quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O IRÃ NOS JORNAIS ISRAELENSES

Nas capas dos jornais de Israel figura sempre o mesmo tema: o programa nuclear iraniano e uma provável ofensiva militar conta o país persa por parte do Estado judeu. Arisco um palpite: se o Irã não provar que seu programa nuclear possui apenas fins pacíficos ou Ahrmadinejad não cair após um levante popular financiado pelos EUA, UE e Israel, a guerra vai mesmo acontecer. 

É esperar para ver. 


Jones F. Mendonça

ISTO É UM PEIXE?

A imprensa mundial tem noticiado a descoberta de um túmulo dos primeiros discípulos de Jesus, datado para a década de 70 do primeiro século. A suposta imagem de um peixe (de Jonas) aparece na maioria dos artigos como sendo uma indicação de um túmulo cristão primitivo (o sinal de Jonas seria a ressurreição). 

Acompanho há alguns anos as descobertas arqueológicas que supostamente provam ou invalidam alguns dos dogmas judaico-cristãos e aprendi a desconfiar (mente-se ou para ganhar dinheiro e/ou para conquistar fiéis). Algumas dúvidas que me inquietam: 
  • A datação está correta (70 d.C.)?, 
  • A figura é mesmo de uma grande peixe?
  • A tradução das palavras gregas e hebraicas está correta?
  • Fariseus e essênios também criam na ressurreição. Se a inscrição feita no túmulo fala mesmo de ressurreição, como se tem afirmado, o que os faz pensar que se trata de um túmulo cristão?
O mais sensato é aguardar. 

Um peixe ou um vaso? (foto: Bibleplaces)


Um peixe ou um túmulo? (foto: Blog Asor)
Jones F. Mendonça

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

TEMPO DE PÁSCOA, TEMPO DE LUCRO

"Jonas e a baleia" numa caverna
sepulcral em Jerusalém - Haaretz
Simcha Jacobovici, diretor de "O Êxodo decodificado" e "O túmulo secreto de Jesus" está de volta. Agora ele diz ter encontrado o túmulo de alguns dos primeiros discípulos de Jesus que viviam em Jerusalém por volta do ano 70 d.C. O túmulo, diz Jacobovici, está perto dos restos mortais da suposta família de Jesus. 

Eis algumas "evidências" de que se trata de um túmulo cristão primitivo:
  • Há uma figura representando o profeta Jonas (sendo engolido?) por um grande peixe, supostamente um antigo símbolo cristão;
  • Há uma inscrição da palavra "Deus" em grego ao lado de um Tetragrama (YHWH), seguidos pela palavra "surgir" ou "ressuscitado" em hebraico,
Documentários polêmicos sobre Jesus fazem sucesso, sobretudo na época da Páscoa. Jacobovici certamente vai ganhar um bom dinheiro com o trabalho. 

Leia a notícia no Haaretz e no PaleoBabble

Para uma análise crítica, visite o Blog Asor (aqui e aqui)



Jones F. Mendonça

sábado, 25 de fevereiro de 2012

AS TRADIÇÕES NEO-ASSÍRIAS E AS REFEIÇÕES FESTIVAS DO DEUTERONÔMIO

"As sete tábuas da criação",
Texto completo do Enuma
Elish
(em inglês). 
O The Bible and Interpretation publicou neste mês um artigo escrito por Peter Altmann, da Faculdade de Teologia da Universidade de Zurique, tratando sobre os paralelos entre as refeições festivas neo-assírias e israelitas presentes no livro de Deuteronômio (Dt 12, 14, 16). Eis a tese de Altmann:
Defendo que essas tradições [neo-assírias] fornecem informações fundamentais para as festas do Deuteronômio. Diante da dominação do império neo-assírio, o Deuteronômio usa a imagem da refeição festiva em exibição nas celebrações mitológicas reais encontradas no Enuma Elish e no Ciclo de Baal (para citar dois exemplos proeminentes) e as transforma em uma festa para Javé.
E ainda me aparecem cristãos querendo demonizar o sincretismo. O judaísmo é sincrético desde a raiz. O cristianismo nem se fala. 


Leia o artigo aqui.


Jones F. Mendonça

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

NUNCA DISCUTA COM UM FUNDAMENTALISTA

Debate numa comunidade do Orkut há alguns anos. Eu insistindo que Gênesis 1-11 nada possui de histórico. Do outro lado um fundamentalista que teimava em dizer que uma das "regras de ouro da hermenêutica"  aconselhava o leitor a dar preferência ao sentido literal de um texto.  Em sua opinião não há dúvidas: Gn 1-11 descreve fatos históricos (Adão feito do barro, serpente que fala, Eva feita da costela, torre de Babel, inundação universal, etc.). Citei um texto de Salmos que diz que Yahweh "voa nas asas do vento" (Sl 18,10). Perguntei se vento tem asas. Resposta do fundamentalista: "se a Palavra diz que tem, é porque tem" (Não, não é uma piada!). 

