Lançando mão dos estudos na área da numismática, Matthew Ferguson apresenta uma série de argumentos sugerindo que o dito “Dai a César o que é de César”, atribuído a Jesus (Mc 12,17; Mt 22,21; Lc 20,25), não foi proferido pelo Nazareno. O autor cita, por exemplo, uma monografia sobre administração tributária na Palestina romana de 63 a.C a 70 d.C. (To Caesar What's Caesar's), escrita por Fabian Udoh:
Udoh aponta que um número significativo de denários só é encontrado na Palestina após 69 d.C., particularmente a partir do reinado de Vespasiano. [...] Antes deste tempo, a principal moeda de prata na Palestina (usada para a tributação) era o shekel de Tiro.
Os autores dos Evangelhos do NT teriam sentido a necessidade de abordar a questão do imposto – um tema controverso no ambiente da comunidade cristã primitiva –, colocando nos lábios de Jesus algo que ele realmente nunca disse.
Duas
hipóteses: 1) Anacronismo (tempo): Marcos foi redigido num período pós 70,
quando moedas cunhadas com o rosto do imperador já eram comuns na Palestina; 2)
Conflação (espaço): Marcos foi redigido antes de 70, mas o dito atribuído a
Jesus reflete um problema situado fora da Palestina, numa região na qual as
moedas mostravam a face do imperador.
Um
argumento adicional a favor da hipótese levantada por Udoh é que Paulo não
menciona o alegado ensinamento de Jesus a respeito do pagamento de impostos ao
defender a prática em Rm 13,6-7:
É também por isso que pagais os impostos, pois os que governam são servidores de Deus, que se desincumbem com zelo do seu ofício. 7 Dai a cada um o que lhe é devido: o imposto a quem é devido; a taxa a quem é devida; a reverência a quem é devida; a honra a quem é devida.
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Jones F.
Mendonça
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