quinta-feira, 15 de agosto de 2013

LUTERO: “O DIABO É O DIABO DE DEUS”

Na perspectiva cristã há três personagens no Éden: Deus, o diabo e o ser humano. O humanismo eleva o homem. O dualismo maniqueísta eleva o diabo. A Reforma eleva Deus. É preciso estar atento: quando qualquer um dos três cresce, uma sombra cresce junto.

Se atribuirmos a Deus absoluta soberania (tudo o que ocorre é um desdobramento de seus decretos infalíveis) e o status de sumo bem (nele não há mal algum), o que resta ao diabo e ao humano?

Ora, se em Deus não há mal algum (não possui natureza dual), é preciso colocá-lo na conta do diabo. Mas Deus não é absolutamente soberano? Como o diabo poderia agir fora de seus decretos? Os reformadores admitem uma antinomia: tanto o diabo como o homem agem de acordo com Seus decretos, todavia são responsáveis pelo mal que praticam.

Com tal solução o diabo torna-se “o diabo de Deus” (frase de Lutero), uma espécie de “capitão-do-mato” dos céus. O homem torna-se um mero ser cuja vontade é “como um jumento, montada ou por Deus ou pelo diabo” (outra frase do reformador alemão). Deus usa o diabo para uma "obra alheia” (opus alienum), mas que ao mesmo tempo é sua “obra própria” (opus proprium). Confuso? Voltemos ao Éden.

Enquanto passeavam pelo jardim, homem e mulher cometeram uma infração. Mas a queda, segundo Calvino, já havia sido decretada por Deus. O diabo, travestido de serpente falante, foi um instrumento divino para que este propósito fosse cumprido. Deus é a mão, o diabo a lança, o homem a carne ferida.

A ferida infecciona. Calvino dispara: culpa do homem! Até há remédio, ele diz, mas só para os eleitos.


Jones F. Mendonça

7 comentários:

  1. Poucas pessoas sabem,ou reparam,mas o Inferno é criação divina,não diabólica....o diabo não tem tamanha criatividade para o tormento eterno,nem que ele quisesse...

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  2. O Evangelho é assim, surpreendente para o senso comum...

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    1. Bota surpreendente nisso...(o evangelho segundo Calvino).

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    2. Pô, Jones, pera lá, Deus é Justo e absolutamente Justo, inclusive com o inimigo de nossas almas. Questão toda é que a intervenção de Deus na história é uma exceção e não uma regra. E em cada uma dessas intervenções, Ele é absolutamente Justo.
      O inimigo foi pelos caminhos que foi por decisão dele. O Senhor está, sim no comando da história, mas cada uma de suas decisões é baseada no critério de Juízo e Justiça. Na verdade nos parece que Ele depende de nossas decisões, não por necessidade, mas por Justiça.
      Ass. Paulo

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    3. Não estou discutindo justiça. A grande questão nesse modelo saber na conta de quem deve ser colocada a origem do pecado? Se a queda ocorreu segundo um decreto divino, como o homem pode ser responsabilizado pelo pecado? Isso sem falar no diabo que também age segundo seus decretos.

      E como Deus pode odiar o pecado se até a queda ocorreu por vontade Sua?

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  3. se o diabo é o diabo de Deus e se nos somos do diabo como disse Jesus quem peça é escravo do pecado onde apareceria alivio de tal julgo? é aqui que reside o perigo do ser LIVRE pois não há liberdade numa criança ainda informe como não há de haver numa pessoa adulta a liberdade tem um único sentido conhecer não ao diabo mais a nós mesmos e conhecendo a nós mesmos conhecemos o filho de Deus conhecimento é tudo que Deus nos deu ele nos deu conhecimento pra ter á essência da palavra objetivamente experimentalmente a escola é o sofrimento aquém siga que conheceu a Jesus sem conhecer a si próprio digo impossível o colégio do filho bendito foi a cruz! o diabo sabe que não pode com Deus e Deus continua fiel sem mácula mesmo que o diabo faça e aconteça tudo absolutamente redundara na gloria á Deus por seu filho amado Jesus Cristo

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