Joguei a toalha...


Jones F. Mendonça

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A FESTA DOS FOLIÕES - HARVEY COX

Em 97, quase dez anos antes do meu ingresso no curso de teologia, fui presenteado com "A festa dos foliões"  (Vozes, 1974), do teólogo e antropólogo americano Harvey Cox. "Pepeu", meu cunhado, trabalhava numa construtora encarregada de reformar uma igreja cuja biblioteca seria posta abaixo. O livro tinha um destino certo: o lixo. Pepeu não pensou duas vezes e o trouxe para mim juntamente com outras preciosidades. Foi uma felicidade só!

Sem ter a mínima ideia do que se tratava (e até mesmo sem entender muito do que lia) fui tendo contato com reflexões sobre o aspecto festivo da religiosidade humana. Cox, irreverente, chega a propor uma nova imagem para o Filho do Homem: o Cristo arlequim. Se o ser humano é homo  ludens, o Cristo homem também não poderia ser?

Como estamos no carnaval, lembrei-me do livro, que foi emprestado em 2009 e até hoje não foi devolvido.  Fica a sugestão de leitura (e a esperança de tê-lo de volta). 

Jones F. Mendonça

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A EXEGESE JUDAICA ONTEM E HOJE

De acordo com a tradição judaica, a Torá não foi dada na Terra Santa, mas no deserto. Tal decisão divina levanta uma pergunta: “por que Deus quis assim?”. Como é bem típico na exegese judaica, textos isolados são usados para responder perguntas. Não há qualquer preocupação com o contexto.

Um belo exemplo foi publicado no jornal Arutz Sheva (10-02-12). Escrito pelo rabino HaRav Avigdor Milles, o texto apresenta pelo menos três razões possíveis para que a Torá fosse entregue no deserto:
1) A terra era para ser dada como recompensa e incentivo para o estudo e observância da Torá, por isso sua aceitação precedeu a terra: “E deu-lhes as terras das nações; e herdaram o trabalho dos povos; para que guardassem os seus preceitos, e observassem as suas leis. Louvai ao SENHOR” (Tehilim 105,45).

2) A entrega da Torá no deserto demonstra que ela é independente da terra. Mesmo quando a nação estava no exílio, “no deserto das nações” (Yecheskeel 20,35), o estudo e cumprimento da Torá nunca deveria ser negligenciado.

3) “A fim de não despertar a inveja entre as tribos” (Mechilta, Yithro 20), o deserto foi escolhido. Assim, a Torá foi igualmente dada a cada israelita, e nenhuma tribo poderia se sentir menos obrigada, o que teria ocorrido caso a Torá tivesse sido dada em Canaã, no território de uma das tribos.
Nos Evangelhos, Mateus usa e abusa desse tipo de exegese, citando textos do Antigo Testamento completamente fora de contexto. Eis um exemplo clássico:
E vindo ali, habitou numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno (Mt 2,23).
Você não vai encontrar tal citação em qualquer um dos profetas. É possível que Mateus tenha buscado semelhanças entre a palavra Nazaré e netzer (renovo). E como o messias é apresentado como um “renovo” por profetas como Isaías, Jeremias e Zacarias, pronto, o coelho saiu da cartola.

Coisa da exegese judaica...


Jones F. Mendonça

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

AS TAIS BOMBAS MAGNÉTICAS...

Desde que virou moda assassinar cientistas iranianos com bombas magnéticas afixadas na lataria de automóveis, as autoridades israelenses já esperavam por retaliações. Israel (por meio do Mossad), é lógico, sempre foi o principal suspeito. O governo americano negou os atentados. Israel optou pelo silêncio (quem cala consente?). 

O Irã, ao que parece, deu o troco com a mesma moeda. Na Índia e na Georgia automóveis que conduziam autoridades israelenses foram atacados com os mesmos explosivos magnéticos. O governo iraniano nega. Diz que Israel atacou seus próprios funcionários com o intuito de incitar a opinião pública contra o seu país (sim, Ahmadinejad é tão cínico como Obama e Netanyahu). 

Vez por outa ouço alguém dizendo: "Ah, mas o tal cientista iraniano trabalhava num projeto perverso. Um artefato de destruição em massa. Israel agiu em defesa dos seus cidadãos". 

Não acredito que isso seja ingenuidade. É burrice mesmo. 

Leia a notícia no J Post


Jones F. Mendonça

domingo, 12 de fevereiro de 2012

IRÃ X ISRAEL: ENTREVISTA COM O HISTORIADOR MILITAR ISRAELENSE

Cartoon: Calos Latuff
Na opinião do historiador militar israelense Martin van Creveld, o Irã não representa ameaça para Israel, mas para os países que fazem fronteira com o Golfo, como o Kuwait, Bahrein, Qatar, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. Ele justifica: 
Relatórios internacionais apontam que Israel tem o que é necessário para transformar o Irã em um deserto radioativo em poucas horas se esta for a ordem. Os iranianos sabem disso, assim como todo mundo sabe.
As sanções que o Irã vem recebendo tem provocado aumento de preço dos alimentos e combustíveis. O próximo passo: revoltas populares. Em minha opinião o que vem depois disso é relativamente previsível. Basta lembrar o que aconteceu na Líbia e estar atento ao que vem acontecendo na Síria.  

