Mostrando postagens com marcador Ciência e religião. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ciência e religião. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 20 de maio de 2011

HAWKING E DEUS, UM CASO ANTIGO

Imagem: G1
Stephen Hawking, um dos maiores físicos teóricos do momento, tem feito pesadas criticas a crença na vida após a morte e na existência de Deus. Recentemente me saiu com essa:
Não há céu nem vida após a morte [...] isso tudo é um conto de fadas para as pessoas com medo do escuro[1].
Tenho um livro do Hawking publicado em 1992: “Buracos negros, universos bebês e outros ensaios”. Comprei-o num sebo há uns dez anos. Na época tive o cuidado de marcar todas as páginas onde ele falava sobre Deus. Está lá na página 16:
Um dos assuntos que discutíamos [referindo-se a seus amigos da juventude] era a origem do universo e a necessidade ou não de Deus para criá-lo e pô-lo em funcionamento. [...] Um universo essencialmente imutável e perpétuo pareceria tão mais natural![2]. 
Mas quando ele descobriu que o universo estava em expansão sua teoria do universo eterno caiu por terra. Havia uma origem, uma singularidade, um momento inicial:
só me dei conta de que estava errado depois de cerca de dois anos de pesquisas para meu doutorado[3].
Deus ainda era uma possibilidade. Na página 135, numa entrevista concedida a Sue Lawley, da BBC de Londres, Hawking, muito consciente, afirma:
continuamos diante da questão: por que o universo se deu ao trabalho de existir? Se você preferir, pode definir Deus como sendo a resposta para essa questão[4].
É claro que Hawking nunca acreditou em Deus, vida eterna, etc. Mas ele foi honesto ao não fechar a porta para o além (seja lá o que for esse além). Os filósofos medievais criaram argumentos para tentar provar que Deus existe. Pura enrolação. Agora me aparece um cientista sinalizando querer percorrer o mesmo caminho (mas ao inverso). Perdeu a oportunidade de ficar calado.


Jones F. Mendonça

Notas:
[2] HAWKING, Stephen. Buracos negros, universos-bebês e outros ensaios. Rio de Janeiro: Rocco, 1995, p. 16
[3] Id. ibid.
[4] Id. ibid. p. 135.

domingo, 5 de setembro de 2010

STEPHEN HAWKING E DEUS

Por Jones Mendonça

Jornais do mundo inteiro noticiaram que o grande físico teórico Stephen Hawking excluiu Deus das teorias sobre a origem do universo. Essa declaração estaria presente num livro que será lançado na próxima semana que tem como título: “The Grand Design” (O grande design).

De acordo com alguns jornais (como o The Times) tal declaração representa uma postura diferente de Hawking em relação à existência ou não de Deus. Discordo.

Tenho dois livros do Hawking: “O universo numa casca de noz” e “Buracos negros, universos bebês e outros ensaios”. Neles uma coisa fica muito clara: Hawking sempre descartou Deus como origem provável para o universo. Para ele as leis da física são suficientes para explicar a origem do cosmos. Mas como ele é muito educado e cortês, sempre evita entrar em confronto direto com os religiosos. Veja abaixo trechos de "Buracos negros, universos bebês e outros ensaios", publicado em 1994:
“Um dos assuntos que mais discutíamos [referindo-se aos amigos da adolescência] era a origem do universo e a necessidade ou não de Deus para criá-lo e pô-lo em funcionamento. [...] Um universo essencialmente imutável e perpétuo parecia tão mais natural! Só me dei conta de que estava errado depois de cerca de dois anos de pesquisas para o meu doutorado.[1]”
Hawking abandonou a idéia de um universo imutável e eterno após a descoberta de que ele está em expansão, como um balão que infla. A conclusão óbvia surgida a partir dessa observação é que o universo teve um início.

Sobre as leis que regem o nosso universo, Hawking diz o seguinte:
Na verdade, sempre é possível alegar que as leis da ciência são a expressão da vontade de Deus”[2].
Com esta frase Hawking não está dizendo nada sobre sua crença ou não em Deus. Ele está apenas dizendo que Deus será sempre uma possibilidade  para a origem do universo, mas que ele pessoalmente descarta, como pode ser visto nesta declaração:
“Ainda acredito que o universo teve um início no tempo real, num big-bang [mas] não precisamos dizer que o modo como o universo começou foi um capricho pessoal de Deus.[3]”
Isso foi escrito há quase 20 anos! Hawking é um positivista, ele acredita que a razão humana triunfará um dia e será capaz de descrever todas as leis do universo por meio de equações matemáticas.

