segunda-feira, 1 de outubro de 2018

A REVOLTA DO DIÁCONO JUPIRA

Pastor Malapacas subiu ao púlpito. Disse que Haddad, o edomita citado em 1 Rs 11,14, foi inimigo do povo de Deus. Daí profetizou: “Haddad, o de número 13, é próprio satanás”. As ovelhas foram tomadas pelo pavor.

Malapacas abriu a Bíblia em outro texto. Desta vez em Jz 10,3. Destacou que Jair, cujo nome significa “Deus esclarece”, foi um libertador do povo de Deus. E arrematou com entusiasmo: Jair, o Messias, cujo número é 17, vai libertar o Brasil.

Diácono Jupira, atento às más intenções do pregador, gritou do fundo da igreja com voz sarcástica: “Mas o profeta Isaías, no verso 28 do capítulo 44, chama Ciro de ‘meu pastor’”. Diz ainda que ele ‘cumprirá toda a Sua vontade’. Não seria Ciro, o de número 12, o escolhido?”. Todos permaneceram atônitos.

Malapacas respirou fundo, fitou Jupira com fogo nos olhos e respondeu em tom de ameaça: “o inferno foi reservado a todos os que fazem esse tipo de pergunta”. Jupira acabou excomungado da congregação. As ovelhas, tontas que só, acataram as interpretações mancas do pregador Malapacas.

Distante, Jupira lembrou-se das palavras de Jeremias: “os profetas profetizam mentiras... e o meu povo gosta disso” (Jr 5,31).



Jones F. Mendonça