Leia a entrevista com van Creveld no Opera Mundi


Jones F. Mendonça

sábado, 11 de fevereiro de 2012

VEJA O QUE ESSES CARAS FAZEM COM A BIKE!

É ou não sensacional! A música que toca no fundo do primeiro vídeo é "Two shoes", da banda "The cat empire" (ouça ou baixe aqui).  A música do segundo vídeo é "Reach for the sky", da banda "Social Distortion" (ouça ou baixe aqui). 

ROGER WATERS E DAVID GILMOUR: COMFORTABLY NUMB


QUANDO O "PAPEL" É MUITO MAIS QUE "PAPEL"

Foto: The Big Picture
Para alguns, apenas mais um pedaço de papel em meio aos escombros do tsunami que assolou parte do Japão. Para Chieko Matsukava é o certificado de formatura de sua filha. O papel desencadeia boas lembranças  em Chieko. Sim, ele é mero mediador. Mas na mente dos humanos isso geralmente não fica muito claro. Para você, apenas papel. Para Chieko, lembranças que acariciam seu coração, lágrimas que enchem seus olhos. 

Na missa católica acontece algo semelhante. Durante a eucaristia, quando o cálice é elevado acima dos fiéis, ele se torna, de acordo com o dogma católico, o próprio sangue do Crucificado. Cristo torna-se presente entre os fiéis por meio do vinho tornado sangue. Daí a adoração que merece receber. 

Na religião ou na vida cotidiana: papel é mais que papel, vinho é mais que vinho. Assim é o ser humano...



Jones F. Mendonça

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

IRAN CARTOON E O PETRÓLEO

Quer assistir a uma divertida exposição de cartoons sobre o petróleo? Clique aqui. Este aí embaixo foi desenhado por Jitet-kustana -Indonesia




Jones F. Mendonça

DESCOBERTO O TÚMULO DE JONAS [SENSACIOALISMO MIDIÁTICO]

A Israel Antiquities Authority divulgou a descoberta de uma fortaleza em Ashdod datada para o século VII ou VIII. Até aí tudo bem, a descoberta de construções tão antigas merece a atenção de quem se interessa pela arqueologia nas chamadas "terras bíblicas". O problema é que a mídia tem noticiado a descoberta do túmulo do profeta Jonas. Isso porque a tradição diz que Jonas foi enterrado lá (??!!).

Em breve vai surgir o mais novo mito gospel: "Jonas é um personagem histórico, inclusive já descobriram seu túmulo. O mais impressionante é que ao lado dos seus restos mortais foram encontrados vários ossos de baleia. Deus certamente os colocou lá para mostrar seu poder!". 

Você duvida?


Jones F. Mendonça

MILITARES TAMBÉM CHORAM

O general Gonçalves Dias (leia seu curriculum vitae aqui) chorou ao receber um bolo de aniversário dos policiais grevistas baianos.  A imagem de um general chorando foi motivo de deboche por parte da mídia. O militar tem curso de Comandos, Guerra na selva e Forças Especiais. Foi condecorado 23 vezes. Fraco ele não é. O esteriótipo do militar torturador, intransigente, bitolado, ainda sobrevive.  Militares também tem coração. Choram. Amam (e tem contas para pagar). Quem bom...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A ARQUEOLOGIA A SERVIÇO DA FÉ... E DA FALTA DE FÉ

Uma arqueologia a serviço da fé funciona assim: Um arqueólogo amador encontra um cajado no Sinai. Conclusão: é uma prova do êxodo, afinal a Bíblia diz que o patriarca tinha um cajado. Caso o tal arqueólogo ache a roda de uma biga no fundo do Mar Vermelho o êxodo passará a ser defendido como um fato histórico digno de constar nos livros escolares.

No porão de um museu do Egito há uma estela empoeirada. Nela está escrito que o Egito foi assolado por uma tempestade e que as trevas cobriram a terra. Também diz que um povo foi expulso de lá no século XVI. Conclusão: a estela está falando das 10 pragas narradas no livro do Êxodo. O povo expulso, diz o “estudioso” (o nome do tal “estudioso nunca é citado), são os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó.  

Abuse de efeitos especiais. Diga que especialistas renomados (a palavra “renomados” é muito importante) atestaram a veracidade do achado arqueológico. Afirme categoricamente que os documentos estão sendo mostrados pela primeira vez e que até então ninguém tinha prestado atenção neles.

Está feito: Seu “documentário” arrecadará rios de dinheiro.

