terça-feira, 6 de agosto de 2019

DEBORAH, A ABELHA DE FOGO

Deborah (=abelha), em Jz 4,4, é apresentada como “profetiza, mulher de Lapidot”. Uma dúvida atormenta o tradutor: “Lapidot” é o nome de seu marido? (que nunca mais aparece). É o nome do local de seu nascimento? (que nunca mais aparece?). Ou deve ser traduzido literalmente: “mulher de labaredas”? (lapidot é plural de lapid = labareda/tocha). Se esta for a opção correta, o que cargas d’água seria uma “mulher de labaredas”?

Curioso é que Baraq, aquele líder que confessa só ir à batalha caso Deborah siga ao seu lado (4,8), possui um nome que significa algo como “raio de luz” ou “relâmpago”. Ela a “labareda”. Ele o “relâmpago”. Que coisa, não? Bem, ambos têm um inimigo comum: Sísera, guerreiro com 900 carros. Mas quem brilha mesmo nessa história é Jael, mulher que crava uma estaca na cabeça de Sísera (4,21). O leitor, atento ao que foi dito em 4,9, percebe que se enganou. Deborah não falava dela mesma, mas de outra mulher.

O mais estranho: antes de acabar com Sísera, Jael lhe dá leite e cama com cobertinha e tudo (4,19). Na literatura judaica as mulheres geralmente liquidam seus inimigos usando vinho e sedução, como é o caso de Dalila, Judith, Ester e Salomé. Uma história repleta de enigmas. Vestígios da mão de um redator/revisor sapiencial?



Jones F. Mendonça

Um comentário:

  1. Professor, segue link de um artigo interessante sobre o assassinato de Sisera por Jael.

    Att,


    Valter


    Jael: Somente assassina, ou também estupradora?1 https://seer.ufrgs.br/index.php/webmosaica/article/download/31827/19884/124063

    Pro

    Prife


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