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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

EGO FRÁGIL, DESERTO DE AZAZEL

O sujeito de ego frágil quer um retorno positivo. O que ele faz? Projeta involuntariamente suas tendências inconscientes indesejáveis sobre objetos ou pessoas do mundo exterior. Mas esse sujeito de ego frágil não se dá conta do seguinte: o vulto soturno que ele persegue com tanta obstinação e ódio é sua própria sombra. É projeção de si mesmo. O inspetor Javert, em “Os Miseráveis” de Victor Hugo, é um exemplo emblemático de alguém que caiu nessa armadilha sinistra.

Por instinto e com uma maestria macabra, Hitler soube projetar a sombra dos alemães nos judeus, povo cuja história sempre fora marcada por perseguições, não só na Alemanha do Lutero que escreveu “Sobre os judeus e suas mentiras”, mas em toda a Europa. Na linguagem popular chamamos isso de “bode expiatório”, uma referência ao bode citado no livro bíblico de Levítico que levava os pecados do povo.

O mês de agosto promete manobras políticas capazes de marcar para sempre a história de nosso país. Mas o que os egos frágeis, as sombras, os bodes e Azazel têm a ver com o atual momento político? Tudo.



Jones F. Mendonça

segunda-feira, 2 de abril de 2012

FREUD E JUNG NA LENTE DE CRONEMBERG

"Este filme é a sua cara!". Frase dita pela Renata (colega no curso de teologia) e reafirmada pela Queti (leitora do Numinosum). Sendo assim não posso perder "Um método perigoso", do diretor canadense David Cronenberg ("A Mosca", 1986). O filme é baseado em correspondências entre Jung, Freud e Sabina Spielrein (Paciente de Jung que acabou se tornando sua amante). Abaixo o trailer do filme:


Jones F. Mendonça

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O HOMEM E SEUS SÍMBOLOS - CARL JUNG

Carl Jung é, sem dúvida, um dos pensadores mais mal compreendidos no âmbito da psicologia. No fim de sua vida, após muita insistência do editor britânico John Freeman, Jung resolveu aceitar a tarefa de escrever um livro para leigos. O resultado foi "O homem e seus símbolos", uma obra ricamente ilustrada que cumpre o que promete: apresentar ao leitor o pensamento de Jung sem complicação (até onde isso é possível, claro). Na verdade apenas o primeiro capítulo foi escrito pelo psicólogo e filósofo suíço (cerca de 1/3), os demais foram produzidos por colaboradores de sua confiança. Em 2005 minha esposa me presenteou com o livro. Jamais parei de ler. Abaixo o sumário da obra:

1. Chegando ao inconsciente (Carl Jung),
2. Os mitos antigos e o homem moderno (Joseph L. Henderson),
3. O processo de individualização (M.-L. von Franz),
4. O simbolismo nas artes plásticas (Aniela Jaffé),
5. Simbolismos numa análise individual (Jolande Jacobi),

Caso você queira dar uma expiada na obra antes de comprar, uma dica: é fácil baixar "O homem e seus símbolos" em sites como 4shared, esnips, etc. 


Jones F. Mendonça

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

NOS SUBTERRÂNEOS DO INCONSCIENTE


Uma tartaruginha marinha sai do seu ovo numa praia qualquer da América do Sul. Surpreendentemente ela não hesita e parte imediatamente para o lugar mais improvável: as agitadas ondas do mar. Ninguém ensinou aquela coisinha miúda a andar, nadar, tampouco que o mar é um bom lugar para se viver. Mas é para lá que ela vai com todas as suas forças.

Uma ninhada de pintainhos acaba de nascer numa fazenda no sul da França. Mal saem dos ovos os desajeitados pintainhos partem para uma área descoberta e se deparam com um falcão. A reação é imediata. Os pintainhos fogem apavorados. O comportamento se repete até mesmo quando avistam um falcão de madeira. Curiosamente eles não temem aves como pombos ou pelicanos. Tal comportamento não foi ensinado pelos pais ou por outros membros da espécie, mas recebidos por herança. A origem desse fenômeno está no sistema nervoso central e é acionado pelos  “mecanismos liberadores inatos”.

Outro fenômeno curioso observado em animais é a estampagem (imprinting). O etólogo Konrad Lorenz notou que nas primeiras horas de vida um patinho tem grande probabilidade de se apegar à primeira coisa que vê. Ele adorava entrar na sala de aula acompanhado de patinhos “apaixonados”. Diferentemente do comportamento das tartarugas e dos pintainhos, a ligação entre os patinhos e o “objeto amado” é adquirido em vida. Estudos sobre a ocorrência da estampagem em seres humanos não são conclusivos.

Há paralelos entre as observações feitas pelos etólogos e a psicanálise. Carl Jung, por exemplo, percebeu que a psiquê humana possui um substrato psíquico comum de caráter inato (que ele chamou de inconsciente coletivo). Tal substrato psíquico pode se manifestar em sonhos ou mitos, apresentados na figura dos arquétipos. O inconsciente coletivo se distingue do inconsciente pessoal. Este último não possui caráter universal ou hereditário, mas contém lembranças perdidas ou reprimidas (não apenas de cunho sexual, como sustentava Freud).

As implicações das teorias de Jung são óbvias: no subterrâneo da nossa psique agem forças que escapam ao nosso controle. O homem não está preso somente ao passado de sua infância, mas também ao passado de sua espécie. Coube a Jung colocar a psiquê dentro do processo evolutivo.  

Jones F. Mendonça