sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

O MANUSCRITO DE ASHKAR-GILSON

Fora os amuletos de Ketef Hinnon (séc. VI ou VII a.C.) e o papiro de Nash (séc. II a.C.), os mais antigos textos da Bíblia hebraica são os manuscritos do Mar Morto (250 a.C. a 68 d.C.), descobertos a partir de 1947 em 11 cavernas na região de Qumran. Cópias de todos os livros da Bíblia Hebraica foram encontrados nessas cavernas, exceto Neemias e Ester.

Versões mais completas da Bíblia hebraica, dotadas de sinais massoréticos (sinais que ajudam na vocalização do texto), foram datados para os séculos X e XI, como o Códice Alepo (mais antiga, porém incompleta = 930 d.C.) e o Códice Leningrado (menos antiga, porém mais completa = 1008 d.C.). A lacuna entre os Manuscritos do Mar Morto e os códices medievais cobre um período de quase mil anos.

Um manuscrito pouco conhecido e pouco citado em obras especializadas é o manuscrito Ashkar-Gilson, adquirido por um negociante de antiguidades de Beirute em 1972. Com base na datação do carbono 14 e na análise peleográfica, o manuscrito foi datado entre os séculos VII e VIII d.C., exatamente na chamada “era silenciosa”, período marcado pela escassez de manuscritos da Bíblia hebraica. 

Embora o fragmento tenha surgido há mais de quatro décadas, foi ignorado pelos estudiosos por muito tempo. Ele exibe o chamado cântico do Mar (Ex 13,19-16,1), redigido com extremo cuidado.  O poema foi copiado em um layout simétrico especial que lembra uma parede de tijolos, com dois espaços em branco nas linhas pares e um espaço em branco nas linhas ímpares. Cada espaço marca o fim de um cólon (uma pequena unidade poética que deve ser cantada em uma só respiração). A importância deste layout reflete-se no fato de que ele é reproduzido em cada rolo de Torah usado nas sinagogas de hoje.

O manuscrito Ashkar-Gilson era a fonte das tradições massoréticas mais tardias e autoritárias? Para conhecer uma resposta para esta e outras questões, leia o artigo completo “Missing Link in Hebrew Bible Formation”, por Paul Sanders, publicado no Journal Hebrew Scriptures.



Jones F. Mendonça

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

QUANDO FOI ESCRITA A BÍBLIA HEBRAICA?

Um estudo chefiado por Israel Finkelstein, da Universidade de Tel Aviv, indica que a alfabetização em Judá na Idade do Ferro (1200-600 a.C.) era mais difundida do que se pensava, sugerindo que os textos bíblicos hebraicos podem ter sido escritos no período pré-exílico (antes de 587 a.C.). 

Leia aqui:

Mas Christopher Rollston, Professor Associado de línguas e literaturas do Semi-Noroeste da Universidade George Washington, diz que é preciso evitar conclusões precipitadas.


Seus argumentos podem ser lidos aqui:


Jones F. Mendonça

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

LUTHER KING E O ÉDEN RESTAURADO


“Eu olhei de cima e vi a terra prometida” (Trecho do último discurso de Martin Luther King, em 03 de abril de 1968). Luther King foi assassinado no dia seguinte.

A tela acima, obra de Horace Pippin (1945), ilustra o Éden Restaurado, tal como descrito em Is 11,4-5. 

Leia mais sobre a tela no Art & Theology


Jones F. Mendonça

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

AS CHAMAS DA HANUKKAH JUDAICA E O ZOROASTRISMO PERSA

Publicado no Guemara.com, o artigo “The Development of theChanukah Oil Miracle in Context of Zoroastrian Fire Veneration” examina a influência do zoroastrismo persa na tradição judaica do Hanukkah (Dr Chai Secunda, via TheGuemara.com). Seguem dois trechos: 
“é possível que a veneração zoroástrica do fogo tenha criado um clima geral de respeito pela santidade das chamas. Talvez isso tenha encorajado algumas das tendências do Bavli [Talmud Babilônico] em relação à santidade das luzes da Hanukkah, que se aproximam da veneração das velas ardentes”.
[...]

“uma história milagrosa sobre o fogo no Templo pode ter repercutido particularmente bem entre os judeus da Babilônia, que viviam em um mundo de templos de fogo e veneração ao fogo”.

Jones F. Mendonça

domingo, 15 de janeiro de 2017

JESUS PANTOCRATOR NA ARTE MEDIEVAL


A imagem acima mostra um Jesus pantocrator (Ap 1) num manuscrito do século XIII ou XIV: “cabelos brancos como a neve, olhos como chama de fogo, pés com aspecto de bronze, espada saindo da boca, sete estrelas na mão direita junto a sete candelabros de ouro”. O homem deitado é João. Um anjo aparece à direita (Commentaire sur l'Apocalypse, folha 4v.).