Você também pode ganhar uma boa grana fazendo o inverso. Atraia os céticos. Diga que achou o túmulo de Jesus. Produza um documentário sobre o assunto. Os ateus vão adorar. Cristãos vão comprá-lo para que seja refutado nas igrejas. Assim você ganha dos dois lados.


Jones F. Mendonça

CALVINO E PLATÃO: UM CASO DE AMOR

Platão, de Paolo Veronese (1560s)
Biblioteca Nazionale Marciana
Algumas mentes ingênuas insistem em dizer que Calvino escreveu suas Institutas inspirado apenas na Bíblia. Deus como sumo bem, a morte como dissolução da aparecia e revelação da essência, o anseio da alma por Deus... Está tudo lá, em Platão (que, aliás, já estava impregnado em Paulo e Agostinho).

A seguir algumas citações retiradas das Institutas (logo acima, em negrito, as obras de Platão tomadas como referência pelo reformador francês):
Fédon: Ora, Platão não quis dizer outra coisa, visto que amiúde ensinou que o sumo bem da alma é semelhança com Deus... (Livro I, III, 3).
O Banquete: Seria estulto buscar definição de alma da parte dos filósofos, dos quais quase nenhum, excetuando Platão, tem plenamente afirmado ser sua substância imortal. [...] Por isso é que Platão tem opinião mais correta, já que contempla a imagem de Deus na alma (Livro I, XV, 6). 
Fédon e Apologia: Platão diz algumas vezes que a vida do filósofo é a  editação da morte. Com verdade maior, podemos dizer que a vida do cristão é um contínuo esforço e exercício para a mortificação da carne (Livro III, III, 20).
Theateto:...ninguém, exceto Platão, reconheceu que o sumo bem do homem é sua união com Deus (Livro III, XXV, 2).

A República: Há em Platão, no segundo livro de A República, uma passagem admirável, onde, quando disserta acerca dos antigos pagãos e ridiculariza a estulta confiança dos homens ímpios e celerados que pensavam com estes como que véus se cobriam suas ignominiosas ações (Livro IV, XVIII, 15).
Um Calvino 100% bíblico... lenda, delírio, pura tolice.  


Jones F. Mendonça

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

POLICIAIS E BOMBEIROS CARIOCAS PROMETEM PARAR NO CARNAVAL

A Bahia está imersa no caos com a paralisação da polícia. No Rio, bombeiros, policiais militares e civis prometem parar em pleno carnaval. Cabral tem irritado os policiais ao dar aumentos mínimos em parcelas máximas. O bônus concedido aos policiais das UPPs sempre atrasa. O governador deve estar bastante preocupado, afinal carnaval = muito dinheiro para o Estado. A greve está sendo convocada pelo Facebook, como entre os manifestantes da primavera árabe. Abaixo um exemplar que circula na rede:





Jones F. Mendonça

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

BORIS VALLEJO E CHRIS ACHILLEOS [ILUSTRAÇÃO]

Final da década de 80. Nas horas vagas (e até mesmo nas não vagas) meu principal passatempo era o desenho: caveiras, demônios, sereias, dragões, tudo o que um tímido menino "crente" não deveria desenhar. As repreensões foram muitas, nem quero lembrar. Nas carteiras recobertas com fórmica branca das escolas públicas nas quais estudei, meu lápis deixava sua marca (um crime, reconheço). Eis que num belo dia meu primo, o Jason,  me aparece com um livro de ilustrações importado, recheado com desenhos impressionantes. Encadernação de primeira. Papel da mais alta qualidade. Um luxo só. Entrei em êxtase. Hoje, não sei por que, resolvi pesquisar no Google o nome dos dois artistas: Boris Vallejo e Chris Achilleos. Para o meu deleite, ambos possuem um site expondo seus trabalhos. Duas ilustrações do Chris, o meu preferido, aparecem abaixo:

Extinction II - 1981
The Lovers - 1983


INTERVENÇÃO NA SÍRIA E O VETO DA RÚSSIA

A Rússia possui uma base naval em Latákia, na Síria. 

A Liga Árabe pediu à ONU apoio para pressionar o presidente sírio Bashar al-Assad a transferir os poderes a seu vice. Os EUA negam a intenção de promover qualquer tipo de intervenção militar na Síria. O governo russo analisa vantagens e desvantagens entre um veto ou uma abstenção. Uma das possíveis perdas, caso opte pela abstenção, é a base naval perto de Latakia, um valioso ponto estratégico no Mediterrâneo. Por outro lado, um voto contra a resolução pode ser interpretado como um voto contra o mundo árabe.

Ainda há mentes ingênuas que pensam ser a disputa um conflito entre forças do bem e forças do mal. Não há bons e nem maus, apenas interesses. 

