O místico medieval Thomas de
Kempis tomou a primeira frase do livro de Eclesiastes “vaidade das vaidades,
tudo é vaidade” (1,2) como um convite ao desprezo a todas as coisas terrenas.
Ocorre que em diversas passagens o livro exalta o “comer” o “beber”, o
“alegrar-se”, o “desfrutar a vida com a mulher amada” como dom divino (2,24;
3,12-13.22; 5,18-20; 8,15; 9,7-10; 11,7-10). Como sair dessa “sinuca de bico”?
Bem, Kempis talvez tenha seguido a
solução alegórica apresentada pelos antigos rabinos: “todas as referências a
comer e beber neste livro representam a Torá e as boas obras” (Qoh.Rab. 2:24;
cf. o Targum [Tg. Eccl 2:24]). E assim o “comer” deveria ser entendido como o
“comer da Torá” e o “beber” como o “beber das boas obras”.
Só sendo muito tonto para cair
nessa conversa...
Jones F. Mendonça
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