A Ilha da Morte (1880), Arnold Böcklin |
Brasil
Num
mito difundido entre os índios Kadiwéu, no Pantanal mato-grossense, o
Criador, chamado de Go-noêno-hôdi, tinha a intenção de criar um “mundo bom, uma
vida fácil para os homens e assim fez”. Mas Caracará não se agradou dessa ordem
e o convenceu de que isso não estava certo, pois desse modo não poderia julgar
qual a mulher trabalhadeira e a mulher preguiçosa, nem o bom caçador do mau
caçador. Convencido pelo Caracará, Go-noêno-hôdi transformou aquela ordem
idílica na atual. Caracará também convenceu Go-noêno-hôdi de que o homem não
poderia viver para sempre, afinal não haveria no futuro espaço para tanta gente
(RIBEIRO, Darcy. Os kadiweu: ensaios etnológicos sobre o saber, o azar e a
beleza, 1980, p. 56.).
América do Norte
Entre
os índios americanos o “Velho Homem” fez do barro uma mulher e uma criança. Após
saber que viveria para sempre a mulher protestou indignada ao Criador: “Como é
isso? Vamos viver sempre, não haverá fim?”. E ele respondeu: “Jamais pensei
nisso. Temos que decidir. Pegarei este pedaço seco de estrume de búfalo e o
jogarei no rio. Se ele flutuar, as pessoas morrerão, mas em quatro dias
voltarão a viver novamente; elas morrerão apenas por quatro dias. Mas se ele
afundar, haverá um fim para as pessoas”. Ele lançou o pedaço de estrume no rio
e o estrume ficou boiando. A mulher pegou uma pedra e disse: “Não, não deve ser
assim. Vou atirar esta pedra na água e se ela boiar, viveremos para sempre, mas
se afundar, as pessoas terão que morrer para que elas possam ter pena umas das
outras e umas lamentarem as outras”. A mulher atirou a pedra na água e a pedra
afundou. “Muito bem!”, disse o Velho Homem: “Você escolheu! E assim será!" (CAMPBELL,
Joseph. As máscaras de Deus, 1992, p. 224).
África:
Entre os lamba: “Os Lamba, da Zâmbia, afirma que o primeiro homem
enviou um pedido ao Ser Supremo de algumas sementes, que foram logo entregues
aos seus mensageiros em pequenos pacotes, com a instrução de que um deles não
devia ser aberto. Mas os mensageiros sentiram curiosidade e abriram o dito
pacote, do qual saiu a morte...” (PIAZZA, Waldomiro. Religiões da humanidade.
São Paulo: Loyola, 1991, p. 64).
Entre os kono: “Os kono, da Sierra Leona dizem que o Ser Supremo
enviou peles novas para os homens e que as confiou a um cachorro. Mas quando
este ia de caminho para a terra, abandonou o embrulho para tomar parte de uma
festa. Explicou aos companheiros que tinha de levar peles novas aos homens, e a
serpente, que tudo ouviu, saiu deslizando e roubou as peles, as quais repartiu
entre os seus parentes. Desde então, as serpentes mudam de pele, são imortais,
enquanto os homens tem de morrer...” (PIAZZA, Waldomiro. Religiões da
humanidade. São Paulo: Loyola, 1991, p. 64).
Encontrei o final da
história em outra obra:
“Desde
então, o Homem guardou rancor pela serpente e ensaia, sempre, matá-la, em todas
as ocasiões que a percebe. A serpente, por sua vez, evita o Homem e vive só.
Justamente por ter guardado as peles, por Deus destinadas ao Homem, ela podia
quando quisesse livrar-se de sua própria pele” (M. CAREY, 1970, PP. 18-19 apud
MAZRUI, Ali A. (Edit.). História geral da África, VIII: África desde 1935.
Brasília: UNESCO, 2010, p. 798).
Jones F. Mendonça
Oi, Jones
ResponderExcluirPoderia postar alguns mitos de ressurreição?
Um abraço!
Robson Guerra
Robson,
ResponderExcluirSim, estão nos meus planos. Serão postados em breve.
YracorYtaeyu Kimberly Baloi https://marketplace.visualstudio.com/items?itemName=6ilfivote.Descargar-Sang--The-Desert-Blade-gratuita-2022
ResponderExcluirguivanfucu