1. De acordo com o capítulo 30 do Gênesis, Raquel e Lia deram filhos a Jacó por meio de duas concubinas, Bilhah e Zilpah. Quem lê a Bíblia em idioma diferente do hebraico não percebe que os nomes das crianças aparecem relacionados a experiências pessoais vivenciadas por Raquel e Lia. Preste bastante atenção.
2. Quando Bilhah (בלהה) concebe, diz-nos o texto (cf 30,6), Raquel celebra com alegria dizendo assim: “ele se chamará DAN porque Deus me fez DANaniy (justiça). No verso seguinte Bilhah concebe de novo e Raquel dá à criança um nome cuja grafia se assemelha à palavra “luta”. veja: “ele se chamará NAFTALI, pois as NAFTULey (lutas) de Deus lutei contra minha irmã”.
3. O texto passa em seguida a apresentar os nascimentos dos filhos de Zilpah, concubina de Lia. O mesmo padrão se repete. A mãe do menino dá à luz e Lia faz festa: “entrou GAD (sorte), por isso o chamou GAD” (Não escrevi errado, o texto diz “entrou” e não “estou”). Bem, Zilpah tem então um segundo filho e Lia mais uma vez nomeia a criança: “ele se chamará ASHER, pois ISHRuniy (feliz)...”.
4. Asher e Ishruniy podem parecer palavras bem diferentes, mas o hebraico não possui vogais. Ambas as palavras são grafadas com as consoantes alef (א) + shin (שׂ) + resh (ר). Assim, ao que parece a ideia era associar o nome da criança a uma palavra grafada com consoantes de mesma raiz e não necessariamente à uma palavra com mesma sonoridade fonética.
5. Em tempo: "entrou sorte" pode ter conotação sexual, porque o verbo "entrar" (בוא) aparece muitas vezes relacionado à entrada dos noivos na tenda para fazerem aquilo que os noivos fazem na noite de núpcias. Será que a ideia é dizer que a "entrada" foi afortunada? Não tenho certeza, mas é questão para se investigar.
Jones F. Mendonça