Jones F. Mendonça

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

NOVAS IMAGENS DAS ESCAVAÇÕES EM KUTTAMUWA

Imagem: Khirbet Qeiyafa Archaeologic Project

O site da Biblical Archaeology Review divulgou a publicação de novas imagens (também aqui) das escavações na fortaleza de Kuttamuwa, em Khirbet Qeiyafa, 30Km a sudoeste de Jerusalém. De acordo com a Bíblia, foi nessa região que Davi travou seu famoso embate com o gigante Golias. A descoberta parece derrubar a teoria dos minimalistas, que defendem a não existência de cidades fortificadas em Judá no século X a.C., fazendo de Davi um mero líder tribal (leia o argumento de um minimalista questionando os métodos de datação da fortificação aqui). 

Leia mais sobre o assunto no Numinosum aquiaqui, aqui, aqui e finalmente aqui

Discussões técnicas a respeito dos métodos de datação aqui e aqui


Jones F. Mendonça

sábado, 28 de janeiro de 2012

O CAOS NA LÍBIA E AS AÇÕES CONTRA A SÍRIA E O IRÃ

Imagem: Carlos Latuff
"Os mocinhos libertaram a Líbia do opressor Muammar Kaddaf", é assim que tentam nos vender a história. Mas na Líbia controlada pelos "rebeldes", o cenário não é muito diferente daquele vivenciado antes da queda do ditador. 

Leia no Al-Jazeera: "Quem realmente controla a Líbia?". O texto é assinado pelo historiador e escritor Faraj Najem. 

Na Itália - Convencidos de que todos os países tem direito de decidir, sem interferência estrangeira,  a organização de sua ordem política e social, intelectuais italianos escreveram um apelo ao governo do seu país para que retire o embargo contra o Irã e a Síria e não participe da "política de chantagem" contra os dois países. No documento, a intervenção dos EUA (e do seu braço, a NATO) na Líbia é apresentada como como uma tentativa de "saquear a riqueza da Líbia e recolonizar o país". Encabeçam a lista o filósofo marxista Domenico Losurdo e o  político e também filósofo Gianni Vattimo. O documento, escrito em vários idiomas (não há uma versão em português) pode ser lido aqui


Jones F. Mendonça

ESCHER'S METAMORPHOSIS, AGORA EM HD

No ano passado fui assistir à exposição "O mundo de Escher", no Centro Cultural Banco do Brasil. Cheguei a publicar aqui no Blog uma animação com o trabalho do artista gráfico holandês. Alguém fez a gentileza de postar a animação numa resolução bem melhor.  Confira (não deixe de ligar o áudio):

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O SINAL DA BESTA NA LEI E NOS PROFETAS


Ezequiel, de Duccio di  Buonin-
segna. O tav na mão e na testa
foram inseridos por mim.
Código, de barras, cartão de crédito, microchip subcutâneo... O que mais vão inventar como sendo o sinal da besta do Apocalipse? Todas essas especulações partem de uma leitura pouco atenta de Ap 14,9.10a. Eis o texto:
Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca (xaragma) na fronte (metopou) ou sobre a mão (xeira), também esse beberá do vinho da cólera de Deus...   
De acordo com o texto, a marca (ou selo) da besta deve aparecer na fronte ou sobre a mão. João, com certeza, está fazendo alusão a uma antiga fórmula repetida pelos hebreus:
Ex 13,9 E será como sinal (’ot) na tua mão (yad) e por memorial entre teus olhos (‘ayn); para que a lei do SENHOR esteja na tua boca; pois com mão forte o SENHOR te tirou do Egito.
Ex 13,16 E isto será como sinal na tua mão e por frontais entre os teus olhos; porque o SENHOR com mão forte nos tirou do Egito.
Dt 6,8 Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos.
Dt 11,18 Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma; atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontal entre os olhos.
Como se vê, era entre os olhos (na testa) e na mão que Yahweh “marcava” os seus fiéis súditos. Uma metáfora, não resta dúvida. O profeta Ezequiel retoma a fórmula (reduzida a apenas um sinal na testa) e a aplica aos israelitas que não se contaminaram com os ídolos estrangeiros:
Ez 9,4 e lhe disse: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal (um tav, última letra do alfabeto hebraico) a testa dos homens que suspiram e gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela.
Ez 9,6 mata a velhos, a moços e a virgens, a crianças e a mulheres, até exterminá-los; mas a todo homem que tiver o sinal não vos chegueis; começai pelo meu santuário.
A grande diferença entre Ezequiel e Apocalipse é que no primeiro livro a marca é dada aos que se conservam fiéis a Yahweh. Em Apocalipse, ao contrário, os marcados são os que se curvam diante da Besta. A intenção de João é mostrar que a besta busca de todas as maneiras imitar Deus. Há inclusive uma trindade malévola: dragão, besta, profeta da besta (cap. 12, 13, 16), dotada de impressionante poder, capaz de operar milagres, ressuscitar mortos e até mesmo ressuscitar a si própria (uma clara paródia à ressurreição de Cristo – Nero?).

João falava a pessoas reais, num tempo de perseguição real. É de se esperar que sua mensagem tivesse algum sentido para seus destinatários. Quem quer que tenha sido a besta, já veio e já se foi. Aliás, já foi tarde....


