domingo, 26 de agosto de 2012

CADA QUAL TEM O "AIATOLÁ" QUE MERECE

É bem conhecida de todos a intolerância e o radicalismo dos aiatolás, mais altos dignatários na hierarquia xiita. A influência que tais líderes possuem no Irã é imensa. Ganhou ampla repercussão na mídia a restituição de Haydar Moslehi, demitido por Ahmadinejad, ao posto de ministro da inteligência, sob a ordem do atual aiatolá, Ali Khamenei

Em Israel a relação entre religião e política não é muito diferente. Na semana passada o Haaretz e o J Post divulgaram que o primeiro ministro de Israel, Benjamin Natanyahu, consultou o atual líder do partido Shas, Ovadia Yosef, sobre um possível ataque às bases nucleares do Irã. Yosef, para quem não se lembra, fez declarações polêmicas em outubro de 2010, afirmando, dentre outras coisas, que "os gentios nasceram apenas para servir os judeus". 

No Haaretz de hoje (26/ago/12), é possível ler novas declarações polêmicas feitas pelo líder do Shas. Desta vez ele convocou os judeus a  orarem pela aniquilação do Irã. Como se vê, tanto em Israel como no país persa, os líderes religiosos fundamentalistas deixam em evidência a influência que exercem nas decisões políticas tomadas por seus respectivos países. 

Ao lado do partido Shas, outros grupos fundamentalistas judaicos poder ser vistos entre os  colonos (caráter nacionalista), antigos partidos religiosos (como o Agudat Israel e o Degel Hatorá) e o movimento Habad. 


Jones F. Mendonça

2 comentários:

  1. Comparação distorcida. Nenhum "aiatolá" judeu ocupa uma função ditatorial não eleita hierarquicamente mais alta que a do chefe do governo eleito pelo povo.

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  2. Comparar não consiste em estabelecer igualdades, mas semelhanças e diferenças. Há, em minha opinião, mais semelhanças que diferenças entre os dois líderes. Tanto Khamenei como Ovadia Yosef exercem grande influência na liderança e na opinião pública de seus países. Ambos atuam em duas esferas: a política e a religiosa. Ambos são, em graus diferentes, conselheiros políticos dos seus líderes de Estado (Ahmadinejad e Natanyahu). O primeiro vive numa “República Isrlâmica”, o segundo num “Estado judeu” (tal designação não configura uma teocracia?). Ambos pregam publicamente, em nome de Deus, o extermínio dos seus inimigos. São muitas as semelhanças.

    É claro que há diferenças entre no papel desempenhado pelos dois líderes (como há, também, entre um jumento e um cavalo ou entre um ganso e um pato, nitidamente semelhantes), daí as aspas em “aiatolá”. O que acho desonesto é o discurso que coloca os países islâmicos como “maus” e Israel como “bom”, vítima dos “árabes perversos”. O fundamentalismo judaico não é melhor que o islâmico, ou o cristão, ou outro qualquer. O governo do “Estado judeu” é tão perverso quanto o da “República islâmica”.

    Não há bons e maus nessa história, apenas conflitos de interesses. Cada qual luta com o que tem. Um tem um exército poderoso ao seu lado. O outro tenta ter. Só.

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