A obsessão por uma explicação natural para a origem do universo parece que jamais foi abandonada por Hawking. As declarações presentes em “The Grand Design” apenas expressam as convicções que ele cultiva desde a sua infância. 

Notas:
[1] HAWKING, Stephen. Buracos negros, universos bebês e outros ensaios. Rio de Janeiro: Rocco, 1995, p. 16.
[2] Id. Ibid., p. 109.
[3] Id. Ibid., p. 135.

domingo, 30 de maio de 2010

DEUS, O BIG BANG E A FÍSICA QUÂNTICA

Há duas matérias publicadas no IHU que certamente vão despertar o interesse de quem gosta de cosmologia. Para lê-las, clique aqui e aqui.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

VATICANO QUER EVANGELIZAR UFOS

O interesse do Vaticano pela ufologia e a vida extraterrestre começou a chamar a atenção a partir do dia 18 janeiro de 1997, quando a revista oficial da Conferência dos Bispos da Itália publicou uma entrevista com o padre Piero Coda, um dos mais importantes teólogos do Vaticano. Na entrevista, padre Coda afirmou que “criados por Deus e tendo suas falhas, eles (os extraterrestres) precisam de redenção através das palavras salvadoras de Jesus Cristo”. Respondendo as perguntas do repórter da revista, padre Coda afirmou que se existirem seres inteligentes e livres em outros lugares do Universo, a solidariedade religiosa exigirá que a eles também seja oferecido o caminho da salvação.

E que: “Pode até haver algum enriquecimento, exatamente como aconteceu no passado, quando a cultura européia entrou em contato com mundos que tinham sido absolutamente desconhecidos até então”. Meses antes da entrevista do padre Coda, outros teólogos do Vaticano tinham declarado ao respeitado jornal “Corriere Della Serra” que os extraterrestres também devem ser considerados “filhos de Deus”. Em outubro do ano passado, ao divulgar a mais recente edição do Dicionário do Vaticano, a Santa Sé admitiu ter incluído a expressão “objeto voador não identificado” que, no dicionário, é chamada, em latim, de “res inexplicata volans” - “coisa voadora inexplicada”.

Ainda em outubro do ano passado, em sua edição do dia 14, o influente jornal inglês “The Sunday Times” informou que o Vaticano começará a construir um dos maiores observatórios astronômicos do planeta, no deserto do Arizona, Estados Unidos. Vai ser um dos mais bem equipados observatórios conhecidos e contribuirá na busca de outros planetas com condições de sustentar a vida. Terá dois possantes telescópios, capazes de identificar gases e poeira cósmica em torno de estrelas e sistemas planetários com condições propícias para o aparecimento e evolução da vida, ao menos, dentro dos parâmetros conhecidos.

DIGITAIS - “Procurem as digitais de Deus”, disse o Papa João Paulo II, aos 20 padres-astrônomos que estarão trabalhando no projeto e a toda a equipe que o está desenvolvendo. Aparentemente complementando as declarações do Papa, o diretor do observatório, frei George Coyne, comentou no dia seguinte que “acreditamos que a Igreja tem de se juntar a esse esforço científico, a graça trazida pela encarnação de Cristo estende-se a todos os campos da atividade humana”. “Mas o projeto do novo observatório traz consigo alguns riscos teológicos” e um dos maiores deles seria a descoberta de formas de vida extraterrestres, principalmente se dotadas de inteligência.

A Igreja enfrentaria a delicada questão de definir se a crucificação de Jesus, a que a crença católica atribui um sentido de redenção dos pecados de toda a humanidade, redimiu também seres de outros planetas. Uma maneira de contornar o problema seria converter os extraterrestres - uma idéia que já é considerada pelos astrônomos do papa, como foi feito com outras civilizações ao longo de toda a história humana.

Fonte: AE/Notícias Cristãs

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

VATICANO DISCUTE VIDA ALIENÍGENA

SÃO PAULO – Desde sexta-feira, a cidade do Vaticano é sede da Semana de Estudos de Astrobiologia, um evento organizado pela Pontifícia Academia das Ciências.


No catálogo de apresentação do evento há um questionamento: se planetas são tão comuns em estrelas na Via Láctea, não poderia a vida ser também?