Jones F. Mendonça

TOMANDO FÔLEGO

Não é o Everest, mas ter subido o morro da elevatória da CEDAE, em Campo Grande, RJ, foi uma experiência gratificante (foto 01). A segunda foto mostra um antigo reservatório de água abastecido pelo rio Guandu. O funcionário que trabalha na portaria me informou que abaixo do gramado há uma cisterna com cerca de 30 metros de profundidade! 

Ontem pedalei pelas trilhas do morro do Mendanha (ao fundo, na primeira foto). Dizem que existe um vulcão inativo por aquelas bandas. Meu objetivo é chegar à torre de retransmissão de UHF que fica no topo. Será uma longa jornada. 

No final de janeiro recomeçam as aulas no STBC. Vou lecionar hermenêutica bíblica, hebraico bíblico e Introdução Bíblica ao A.T. O contato com a natureza tem renovado minhas forças. 


Jones F. Mendonça



terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A LÓGICA PERVERSA DE CAIO BLINDER





Em meio a gargalhadas, jornalistas do Manhattan Connection falam sobre o assassinato do cientista iraniano. Para Caio Blinder é preciso matar cientistas agora para evitar mais mortes no futuro. A justificativa: O Irã  descumpriu as resoluções da ONU no que diz respeito ao seu programa de enriquecimento de urânio. A pergunta que fica no ar: Países como EUA e Israel levam à sério as resoluções da ONU? 


Jones F. Mendonça

domingo, 22 de janeiro de 2012

A TEOLOGIA, SERVA DA ECONOMIA

"O nobre é a aranha, o camponês
é a mosca", Jacques Lagniet -
Biblioteca Nacional da Paris
Na Idade Média vigorava a ética cristã paternalista, cuja ideologia legitimava o status quo feudal. A sociedade era encarada como uma grande família, onde os pais representam os que detinham o poder (senhores feudais religiosos ou seculares) e os filhos, os trabalhadores (servos camponeses). A ganância, a avareza, o egoísmo e a ânsia de acumular riquezas eram severamente condenadas. Só uma pequena parcela da população deveria possuí-las, cabendo-lhes a responsabilidade de socorrer o pobre necessitado. A riqueza, dizia Clemente de Alexandria, deveria ser encarada como dádiva de Deus, utilizada em prol do bem estar do próximo. Para Tomás de Aquino “o homem que não dá esmola é ladrão”. Os mais ricos, valendo-se da ética cristã paternalista, justificavam a concentração de renda em suas mãos como naturais e justas. Enfiava-se um pedaço de pão na boca de um despossuído e estava tudo certo.

A teologia dos reformadores, no século XVI, fez surgir a ética individualista. Ao dizerem que a Escritura interpreta a si mesma e que a fé é uma verdade do coração, muitos negociantes, consultando o seu coração e fazendo uma interpretação particular de trechos das Escrituras, “descobriram”, com toda a honestidade e fervor, que suas práticas econômicas não constituíam ofensa a Deus, pelo contrário, “glorificavam-no!”. Alguns puritanos chegaram a afirmar que “Deus havia instituído o mercado e o câmbio”. Nem Lutero e nem Calvino devem ser considerados os pais da nova classe capitalista, mas é inegável sua contribuição para o novo modelo econômico que surgia.

Em 1714, Bernard Mandelville publicou “A Fábula das Abelhas: os vícios Privados, Benefícios Públicos”. A ética cristã paternalista foi posta de ponta a cabeça. Ele sustentava que se todos praticassem os vícios considerados mais degradantes pelo velho código moral, o bem comum sairia lucrando. O egoísmo, a avareza e o desejo de adquirir riquezas tornavam os homens mais industriosos e faziam prosperar a economia. E foi assim que o vício virou virtude.

A teologia, serva da economia...


Jones F. Mendonça

NÃO HÁ LUVAS PARA DEVEREUX

Heisenberg percebeu que é impossível observar um elétron sem criar uma situação que o modifica. É preciso escolher entre a posição ou a velocidade do elétron. Daí surgiu seu famoso “princípio da incerteza”. Em 1938 o etnólogo e psiquiatra Georges Devereux (1908-1985) introduziu esse conceito na etnologia (e nas ciências humanas de modo geral). O etnólogo, dizia Devereux, perturba aquilo que observa, que por sua vez perturba o próprio observador. Um círculo vicioso se faz.

Moral da história: Luvas esterilizadas funcionam bem com cirurgiões. 


Jones F. Mendonça

sábado, 21 de janeiro de 2012

A PIPA, A SOPA E O PIRATA

SOPA (Stop Online Piracy Act) e PIPA (Protect Intellectual Property Act) são duas leis anti-pirataria que têm como objetivo combater a pirataria online, com particular ênfase nas cópias ilegais de filmes e outras formas de mídia hospedados em servidores alojados fora dos EUA.