Imagens do manuscrito em alta resolução aqui:



Jones F. Mendonça

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

ARTE CRISTÃ NO IRÃ DOS AIATOLÁS


O inferno (detalhe inferior) num afresco que decora a catedral Vank, na cidade de Isfahan, no coração do Irã. A catedral foi fundada em 1606 por cristãos armênios em busca de uma nova vida no país persa durante a guerra otomana (1603-18). Os iranianos-armênios têm dois assentos no Parlamento iraniano (Majlis).



Jones F. Mendonça

TRINDADE TRICÉFALA


Representação medieval da Trindade (trindade tricéfala). O sinal com a mão não é um "v" de vitória, mas um sinal de bênção. Esta representação da trindade foi proibida por Urbano VIII no século XVII.

Imagem: Trindade Tricéfala, detalhe da letra capittular "C" de um cantoral italiano, séc. XV, The Morgan Library & Museum, Nova Iorque. 



Jones F. Mendonça

MIGUEL E MARGARIDA CONTRA O CAOS


Ao lado da imagem de Miguel lutando contra o Dragão (Ap 12,7), a iconografia medieval desenvolveu esta representação, mostrando Santa Margarida de Antioquia golpeando um demônio com um martelo. Bizarro, não?

A imagem é um detalhe da tela: “Casamento Místico de Santa Catarina”, Barna da Siena, 1340.



Jones F. Mendonça

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

SOB A IRA DE QUEMÓS

A estela moabita [ou estela de Mesha), datada para 830 a.C., registra a conquista de Moabe por Omri, rei de Israel (1Rs 16,23). A estela justifica a derrota de Moabe para Israel (ver 2Rs 3,4-27) com o seguinte argumento: 
No que toca a Omri, Rei de Israel [Setentrional], este humilhou Moabe durante muito tempo, porque Quemós estava irritado com sua terra.
Para saber mais sobre Quemós, principal divindade adorada pelos moabitas (Salomão construiu um altar para Quemós, em 1Rs 11,7), leia este artigo publicado no ASOR Blog.



Jones F. Mendonça

DISPUTAS NO MOVIMENTO DE JESUS

Fiz um pequeno resumo do mais recente artigo publicado no The Bible and Interpretation, por Robert Crotty: 
Dentre as diversas formas do movimento de Jesus, o cristianismo romano foi o que mais se expandiu. Ele eliminou outras formas do movimento de Jesus e dispensou um esforço especial, mais enérgico, para controlar o cristianismo gnóstico.  O interesse de Constantino estava no primeiro e não queria a dissidência cristã dentro do cristianismo romano ou fora dele.
O cristianismo ocidental, o cristianismo oriental, o cristianismo reformista, o cristianismo não-conformista, o cristão pentecostal são todos cristãos romanos. Eles são mais parecidos do que diferentes. Todos eles seguem o modelo cristão romano.



Jones F. Mendonça

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

A ARQUEOLOGIA E O DEBATE SOBRE O REINO DE JUDÁ

Os dois portões de Qeiyafa. 
Alguns estudiosos (rotulados como minimalistas), como Philip Davies, visualizam Judá no período davídico como uma sociedade agrária simples, pouco habitada, sem cidades fortes, nenhuma administração e ainda sem domínio da escrita. Yosef Garfinkel (classificado como maximalista) argumenta que Davi e Salomão governaram um estado judaico bem urbanizado e bem organizado no século X a.C. Quem tem razão?

A descoberta de uma segunda porta na cidade de Khirbet Qeiyafa (a Sha'arayim bíblica?, cf. Js 15,36; 1Sm 17,51; 1Cr 4,31), 20 kilômetros a sudeste de Jerusalém, tem colocado muita pimenta neste debate. Garfinkel e Saar Ganor, arqueólogos que trabalham nas escavações de Qeiyafa, acreditam que há evidências suficientes para demonstrar que o Reino de Judá era maior e mais avançado do que alguns estudiosos acreditariam.


Quer saber mais? Leia um resumo da matéria publicada na BAR de jan/2016:


Jones F. Mendonça


quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

NOVO ARTIGO SOBRE OS FILISTEUS NO ASOR

O site da ASOR publicou novo artigo sobre os filisteus, por Jeffrey P. Emanuel. Segue trecho:
A transição da Idade do Bronze para o início da Idade do Ferro, após 1200 a.C., foi um período de grandes mudanças em torno do Mediterrâneo Oriental. Os palácios micênicos e o império hitita entraram em colapso, cidades importantes como Ugarit, um porto-chave na costa da Síria, foram destruídas, os povos migratórios estavam em movimento e o Egito começou seu declínio do Reino Unido unificado para o Terceiro Período Intermediário, quando foi governado por dinastias da Líbia e Núbia. Os filisteus, como os israelitas da narrativa bíblica, estavam entre os grupos em movimento, chegando a Canaã no final do segundo milênio a.C. e estabelecendo sua “pentápolis”, formada pelas cinco cidades importantes de Asdode, Asquelom, Gaza, Ecrom e Gath (Josué 13, 2-3).

Jones F. Mendonça