A programação foi organizada em oito módulos: A Origem da Vida (como as moléculas se organizaram para que a vida começasse); Habitabilidade Através do Tempo (como a Terra manteve a vida ao longo de sua história geológica); Ambiente e Genomas (como a vida e o ambiente interagiram no tempo geológico); Detectando Vida em Outros Lugares (perspectivas e técnicas para encontrar vida em ambientes fora do Sistema Solar). Estratégias de Busca para Planetas Exosolares (explica as técnicas usadas para encontrar planetas ao redor de outras estrelas e determinar suas propriedades); Formação de Planetas Exosolares (como os planetas se formam como parte do processo de formação das estrelas); Propriedades dos Planetas Exosolares (modelos de computador, dados astronômicos e alguma especulação sobre as propriedades desses planetas); e Inteligência em Outros Locais e Vida Sombria (existência de formas de vida inteligente e também baseadas em uma bioquímica diferente da terrestre).A existência de vida fora da Terra é um assunto delicado para a Igreja Católica, uma vez que levanta muitas dúvidas a respeito de como as explicações bíblicas se encaixariam para outros mundos.

No passado, a Igreja já condenou à morte aqueles que afirmaram a existência de vida fora da Terra. Caso do italiano Giordano Bruno, acusado de heresia e queimado na fogueira em 1600.

Agora, assim como deixou de negar a teoria da evolução de Charles Darwin (o Papa João Paulo II afirmou que a evolução é “mais do que uma hipótese” e este ano a Igreja realizou uma conferência em homenagem aos 150 anos do lançamento de “A Origem das Espécies”) e as idéias de Galileu, o Vaticano já admite a existência de formas de vida fora do nosso planeta. Da mesma maneira que fez com as outras teorias científicas, a Igreja afirma que as explicações não contradizem a Bíblia.

No ano passado, por exemplo, o jornal oficial do Vaticano trazia um artigo com o título “Aliens São Irmãos”, que dizia que buscar formas de vida extraterrestres não contradiz a crença em Deus.

A conferência teve início na sexta-feira e acaba hoje.

Fonte: Info/Notícias Cristãs

sábado, 29 de agosto de 2009

A TEORIA DA EVOLUÇÃO E O GÊNESIS

Por Jones Mendonça

1. Introdução
Toda criança quando atinge certa idade pergunta aos pais o porquê dos chineses do outro lado do mundo não caírem por estarem “de cabeça para baixo”. Os pais mais pacientes e preocupados com a educação dos filhos não hesitam em explicar que quanto maior a massa de um corpo, maior seu poder de atração gravitacIonal. Seres humanos têm uma massa infinitamente menor que a terra, por isso são atraídos por ela. Os nove planetas do nosso sistema solar, por exemplo, são atraídos pelo sol. A gravidade que o sol exerce sobre eles é o que mantém nosso sistema estável. A gravidade explica o porquê dos chineses não “caírem” já que estão do outro lado da terra. A idéia de um “lado de cima” e de um “lado de baixo” acaba sendo mera força de expressão.

Crianças muito curiosas geralmente não ficam satisfeitas com essa resposta e começam a nos bombardear com novas perguntas: Por que a gravidade existe? De onde vieram os planetas? É Deus o criador de tudo? Quem criou Deus? Crianças, pequenos metafísicos...

A ciência investiga o universo com as lentes da razão, e não podia deixar de ser diferente. Os avanços das pesquisas científicas são notáveis, muitas vezes nos causando assombro, como, por exemplo, quando a humanidade viu pela TV a chegada do homem à lua. Mas o campo de investigação da ciência tem limites, já que ela trabalha com elementos palpáveis, mensuráveis e que podem ser analisados empiricamente. A antiga pergunta: “O que ou quem deu origem ao universo?” permanece aberta ao debate. Quando Sue Lawley, numa entrevista à BBC de Londres, perguntou ao físico teórico Stephen Hawking se havia descartado Deus como sendo um dos responsáveis possíveis pela criação do universo, respondeu:

Tudo o que meu trabalho mostra é que não precisamos dizer que o modo como o universo começou foi um capricho de pessoal de Deus. Mas continuamos diante da questão: por que o universo se deu ao trabalho de existir? Se você preferir, pode definir Deus como sendo a resposta para essa questão[1].

Gosto da honestidade de Hawking. Ele parece conhecer muito bem os limites da ciência.

