato. O candidato, que podia ser homem ou mulher (6,2), obrigava-se a se abster do produto da videira, do contato com cadáveres e do corte do cabelo (6,3-6).
2. Após o fim do período do voto, cuja duração podia variar, o(a) candidato(a) rapava totalmente a cabeça e seus cabelos eram queimados, juntamente com a oferta de um animal (6,18). Dois homens na Bíblia são apresentados fazendo voto de nazireu: Sansão (Jz 13,5.7; 16,17) e Paulo (At 18,18; 21,23).
3. Sansão, no entanto, parece não ter seguido à risca seu voto, afinal como evitar tocar em corpos sem vida em uma batalha sangrenta (Jz 14,19 e 15,15-16)? Além do mais, o banquete, oferecido em 14,10 dificilmente não incluiria bebida. O texto de Atos não diz com clareza que Paulo vez voto de narizeu, isso fica apenas sugerido.
4. A abstenção do vinho parece ser um costume bem antigo, cultivado por grupos seminômades como os recabitas (Jr 35,6), que também mantinham a tradição de viver em tendas (v. 7). Uma crítica velada aos cultivadores de vinha – e, portanto, ao vinho – aparece em Gn 9,20-21.
5. Embora a Bíblia não mencione qualquer mulher fazendo o voto do nazireato, a rainha Helena de Adiabene é uma das mais famosas naziritas. O Talmud (Nazir 19b) relata que seu voto aparece relacionado a seu filho. Ela teria prometido que se tornaria uma nazirita por sete anos caso ele voltasse em segurança da guerra.
6. O local onde foi sepultado o corpo de Helena, localizado a 820 m ao norte da antiga muralha da cidade de Jerusalém, é considerado como o maior e mais belo dos túmulos da cidade. Ainda não está clara para mim a origem de dois costumes: a abstenção de vinho (forte entre os conservadores recabitas) e do corte do cabelo.
Jones F. Mendonça
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