Carpideiras numa tumba egípcia (detalhe). |
Alguém critica a política do governo dos EUA: o indivíduo é anti-imperialista. Alguém critica a política de Israel: o sujeito é antisssemita. No primeiro caso a crítica é associada ao modo como os EUA vêem e se relacionam com os outros países, particularmente os mais pobres. No segundo enxergam racismo. Mas não é difícil entender porque isso acontece. Israel é considerado pelos sionistas como um “Estado judeu” (uma teocracia?). Então, na mentalidade de muitos israelenses (e cristãos pró-Israel), se você critica a política de Israel está criticando também uma religião e uma etnia. Entende?
Agora
veja, Romney visitou Jerusalém e comparou a renda per capita de Israel com as
áreas administradas pala OLP (Organização para a libertação da Palestina). Declarou
que o sucesso econômico de Israel deve-se a sua cultura (superior?) e à
intervenção da “providência divina” (Deus... sempre Deus...). Para finalizar
referiu-se a Jerusalém como capital de Israel, status que nem os EUA
reconhecem! O candidato republicano, pelo que sei, não foi rotulado, pelo menos
pela mídia conveniente, de anti-árabe, islamofóbico ou racista.
A
grande ironia, meus caros, é ler o que foi publicado hoje no J Post: “Ahmadinejad anti-Semitic rant a wake up call”
(02/08/12). O líder iraniano, que não é mais santo e nem mais demônio que
qualquer outro líder político, declarou, segundo o jornal israelense, que “o
regime sionista controla a mídia mundial e o sistema financeiro” e que
“qualquer um que ama a liberdade e justiça deve se esforçar para a aniquilação
do regime sionista”. Tal discurso foi
visto como antissemita pelo jornal mesmo sem que o líder iraniano pronunciasse
a palavra “judeu” A coisa funciona assim: Alguém fala “sionismo” e o grupo
pró-Israel-a-qualquer-custo entende “judeus”. Mas alguém apela à minha honestidade.
E eu reconheço: Pode até ser que por trás do discurso cuidadoso de Ahmadinejad
exista um homem racista e obstinado pela destruição do povo judeu. Mas o que
ele apenas insinua, o ocidente faz: Iraque, Afeganistão, Líbia, Gaza...
A
diferença entre as ditaduras do Oriente Médio e a democracia do Ocidente é uma
só. Os primeiros matam em praça pública. O sangue jorra em frente às câmeras.
No Ocidente não, a maldade é feita de maneira hipócrita. Mata-se nas sofisticadas
câmaras de gás, nas cadeiras elétricas, nos porões dos serviços secretos e nas
guerras “cirúrgicas”. Tudo muito higiênico, esterilizado, limpinho!
Homney,
Ahmadinejad, Bush, Sadan Russein, Obama, Bashar al-Assad, Netanyahu, Kadhafi…
todos, farinha do mesmo saco. A grande mídia faz o papel de carpideira. Chora
não pelo defunto, mas por quem paga mais.
Jones F. Mendonça
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