
segunda-feira, 6 de junho de 2016
TIAMAT E OS MONSTROS DO CAOS

sexta-feira, 2 de outubro de 2015
JAVÉ E OS DRAGÕES

Sl 74,12-17 Tu porém, ó Elohim, [...] 13 dividiste o mar com teu poder, quebraste as cabeças dos monstros das águas; 14 tu esmagaste as cabeças do Leviatã dando-o como alimento às feras selvagens; 15 Tu abriste fontes e torrentes, tu fizeste secar rios inesgotáveis; 16 o dia te pertence, e a noite é tua, tu firmaste a luz e o sol, 17 tu puseste todos os limites da terra, tu formaste o verão e o inverno.
Is 27,1 Naquele dia, punirá Javé, com a sua espada dura, grande e forte, a Leviatã, serpente escorregadia (Leviatan nahash bariah), a Leviatã, serpente tortuosa (Leviatan nahash ‘aqalaton), e matará o monstro que habita o mar (hataniyn ’asher bayam).
Jó 26,12-13 Com seu poder aquietou o Mar (Yam), com sua destreza aniquilou Rahav. 13 O seu sopro clareou os Céus e sua mão traspassou a Serpente escorregadia (nahash bariah).
Quando você matou Litan, a serpente fugitiva, aniquilou a serpente sinuosa, o potentado de sete cabeças (SMITH, Mark S. The origins of monotheism, p. 33).
sábado, 16 de março de 2013
AS SETE TÁBUAS DA CRIAÇÃO NO PROJETO GUTENBERG
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Da Biblioteca de Ashur-bani-pal em Kouyunjik (Nínive): agora no Museu Britânico |
Ele formou o pó e o derramou ao lado da cana...
Ele formou a humanidade (LW King, p. 129).
quinta-feira, 14 de março de 2013
OS MITOS AINDA PULSAM

Mitos que narram a derrota de forças caóticas por algum deus já se faziam presentes na Mesopotâmia. Tiamat (águas salgadas, representando as forças caóticas) é derrotado por Marduk no Enuma Elish. Num outro texto mesopotâmico extremamente antigo Innana ressurge do mundo subterrâneo após ser socorrida por Enlil e Enki. Desordem e morte, elementos que atormentam o ser humano desde os primórdios. Tais mitos se originaram em sociedades agrárias, assoladas por inundações, secas, pragas, infertilidade do solo, etc.
terça-feira, 21 de agosto de 2012
O MITO E A MORTE
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A Ilha da Morte (1880), Arnold Böcklin |
sexta-feira, 18 de maio de 2012
GOG E MAGOG COMO ANTÍTESE DA CRIAÇÃO EM EZEQUIEL 38-39

Fitzpatrick, Paul E., SM, The Disarmament of God: Ezekiel 38-39 in Its Mythic Context. Catholic Biblical Quarterly Monograph Series, 37. Washington, The Catholic Biblical Association of America, 2004.
sábado, 21 de maio de 2011
O PENSAMENTO MÍTICO NA FORMAÇÃO DA NOSSA REALIDADE (VÍDEO)
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
O MITO DE INNANA