Criativo como sempre, Carlos Latuf ilustrou a batalha entre SOPAS/PIPAS X PIRATAS.



Jones F. Mendonça

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

HISTÓRIA DE ISRAEL, DE MARTIN NOTH [LIVRO]


Escrita em 1950, "História de Israel", de Martin Noth tornou-se obra de referência para quem estuda o Antigo Testamento. Noth é conhecido como o criador da hipótese (já descartada) de que o Israel pré-estatal, como em algumas cidades gregas, vivia sob uma anfictionia, confederação de tribos reunidas ao redor de um templo:
No obstante, parece ser que el número doce (o seis) conservado siempre fielmente, posea, además de motivos místicos, una utilidad realmente práctica; estas tribus constituidas en asociación tenían el deber de ocuparse del santuario y del culto común durante uno o dos meses cada una. En Grecia, a las ligas sagradas se las denominaba «anfictionías», es decir, «comunidades de gentes que vivían alrededor (de un santuario)», y esta expresión puede servir de terminus technicus para tales asociaciones (p. 93).
Certa vez procurei pelo livro em sebos e o máximo que consegui encontrar foi uma edição de 1970 em italiano "Storia Disraele". Dada a dificuldade em encontrar o livro, faço aqui uma exceção e indico o link onde é possível baixar uma edição em espanhol: 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A POLICIAL E O TERAPEUTA: REFLEXÕES SOBRE A MORAL


Questões de ordem moral pipocam todos os dias na mídia evangélica: “Vereador quer impedir que noivas se casem sem calcinha”, “Evangélicos lançam filmes e produtos sobre sexo”, “Pastores convocam evangélicos a boicotarem o Big Brother”. Lembrei-me de um texto sobre a moral que postei aqui no Blog em agosto de 2009. Eis o texto*:

Numa sala de consultório estão apenas um homem e uma mulher. Ele, um terapeuta. Ela, uma policial com sérios problemas ligados a área sexual. O consultório é agradável, com poltronas macias e aconchegantes. Quadros coloridos e um tapete felpudo dão um ar de informalidade. A policial, cheia de expectativa, imagina que o terapeuta terá ótimas respostas para o seu problema. Periodicamente ela vai ao consultório e lhe relata seus segredos mais profundos e íntimos. O terapeuta, muito atento, ouve com paciência todas as suas queixas e inquietações. O tempo passa e algo muito natural acontece. A paciente imagina que o terapeuta é o homem da sua vida. Ele é simpático, a ouve com paciência e ainda lhe transmite tranqüilidade e segurança. Os entendidos no assunto dizem que tal fenômeno tem nome, chama-se “transferência”.

Com o tempo a relação entre o terapeuta e a policial foi ganhando novos desdobramentos, pois o terapeuta também se sentiu profundamente atraído pela paciente. Isso o incomodou bastante, a ponto de pedir conselhos a uma médica de sua confiança. Ela lhe advertiu que a ética médica não permite esse tipo de relacionamento. Existem normas, regras a serem seguidas. O terapeuta ficou inconsolado e até pensou em deixar a profissão. O desejo pela paciente o consumia e um dilema passou a perturbá-lo dia e noite. De um lado os homens-encarregados-de-criar-as-normas, que lhe diziam: “Enquanto estiver no consultório você é apenas um terapeuta. Aprenda a se comportar como tal!”. Do outro lado seu coração que gritava: “tal qual um turbilhão é o amor, não há garras que o possam conter”. De um lado a norma. Do outro a subversão. Temos aí um sujeito tripartido. Ele é homem, imoral (já que tem forte tendência a romper com a moralidade vigente) e terapeuta.

Alguns amigos da paciente, que aprenderam direitinho as regras criadas pelos homens-encarregados-de-criar-as-normas, lhe disseram: “será que você não está confundindo o profissional-do-consultório com o homem-do-consultório?”. A mulher-policial-paciente ficou muito confusa, sem saber exatamente o que sentia e tampouco quem era. Como se não bastassem seus problemas de ordem sexual. Temos aí uma cidadã tripartida. Ela é mulher, moralista (já que tem forte tendência a não romper com a moralidade vigente) e paciente.

Há quem acredite na existência de uma moralidade absoluta, como se houvesse em algum lugar, num cofre distante, um modelo ideal de moralidade. Esse modelo ficaria lá trancado e sempre que precisássemos de uma certeza, o abriríamos e todas as respostas nos seriam dadas. Mas na verdade esse padrão normativo é criado pelos homens-encarregados-de-criar-as-normas. É um ofício importante, afinal o que seria de nós sem as regras? Até para construir este texto preciso de regras: regras ortográficas, de sintaxe, de concordância, etc. Não fazendo uso delas eu certamente não me faria compreender. Na sociedade elas funcionam como um freio. Na sua ausência correríamos o risco de produzir um mundo caótico. Mas será que essas normas devem ser seguidas de forma cega e inflexível?

