quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

SOBRE CARRUAGENS E QUERUBINS


O primeiro livro de Crônicas, em seu capítulo 28, apresenta Davi dando a Salomão instruções a respeito da confecção dos utensílios do templo. No verso 18 ele fala sobre “o carro dos querubins”. Tais seres, de aparência assustadora, servem de montaria divina no Sl 18,10 e surgem aqui como puxadores do carro divino.

Querubins e serafins, embora tratados como anjos (mensageiros) em manuais de teologia sistemática, na verdade são seres protetores, tal como aparecem em outros textos (Gn 3,24; Ez 28,14) e na iconografia fenícia, assíria, babilônica e persa. Na imagem acima você vê uma representação fenícia do século VIII a.C. mostrando um querubim puxando uma carruagem divina.



Jones F. Mendonça

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

NUMINOSUM NO FACEBOOK

Tudo o que publico aqui também sai na minha página pessoal do Facebook. Aliás, há coisas que publico lá, mas não aqui (por falta de tempo). Assim, caso você não queira perder nenhuma publicação e contar com ferramentas melhores para inserir comentários (no Blog a interação é horrível), siga-me no Facebook ou faça uma solicitação de amizade. Terei prazer em aceitar seu convite (exceto se suas publicações incitarem o ódio político ou religioso, um fenômeno tão na moda atualmente). 


Jones F. Mendonça. 

QUEM FALOU QUE ARTE MODERNA NÃO PRESTA?


Na França do século XIX um grupo de artistas violou as regras da todo-poderosa Academia de Belas-Artes de Paris e passou a retratar o mundo moderno. As pinturas exibiam temas considerados vulgares, como pessoas passeando, fazendo piquenique, comendo ou bebendo. O uso das cores e a técnica empregada nas pinceladas também não seguiam a “santa regra”. Foi um escândalo. A Academia esperava que os artistas pintassem temas religiosos, mitológicos ou inspirados na Antiguidade Clássica. Mas eles rejeitaram o cânon sagrado. E assim nasceu o impressionismo. E assim nasceu a arte moderna. A galera chata da Academia achou tudo muito feio, muito tosco, muito... moderno. Eu acho lindo. Acima uma tela de Monet.



Jones F. Mendonça

QUIASMOS NA BÍBLIA HEBRAICA

Gn 1,2-4a descreve da CRIAÇÃO dos animais e do humano. Para que isso acontecesse as “águas” precisavam ser separadas das “águas” (cf. Gn 1,6-7). Em Gn 7,21-23 o crescimento da iniquidade provoca a “DES-CRIAÇÃO” dos animais e do homem (as “águas superiores” misturam-se, de novo, com as “águas inferiores”). Em Gn 8,16-19, após as águas superiores retornarem ao seu lugar e com a terra novamente seca (8,14), uma NOVA CRIAÇÃO acontece. A boa notícia é relatada por meio de um quiasmo (irregular):

A - Sai da arca, tu e tua mulher, teus filhos, 
B - as mulheres de teus filhos. 
C - Todos os seres vivos,
D – toda a carne, 
E – criaturas que voam, (*)
F – animais, (*)
G –tudo o que se move sobre a terra.

A’ - Noé saiu com seus filhos, sua mulher e 
B’ - as mulheres de seus filhos;
C’ – todos os seres vivos,
D’ – 
F’ - todos os répteis, (*)
E’ – criaturas que voam, (*)
G’ – tudo o que se move sobre a terra.


Jones F. Mendonça

A EVOLUÇÃO DO ALFABETO, POR MATT BAKER


Por 25 dólares você pode comprar este belo pôster, que exibe a evolução do alfabeto, desde o proto-sinaítico - desenvolvido no Sinai a partir de hierógligos egípcios - até o alfabeto latino moderno. O hebraico (22 consoantes) nasceu a partir do fenício, alfabeto que aparece na segunda linha, de cima para baixo. A arte foi criada pelo design Matt Baker.


Jones F. Mendonça

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

DOMINUS LEGIFER, LUCIFER ORIATUR

Fonte da imagem: And the Rough Places Plain
Um dos meus passatempos prediletos é observar e tentar compreender obras de arte cristãs, tanto antigas como modernas. Este mural, pintado na Abadia de São Bento por Gregory de Wit (Louisiana, 1946), chamou minha atenção pela inscrição que aparece na trave superior da porta. Juro que li: “LUCIFER NOSTER” (“Nosso Lúcifer”, ou, mais precisamente “nosso astro de luz”).

Com mais atenção percebi que se trata de um trecho de Isaías 33,22 grafado em latim: “dominus... iudex noster, dominus LEGIFER NOSTER... (nosso legislador)”. Mas não se engane: a palavra latina “lucifer” não é o nome de Satanás, como dizem. Ela inclusive aparece em 2 Pe 1,19 expressando a esperança na manifestação da “luz definitiva” capaz de iluminar para sempre o coração dos cristãos: “et lucifer oriatur in cordibus vestris”, ou seja, “e a luz (lúcifer) brote em vossos corações”.


Jones F. Mendonça

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

CLÁSSICOS UNIVERSAIS EM QUADRINHOS

Pesquisando trabalhos artísticos de qualidade que ilustram antigos mitos mesopotâmicos, encontrei esta preciosidade: “Cânone gráfico: clássicos da literatura universal em quadrinhos” (Boitempo, 2014, 454 p.). Descobri o trabalho por acaso, enquanto buscava imagens que pudessem ser usadas em minhas próximas aulas sobre o Pentateuco.  

O volume 1 expõe em quadrinhos algumas obras literárias que vão desde o segundo milênio a.C. até o final do século XVIII. Na capa do volume 1 você vê Gilgamesh - herói mitológico do mais antigo poema épico do mundo -  lutando contra o touro celeste, criatura enviada pela deusa Ishtar, irritadíssima com o desprezo do herói. Custa R$ 88,50 na Submarino.com.


Jones F. Mendonça

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

OS VINGADORES E O GÊNESIS

Fonte: Asor
Você certamente conhece quatro dos heróis mostrados na capa desta HQ publicada em 1989: Thor, Sr. Fantástico, Capitão América e Mulher Invisível. O quinto herói, com cabeça de touro e hoje esquecido, é ninguém menos que Gilgamesh, personagem inspirado na mitologia mesopotâmica (~2000 a.C.).

De acordo com o conto, Gilgamesh venceu dois monstros (Humbaba e o Touro Celeste) com a ajuda de seu inseparável amigo Enkidu. Abalado após a morte de Enkidu, Gilgamesh saiu em busca da VIDA ETERNA, que seria obtida pela ingestão de uma PLANTA, cuja localização lhe havia sido confiada por Utnapishtim, um sobrevivente do DILÚVIO. Mas uma SERPENTE, vejam só, impediu que o herói alcançasse a imortalidade.


Jones F. Mendonça