2. O eterno embate entre ciência e religião
A relação entre religião e ciência sempre caminhou de maneira conflituosa. Ora se abraçavam (como na escolástica), ora se agrediam (como no iluminismo). Hoje a coisa não está muito diferente. Brigas entre criacionistas e evolucionistas, por exemplo, são muitas vezes destacadas na mídia. Criacionistas mais radicais afirmam categoricamente que a terra não tem mais que seis mil anos, que houve um dilúvio universal, que Eva foi literalmente feita da costela de Adão, etc. Evolucionistas mais radicas, como Richard Dawkins, buscam provar que “Deus é um delírio[2] dos religiosos. A evolução, para ele, pressupõe a negação de Deus. Vemos aí que o extremismo possui dois lados.

Mas será que existe antagonismo entre evolução e criação? Sabemos hoje que todos os elementos químicos possuem uma origem comum. No início só havia o hidrogênio, o elemento mais abundante no universo. A partir dele todos aqueles elementos que na adolescência nossos professores insistiam que tínhamos que decorar foram surgindo. Isso aconteceu porque o colapso gravitacional que ocorreu quando o universo era ainda um bebê provocou a fusão do hidrogênio. Esse processo de formação de elementos químicos ocorreu nas estrelas e chama-se nucleossíntese. A nucleossíntese é, portanto, “a evolução no tempo e no espaço da composição química do cosmo”[3]. Poderíamos dizer então que somos todos feitos de poeira cósmica.

3. Filhos das estrelas ou filhos de Deus?
Infelizmente no protestantismo o dualismo se enraizou de tal forma que muitos cristãos só conseguem ver o mundo em duas cores: preto ou branco. Para estes, o cinza simplesmente não existe. Será que não dá pra estabelecer um diálogo entre a teoria da evolução e a concepção cristã de um Deus que cria o universo? Quando falo em diálogo não estou propondo uma explicação da criação a partir da teoria da evolução, mas simplesmente estar aberto ao que a ciência tem a dizer a respeito das novas descobertas científicas. A teoria da evolução afirma, por exemplo, que homens e animais possuem origem comum (e não que o homem veio do macaco). Isso tem sido refutado por muitos cristãos, mas será que a própria Bíblia não afirma isso? Vejamos:

“E disse Deus: Produza a terra seres viventes (nefesh hayah = alma ou ser vivente) segundo as suas espécies: animais domésticos, répteis, e animais selvagens segundo as suas espécies. E assim foi” (Gn 1,24).

“E formou o Senhor Deus o homem do da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente (nefesh hayah = alma ou ser vivente)” (Gn 2,7).

Ainda que João Ferreira de Almeida evite traduzir nefesh hayah por alma vivente ou ser vivente em ambos os textos, as palavras hebraicas são as mesmas. Como se vê, tanto o homem como os animais possuem uma origem comum: a terra e ambos foram animados (do latim ânima, que possui alma ou ânimo) por Deus. Homens, animais e plantas, todos filhos da terra; todos feitos de poeira cósmica; todos filhos do hidrogênio. Mas e o hidrogênio, quem o fez? Voltamos à pergunta inicial.

4. Conclusão
A cosmogonia (narrativa a respeito da origem do cosmos) e a antropogonia (narrativa a respeito da origem do homem) do livro de Gênesis não é um tratado científico, mas um relato que contém ensinamentos teológicos a respeito de Deus e sua relação com o mundo criado. A história é belíssima se lida como poesia, mas torna-se descabida caso se busque nela elementos históricos e/ou científicos. O fato de a considerarmos poesia não quer dizer que não deva ser levada a sério ou que seja mera invenção humana, mas simplesmente que a linguagem nela empregada não é a mesma que utilizamos no mundo moderno.

À ciência cabe responder que transformações ocorreram na terra para que produzisse seres vivos. À metafísica e a religião cabem responder porque o universo existe e que sentido isso possui para nós. Acho importante que cada um saiba respeitar os limites do outro.


Bibliografia:
HAWKING, Stephen. Buracos negros, universos bebês e outros ensaios. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.
MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário enciclopédico de astronomia e Astronáutica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987.

Notas:
[1] HAWKING, Stephen. Buracos negros, universos bebês e outros ensaios, 1995, p. 135.
[2] Dawkins é autor de um livro intitulado “Deus, um delírio”, publicado no Brasil pela Companhia das Letras. No livro o autor procura demonstrar a que a crença em Deus é pura tolice.
[3] MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Dicionário enciclopédico de astronomia e astronáutica, 1987, p. 574.

Crédito da imagem:

MASPERO, G. History of Egypt, Chaldea, Syria, Babylonia, and Assyria – vol III, (part A). Edited by A. H. Sayce. London the Grolier Society Publishers.