Ter regras universais, eternas e inflexíveis torna mais fácil a vida de quem não se acha capaz de suportar as conseqüências de uma decisão errada. Lançar a responsabilidade pessoal sobre as normas pode trazer muito conforto para tais indivíduos. Por outro lado, a autonomia demanda responsabilidade. Romper com a norma padrão tem um preço e são poucos os que têm coragem de arcar com as conseqüências.

Voltemos ao caso do homem-bandido-terapeuta e da mulher-policial-paciente. A mulher tripartida quer carinho, quer ordem e quer cura para os seus problemas emocionais. O terapeuta tripartido quer paixão, uma aventura bandida e cura para a paciente. Todas essas divisões tornam o problema muito complexo. Como analisá-lo sob a ótica de uma regra cega, incapaz de lidar com sistemas complexos?

No final do episódio a mulher pesou na balança seus valores e entendeu que a ordem estabelecida era mais importante. Ela armou uma cilada e denunciou o terapeuta logo após ter sido assediada por ele. Os dois acabaram presos. Ele pelos moralistas. Ela, por sua própria moralidade.

*Esse texto é uma análise do episódio “Roma Isenta” do seriado “Picket Fences” transmitido pela CBS americana na década de 90.

Jones F. Mendonça

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A CRIPTOMNÉSIA DE NIETZSCHE

Also Sprach Zaratustra, de Strauss
Ouça aqui
A criptomnésia ou “memória escondida” pode nos pregar peças. Eis que você está escrevendo um artigo, uma crônica ou até mesmo um texto no seu Blog quando, de repente, surge uma nova ideia ou imagem. Você pensa que tais pensamentos foram produzidos por sua imaginação, mas não foram. 

Um famoso caso de criptomnésia foi percebido por Carl Jung enquanto lia “Assim falava Zaratustra”, de Friedrich Nietzsche. Jung achou um trecho da obra de Nietzsche muito parecido com um diário de bordo de 1686 cujo resumo foi publicado em 1835 (meio século antes do livro do filósofo alemão). Intrigado, Jung escreveu uma carta a irmã de Nietzsche, que confirmou que o livro fora lido por ela e por Nietzsche, quando este tinha 11 anos. 

Na opinião de Jung a história ficou gravada na memória de Nietzsche por décadas até que se deslocou do inconsciente para o consciente. Apesar de não ser impossível que Nietzsche tenha copiado o trecho do livro e inserido em sua obra, para Jung é mais provável que seu inconsciente tenha lhe pregado uma peça. 

Compare a passagem a respeito do diário de bordo e o trecho correspondente redigido por Nietzsche (o negrito é por minha conta): 
Diário de bordo:
Os quatro capitães e um comerciante, Mr. Bell, desembarcaram na ilha do Monte Stromboli para caçar coelhos. Às três horas reuniram o equipamento para regressar a bordo quando, para seu indizível espanto, viram dois homens voando velozmente no ar em sua direção. Um estava vestido de preto, outro de cinza. Passaram perto deles em grande velocidade, e para ainda maior susto seu desceram na cratera do terrível vulcão. Reconheceram-nos como dois conhecidos de Londres.

Assim falava Zaratustra: 

Nesta época em que Zaratustra residia nas Ilhas Happy, aconteceu de um navio ancorar na ilha onde fica o vulcão fumegante e a tripulação descer à terra para caçar coelhos. Ao meio-dia, no entanto, quando o capitão e seus homens se haviam reunido novamente, viram, de repente, um homem que vinha pelo ar em sua direção e uma voz que dizia nitidamente: 'É tempo, é mais que tempo!' 
Mas quando a figura aproximou-se deles, passando rápido como uma sombra em direção ao vulcão, reconheceram com grande espanto que era Zaratustra. .. 'Vejam!' , disse o velho timoneiro, 'vejam Zaratustra que vai para o inferno!'. 

A criptomnésia de Nietzsche é discutida na obra de Jung "On the Psycology of So-called Occult Phenomena", no volume I das Obras Completas. A citação acima foi retirada da seguinte obra: JUNG, Carl. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.



Jones F. Mendonça

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

PAX ROMANA, DEMOCRACIA AMERICANA

Mais um criativo desenho do Latuff. 


Fonte: Latuffcartoons

DAKAR 2012 [FOTOS]

Acabo de chegar de Rio das Ostras, cidade da Região dos lagos no Rio de Janeiro. Na ida, foram 04 horas da minha casa à ponte Rio-Niterói (cerca de 60 Km percorridos). Velocidade média de 15 Km/h. Depois da ponte foram mais 4 horas. Um inferno! O ar condicionado de carro mil e três crianças impacientes no banco de trás quase me fizeram acreditar que a sexta-feira 13 dá mesmo azar. 

Hoje fiz uma visita ao The Big Picture e me deparei com as belíssimas fotos do Rally Dakar 2012. A foto 33 é de encher os olhos. Viajar num cenário assim, sem trânsito, placas, pedágio, pardais... Um sonho!