É possível
classificar os pessimistas em diversas categorias. Há, por exemplo, os
pessimistas religiosos, como Agostinho, Lutero e Calvino. São “pessimistas
metafísicos” porque explicam a dor, a angústia, a injustiça, a maldade humana a
partir da influência negativa da vontade (corrompida pela queda): o pecado
original teria afetado a natureza humana de tal forma que só uma interferência
divina daria jeito. Uma existência plena é projetada para o mundo porvir.
O gnosticismo –
corrente cristã que fez muito sucesso no II século – explicou o mal de outra
forma: o mundo teria sido criado por um Deus mau, o demiurgo. Mas no homem
residiria uma centelha do Deus verdadeiro, que poderia ser despertada pelo
Cristo. O dualismo gnóstico, cujo pessimismo geralmente é classificado como
“pessimismo cosmológico”, praticamente desapareceu.
No âmbito
filosófico temos uma gama de pessimistas. São diferentes dos religiosos porque
não veem o mal como tendo origem num pecado original. Um exemplo: Schopenhauer.
Seu pessimismo é do tipo “passivo” porque não apresenta uma solução definitiva
para o problema do sofrimento e da falta de sentido da vida (a arte seria uma
solução paliativa, um consolo). Algumas vezes é chamado de “pessimismo
romântico”.
Embora
reconheça – como Schopenhauer – o absurdo da vida, Nietzsche era um “pessimista
ativo”. Inspirando-se no modo como os gregos encaravam a tragédia, diria algo
assim: “é preciso afirmar não apenas o gozo e as alegrias, mas também a dor e o
sofrimento” (amor fati). Mais do que isso: ele diria que é preciso desejar a
vida com todas as suas atrocidades, mesmo que se repitam num ciclo perpétuo, o
“eterno retorno”.
Na primeira
metade do século XX surgiram pessimistas existencialistas como Sartre (escreveu
um livro chamado “A náusea”!) e Simone de Beauvoir (autora da famosa e mal
compreendida frase “ninguém nasce mulher, torna-se mulher”). Os
existencialistas diziam, como todo o “pessimista” (“niilista” é um termo
melhor), que a vida não tem sentido. A destruição provocada pela guerra realçou
essa dimensão trágica da vida. O remédio proposto pelos existencialistas:
inventar um sentido e projetar as energias nele.
Jones F.
Mendonça
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