O
capítulo 18 de Mateus, no verso 7, parte b, diz assim: “ai do homem pelo qual o
ESCÂNDALO vem”. Embora o termo grego traduzido por “escândalo” seja
“skandalon”, do qual vem nossa palavra portuguesa, seu sentido original não é
este. O verbo “Skandalizo” significa “fazer tropeçar”, “colocar um
obstáculo/armadilha”, “induzir ao erro”, etc. É por isso que algumas versões
traduzem (corretamente) o verso assim: “mas ai do homem por quem o TROPEÇO
vier!”.
O
termo reaparece, por exemplo, em Ap 2,14. O texto diz que Balaão “ensinava
Balac a lançar um skandalon aos filhos de Israel”. O erro de Balaão, segundo o
texto, era criar armadilhas, pedras de tropeço, nas quais os filhos de Israel
poderiam cair. Mt 18,7 está condenando pessoas que fazem as crianças
"tropeçarem" (conf. v. 6) e não as pessoas que causam escândalos na
igreja. O discurso religioso, tão preocupado com a manutenção dos costumes,
acabou distorcendo o sentido original do texto.
Em Mt 18,8-9 temos mais um exemplo. O verso que – segundo dizem,
fez Orígenes amputar seu pênis – diz assim: “se tua mão ou teu pé te fazem
TROPEÇAR (skandalizo), corta-o e lança-o fora...”. Embora a Bíblia de Jerusalém insista em
traduzir “Se
a tua mão ou o teu pé te escandalizam”, o sentido aqui diz
respeito à mão ou ao pé que conduzem ao erro, ou seja, que fazem tropeçar. É
verdade que um escândalo pode fazer pessoas tropeçarem, mas nem todo o tropeço
é um escândalo. Sejamos honestos com o texto.
Jones F. Mendonça
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