Após atravessar os sete portões que davam acesso ao mundo inferior, Inanna chega diante sua irmã completamente despida de sua majestade, já que fora obrigada a deixar uma peça do seu vestuário em cada portão que atravessava. Ao lado dos sete juízes, os Anunnaki, Ereshkigal pronunciou um julgamento sobre Inanna. Transcrevo abaixo o texto original citado por Campbell:
A pura Ereshkigal sentou-se em seu trono,
Os Anunnaki, os sete juízes, pronunciaram julgamento diante dela,
Eles fixaram seus olhos sobre ela, os olhos da morte;
E quando pronunciaram a palavra, a palavra que tortura o espírito,
A mulher pesarosa foi transformada num cadáver,
E o cadáver foi pendurado em uma estaca [1].
A narrativa continua e relata que após três dias na estaca, Papsukkal, o principal mensageiro dos deuses, intercedeu por Inanna junto a Enlil, o deus-ar; Nanna, o deus-lua e finalmente a Enki, o Senhor da Sabedoria. Enki, atendendo ao pedido de Papsukkal, modela do barro duas criaturas assexuadas, dois anjos, que partiram em socorro a Inanna. Os dois seres assexuados cumprem sua missão e a deusa ressurge do mundo dos mortos, fazendo voltar à vida alguns dos que lá estavam.
terça-feira, 21 de julho de 2009
UM MITO DA CRIAÇÃO DOS ÍNDIOS NORTE-AMERICANOS
Por Jones Mendonça
Conta uma lenda que o “Velho Homem”, divindade criadora na religião dos índios norte-americanos, decidiu que faria uma mulher e uma criança. Após fazê-los do barro, os dois foram se modificando com o passar dos dias, até que no quarto dia se levantaram e andaram até o rio. Lá o Velho Homem se apresentou aos dois.
Após saber que iria viver para sempre, a mulher, indignada, se dirige ao Criador. Deixarei que o leitor aprecie o mito na forma como foi transcrito por Joseph Campbell:
Enquanto estavam lá à beira do rio, a mulher perguntou ao Velho Homem “Como é isso? Vamos viver sempre, não haverá fim?”. E ele respondeu: “Jamais pensei nisso. Temos que decidir. Pegarei este pedaço seco de estrume de búfalo e o jogarei no rio. Se ele flutuar, as pessoas morrerão, mas em quatro dias voltarão a viver novamente; elas morrerão apenas por quatro dias. Mas se ele afundar, haverá um fim para as pessoas”. Ele lançou o pedaço de estrume no rio e o estrume ficou boiando. A mulher pegou uma pedra e disse: “Não, não deve ser assim. Vou atirar esta pedra na água e se ela boiar, viveremos para sempre, mas se afundar, as pessoas terão que morrer para que elas possam ter pena umas das outras e umas lamentarem as outras”. A mulher atirou a pedra na água e a pedra afundou. “Muito bem!”, disse o Velho Homem: “Você escolheu! E assim será!” [1].
Na continuação da história o Velho Homem ensina os primeiros humanos a escolher as raízes boas para comer, como cozinhar a carne dos animais e até mesmo o segredo para manter o vigor físico, reservando um tempo para dormir.
O mais curioso nessa história é que o Criador (o Velho Homem) é ao mesmo tempo o Trapaceiro. Após deixar a terra, se dirigiu para debaixo da terra, tomando conta do mais inferior dos quatro mundos. O Trapaceiro é um insensato, uma figura ambígua, devasso, cruel, princípio da desordem, mas também o portador da cultura. No relato bíblico da criação, ao contrário, Satã é uma personagem distinta de Yahweh.
Apesar das diferenças nítidas, como a confusão entre Deus/Diabo, há paralelos interessantes nessa história. Como no relato bíblico da criação é a mulher que toma a iniciativa de escolher entre viver eternamente e morrer, já que é ela a primeira a comer o fruto proibido. Também como no relato bíblico homem e mulher são criados a partir do barro.
Há entre os índios Kadiwéu, no Pantanal mato-grossense, um mito que carrega semelhanças com a história dos índios americanos e também com o relato hebraico-cristão da criação. No mito Kadiwéu, o Criador, chamado de Go-noêno-hôdi, tinha a intenção de criar um “mundo bom, uma vida fácil para os homens e assim fez” [2]. Mas Caracará não se agradou dessa ordem e o convenceu de que isso não estava certo, pois desse modo não poderia julgar qual a mulher trabalhadeira e a mulher preguiçosa, nem o bom caçador do mau caçador. Convencido pelo Caracará, Go-noêno-hôdi transformou aquela ordem idílica na atual. Caracará também convenceu Go-noêno-hôdi de que o homem não poderia viver para sempre, afinal não haveria no futuro espaço para tanta gente.
Fico fascinado com essas semelhanças. Como tenho uma coleção de mitos da criação de diversas partes do mundo que carregam semelhanças incríveis entre si, pretendo publicá-los aqui o blog aos poucos. Explicação para isso... Ah, existem muitas. Deixe a sua sugestão.
Notas:
[1] CAMPBELL, Joseph. As máscaras de Deus, 1992, p. 224.
[2] RIBEIRO, Darcy. Os kadiweu, ensaios etnológicos sobre o saber, o azar e a beleza, 1980, p. 56.