Meu primeiro contato com algum
tipo de rejeição ao termo “Idade das Trevas” usado para qualificar a Idade
Média foi em uma obra sobre a história da arte (“Idade Média”, aliás, já
carrega dimensão pejorativa). O livro destacava a beleza, a singularidade e a
sofisticação da arquitetura medieval. Encontrei o mesmo tipo de crítica num
livreto sobre a filosofia medieval. As autoras, católicas, insistiam em
destacar aspectos positivos desse período tão controverso que durou cerca de
mil anos. Fui forçado a rever meus conceitos. A abandonar alguns rótulos.
Recentemente tive contato com a
obra do medievalista francês Alain de Libera. Na introdução de sua “filosofia
Medieval” (Jorge Zahar, 1990) o autor rejeita duas teses muito difundidas: 1)
Toda a filosofia medieval é, no fundo, apenas teologia (Bertrand Russell); 2) A
“filosofia medieval” é mero resultado do casamento entre o aristotelismo e as
doutrinas judaico-cristãs (Martin Heidegger). Bem, acho que já foi
suficientemente destronada a ideia de que a “Idade Média” foi um período
essencialmente obscurantista. Mas vamos com calma.
Tenho encontrado aqui e ali,
sobretudo no ambiente reformado, pastores fazendo declarações de amor ao
medievo. Revelam grande saudade do tempo em que a teologia era a rainha das
ciências. Cavando fundo, como bem fazia Nietzsche, filósofo da suspeita, não é difícil descobrir a razão desse anunciado amor: é que sendo a teologia a rainha, serão eles os reis...
Jones F. Mendonça
Um bom livro sobre a Idade Média: Origens da Idade Média de William Carrol Bark.
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